quarta-feira, 20 de abril de 2011

GRANDE CHICO CÉSAR!!!

Forró de plástico: Chico, o dinheiro e a lei depõem contra

O articulista Luis Tôrres escreveu artigo após a entrevista com o secretário da Cultura Chico César pontuando as visões do compositor a frente da pasta. Confira o artigo na íntegra:

Chico César amenizou o discurso. Viu que tinha entrado por um caminho perigoso. Desviou. Não mudou de opinião. Manteve a tese de não financiar contratação das chamadas bandas de “forró eletrônico”, aquelas que, além de guitarras, teclados tem bundas à vontade. Mas disse isso de uma forma menos preconceituosa.

Como ele classificou: “É uma discriminação positiva”. Segundo o secretário, são duas as razões pra que a medida seja tomada. Uma de ordem financeira ( a mais sensata). E a outra de ordem legal. Há uma lei, sancionada no governo José Maranhão II, determinando que o Estado priorize os investimentos em artistas regionais.

Ou seja, segundo o secretário de Cultura do Estado, o governo Ricardo Coutinho, diante da necessidade de escolha, vai ficar com o forró autêntico. “E não estamos falando de artistas desconhecidos. Estamos falando de artistas conhecidos, mas que representam com mais clareza nossa identidade cultural”, declarou.

Isso não significa que o São João em toda a Paraíba deixará de contar com a presença das calcinhas pretas e dos aviões do forró da vida. Vai ter sim. Basta que a prefeituras paguem. Chico César, em entrevista ao Conexão Arapuan, garantiu verba para o São João de Campina, ao qual considerou um patrimônio paraibano.

Mas dinheiro pra Zé Ramalho, Elba Ramalho, Biliu de Campina, Antônio Barros e Cecéu...

Voltamos, apesar disso, à estaca zero. O debate continua sendo: o Estado deveria ou não se render às leis do mercado e financiar, além da cultura local, bandas cujo público é mais numeroso que a quantidade de instrumentos que cada conjunto exibe?

Como já disse, na minha opinião, somente se faltar dinheiro.

Mas isso ninguém vai conseguir definir matematicamente. Há quem seja contra. Há quem seja a favor.

Avançamos, no entanto, em apenas um ponto: na forma de dizer. O debate deixou ser sobre o que presta e o que não presta. Mas o que pode e o que não pode.

Eis a nota de Chico César sobre o tema:

“Tem sido destorcida a minha declaração, como secretário de Cultura, de que o Estado não vai contratar nem pagar grupos musicais e artistas cujos estilos nada têm a ver com a herança da tradição musical nordestina, cujo ápice se dá no período junino. Não vai mesmo. Mas nunca nos passou pela cabeça proibir ou sugerir a proibição de quaisquer tendências. Quem quiser tê-los que os pague, apenas isso. O Estado encontra-se falto de recursos e já terá inegáveis dificuldades para pactuar inclusive com aqueles municípios que buscarem o resgate desta tradição.

São muitas as distorções, admitamos. Não faz muito tempo vaiaram Sivuca em festa junina paga com dinheiro público aqui na Paraíba porque ele, já velhinho, tocava sanfona em vez de teclado e não tinha moças seminuas dançando em seu palco. Vaias também recebeu Geraldo Azevedo porque ele cantava Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro em festa junina financiada pelo governo aqui na Paraíba, enquanto o público, esperando a dupla sertaneja, gritava “Zezé cadê você? Eu vim aqui só pra te ver”.

Intolerância é excluir da programação do rádio paraibano (concessão pública) durante o ano inteiro, artistas como Parrá, Baixinho do Pandeiro, Cátia de França, Zabé da Loca, Escurinho, Beto Brito, Dejinha de Monteiro, Livardo Alves, Pinto do Acordeon, Mestre Fuba, Vital Farias, Biliu de Campina, Fuba de Taperoá, Sandra Belê e excluí-los de novo na hora em que se deve celebrar a música regional e a cultura popular”.

Redação Paraiba.com


3 comentários:

Fatita Vieira disse...

Forró de plástico é ótimo!!!

Chico César faz muito bem em não pagar para essas bandas horrorosas tocarem no São João patrocinado pelo Governo do Estado.

Parabéns Grande Chico César!!!

Manuella Epaminondas disse...

Chico César, vc trata com seriedade
e competencia a cultura nordestina,
o abuso aos ouvidos chega ao limite
é muita pornografia musical.

um abraço, excelente espaço a proposito

http://manunatureza.blogspot.com/

Fatita Vieira disse...

Manuella,

Nosso ouvido não é penico! :-))

Obrigada pelo elogio. O seu espaço também é excelente!

Abraços!