domingo, 28 de julho de 2013

PRESENTE DE DOMINGO...


O ADEUS DE DOMINGUINHOS

O adeus de Dominguinhos
Deixa a música enlutada,
O Nordeste entristecido,
Uma sanfona calada.
O forró e o baião
Do seu mestre Gonzagão,
Na sua espontaneidade,
Silenciam nesse instante,
Para que o Nordeste cante
A nota dó da saudade.

Como ave migratória,
Dominguinhos fez seu voo,
Porque foi chamado agora
Para no céu fazer show.
Na terra, seu nome honrado
Vai permanecer ao lado
Desses gênios imortais.
Com os seus talentos plenos,
É um artista de menos
Que deixou arte demais.

Garanhuns em Pernambuco
Lamenta o filho querido.
Nas artes, fica um espaço
Que não será preenchido.
Pois tombou uma coluna
Deixando imensa lacuna
Que não tem compensação.
Dominguinhos hoje dorme
Deixando uma falta enorme,
Como deixou Gonzagão.

Se foi do Rei do Baião
Verdadeiro seguidor,
Quem será de Dominguinhos,
Agora, seu sucessor?
É difícil responder,
Pois não é fácil nascer
Gonzagãos e Osvaldinhos
E Nocas, reis do teclado,
E o monstro consagrado
Como foi o Dominguinhos.

Nordestino de primeira,
Dominguinhos foi artista
Completo em sua carreira,
Seja como instrumentista,
Como letrista e cantor,
Além de compositor,
Fez de tudo em sua arte.
Por isso seu nome é
Um nome que está de pé
No Brasil em toda parte.

Ainda quando menino
Já recebeu a missão
De ser herdeiro do trono
Do mestre Rei do Baião.
E deu conta do recado,
Com talento e com cuidado,
Com competência e com brio.
Mas, ao desaparecer,
É lamentável dizer:
O trono fica vazio.

Fica uma sanfona triste,
Por Dominguinhos chorando.
Cada tecla, cada baixo
Os seus dedos reclamando.
Fica o povo nordestino
Perguntando: “Que destino
Terá o forró agora?”
Fica uma certeza só:
Que o melhor do forró,
Com seu dono foi embora.

Sua voz leve e simpática,
O seu jeito de cantar,
Sua alegria constante
Para se comunicar;
A sua simplicidade,
Mesmo na grande cidade,
Não escondia o retrato
De quem se urbanizou
Mas nunca a ninguém negou
Que nasceu foi lá no mato.

Foi dessas suas origens,
Iguais às de Gonzagão,
Que o mestre Dominguinhos
Buscou tanta inspiração
Para cantar o Nordeste
E, sendo um cabra da peste,
Desde os tempos de calouro,
A sanfona na bagagem,
Construiu a sua imagem
Usando um chapéu de couro.

Ganhou várias honrarias,
Todas bem merecedoras.
Seiscentas composições
Nas melhores gravadoras.
Fez sucesso em cada canto,
Sua sanfona e seu canto
Alegrou já muita gente,
Pois na melhor tradição
Fez forró e fez baião
Puro, alegre e envolvente.

“Isso aqui tá bom demais”,
“À procura de forró”,
“Meu Garanhuns”, “Meu pião”,
“Eu me lembro”, “Maceió”
São canções de Dominguinhos,
São retalhos, pedacinhos
Do sertão onde nasceu
Esse artista momumento.
Seu desaparecimento
Muita coisa emudeceu.

Dominguinhos da sanfona,
Dominginhos gente boa,
Pelo mestre Gonzagão
Não foi escolhido à toa.
E foi você, Dominguinhos,
Quem mais abriu os caminhos,
Depois do Rei do Baião,
Pra que a canção verdadeira
Nordestina brasileira
Tenha continuação.

E vai sim continuar
Porque enquanto existir
Uma sanfona por perto,
Por certo alguém vai pedir
Que toque um xote ou xaxado
Por Dominguinhos gravado
Com voz ou solo somente.
Dominguinhos vai viver
Por onde prevalecer
O bom gosto eternamente.

Enquanto o Papa Francisco
Visita o nosso país,
Dominguinhos dá adeus,
Assim como alguém que diz:
“Obrigado, Santidade,
Mas a Sua Majestade
Gonzaga Rei do Baião
Está me chamando urgente
Pra compormos novamente
Forró com muita emoção”.

E vai ser forró demais,
Pra nunca mais acabar.
A corte celeste vai
Nesse momento parar
Para assistir, abismada,
Muita sanfona tocada
Nesse grandioso show.
Para aumentar os encantos,
Também o Djalma Santos
Lá chega marcando um gol.

José Domingos Morais,
O Dominguinhos de guerra,
Deixou um grande tesouro
Na passagem pela terra.
Com os dedos na safona
Conseguiu trazer à tona,
Do fundo do coração,
Muita nota de alegria
Que até hoje contagia
A cidade e o sertão.

Pedro Paulo Paulino
Canindé, Ceará, 25/7/13
http://vilacamposonline.blogspot.com.br/


sábado, 27 de julho de 2013

PORQUE HOJE É SÁBADO...

DOMINGUINHOS

No começo, José Domingos de Moraes, o Dominguinhos, ainda apelidado Nenê, tocava pandeiro no trio de irmãos Os Três Pingüins, ao lado de Moraes (sanfona) e Valdomiro (malê, uma espécie de zabumba). O grupo mirim exibia-se nas feiras e portas de hotéis de sua cidade, Garanhuns, Pernambuco, quando foi ouvido por Luiz Gonzaga. O rei do baião, no auge, encantou-se com Dominguinhos (então com sete anos, em 1948) e prometeu apadrinhá-lo se ele viesse para o Rio, o que só aconteceria em 1954. Radicado no subúrbio de Nilópolis, o filho de mestre Chicão, tocador e afinador de sanfonas de oito baixos (como Januário, pai de Gonzaga), ganhou uma sanfona do padrinho e formou com Miudinho e Borborema o Trio Nordestino. No refluxo do baião, que saiu de moda em meados dos 60, Dominguinhos foi obrigado a aprender outros gêneros musicais para tocar em gafieiras, churrascarias e boates. Apesar disso, ainda havia mercado para o gênero, acreditava outro sanfoneiro, Pedro Sertanejo (pai de Oswaldinho).

Em 1967, ele levou Dominguinhos para gravar discos instrumentais de forró em seu selo Cantagalo, no qual ele estrearia como solista e trabalharia também como acompanhante. Já no ano seguinte, formava dupla com Anastácia, que se tornaria sua esposa e parceira em clássicos como Eu Só Quero Um Xodó e Tenho Sede, êxitos na voz de Gilberto Gil, além de outros sucessos como De Amor Eu Morrerei, Lamento de Saudade, Saudade Matadeira e Forró em Petrolina.

Como Luiz Gonzaga (que o projetou no show Volta para Curtir, em 1972), Dominguinhos deve a virada em sua carreira ao incentivo e parceria com os baianos já na fase pós-tropicalista. Gal Costa levou-o para o festival MIDEM europeu no ano seguinte, participou do show Índia da cantora e de Refazenda de Gilberto Gil. Dominguinhos atuou também com Caetano Veloso e Maria Bethânia e abriu seu leque de parcerias (mais adiante com Guadalupe, sua segunda mulher), incluindo de Fausto Nilo (Pedras que Cantam) a Chico Buarque (Tantas Palavras, Xote da Navegação). Com o também pernambucano Nando Cordel, ele fez a toada lenta De Volta pro Aconchego, um estouro na voz de Elba Ramalho, e o forró Isso Aqui Tá Bom Demais, gravado em dupla com Chico Buarque. Com Gilberto Gil compôs entre outras Abri a Porta (sucesso do grupo A Cor do Som) e Lamento Sertanejo.

A parceria com o poeta Manduka, Quem Me Levará Sou Eu, ganhou o Festival da TV Tupi, em 1979, defendida por Fagner. Sua versatilidade como compositor - assinou também trilhas e temas musicais de filmes como O Cangaceiro (Aníbal Massaini Neto) e As Aventuras de um Paraíba (Marco Altberg) - equivale aos dotes torrenciais do músico.

A bordo do instrumento que o consagrou, Dominguinhos consegue ser melodioso até o lamento de dor ou incendiar um forró apinhado de dançarinos. Seu fole descende do mestre de todos Luiz Gonzaga, mas ele também é um criador com autonomia. Em sua longa discografia, ele compôs e gravou choros (Homenagem a Nazareth, Nosso Chorinho, Chorinho pra Guadalupe), além dos clássicos atemporais (A Maravilhosa Música Brasileira, 1982) e incontáveis temas para forró. Foi através de sua sanfona, aliás, que essa expressão antiga ganhou um conteúdo amplo e acabou abarcando vários estilos nordestinos (xaxado, baião, coco, quadrilha, entre outros). O célebre Forró do Dominguinhos que ele começou a praticar em shows para platéias universitárias espalhou-se pelo país e virou um gênero musical.

Tárik de Souza

Fonte: http://www.mpbnet.com.br/musicos/dominguinhos/

domingo, 21 de julho de 2013

PRESENTE DE DOMINGO...

AMIZADE VERDADEIRA

Antonio Ademir Fernandes

A amizade verdadeira é aquela que não te explora
Que está sempre ao seu lado
Que te procura em cada aurora
Que te apóia mesmo que você esteja errado
Que te aceita não pelo que tens
Mas simplesmente se doa como amigo
E se preocupa se tu não vens
Que te procura e te dá abrigo
Que nas horas difíceis te dá força
Depositando em ti toda a confiança
E pra fazer você feliz se esforça
Para que sua vida tenha mais esperança.
A verdadeira amizade é eterna e sincera
Contenta-se na mais pura simplicidade
Nasce, cresce, vive e prospera
Amizade verdadeira é transparente
Sabe guardar segredos
É linda, pura, eterna e decente.


sábado, 20 de julho de 2013

PORQUE HOJE É SÁBADO...



IGUALZINHA, IGUALZINHA

Luis Fernando Veríssimo

Margô voltou de Paris com uma bolsa Vuitton. Contou para as amigas o que passara para comprar sua bolsa Vuitton. Entrara numa fila enorme em frente à loja Vuitton do Champs Elysées. No frio! Chegara a brigar com uma japonesa ("Ou chinesa, sei lá") que tentara cortar a sua frente na entrada da loja. Lá dentro, custara a ser atendida. Uma multidão. Mas finalmente conseguira.

- E aqui está ela - disse Margô, mostrando a bolsa Vuitton como um troféu.

Foi quando aconteceu uma coisa que a Margô jamais esperaria. A Belinha mostrou a sua bolsa e disse:

- Igual à minha.

0 0 0

Houve um silêncio constrangido. Depois que se recuperou da surpresa, Margô sorriu e perguntou:

- Você também esteve em Paris, querida?

- Estive

- Que inferno, a fila da Vuitton, né?

- Eu não comprei a bolsa na loja da Vuitton.

- Ah, não? Não foi no Champs Elysées?

- Foi, mas na outra calçada.

- Como?

- Estavam vendendo na rua. Por 19.

O sorriso da Margô desapareceu. Sua bolsa Vuitton custara exatamente 1.900, na loja.

- Ah. Imitação - disse.

- Mas é igualzinha.

- Igualzinha, igualzinha, não - corrigiu Margô. - A minha é legítima. A sua é falsa.

Belinha então propôs que todos examinassem as duas bolsas, para descobrir se havia alguma diferença. Não encontraram nenhuma.

0 0 0

À noite, na cama com seu marido Oscar, Margô ainda estava furiosa.

- Cachorra!

- O que, bem?

- A Belinha. Não precisava ter esfregado a bolsa de 19 na minha cara.

- Mas ela foi honesta. Poderia dizer que comprara a bolsa na loja, igual a você. Poderia ter mentido.

- Você não vê? Ela me chamou de otária. De nova-rica deslumbrada. De, de...

- Calma. Sabe que essa é uma questão filosófica? - disse Oscar. - Uma imitação perfeita só deixa de ter o mesmo valor do original quando é descoberta. Dizem que várias obras atribuídas ao Rembrandt não são dele, são de um falsificador. Mas continuam nos museus, encantando todo o mundo. Por que estragar o prazer de ver ou ter um Rembrandt, por um detalhe?

- Oscar, você não está me ajudando.

0 0 0

Hoje, quando alguém comenta a bolsa da Margô e pergunta se é Vuitton, ela responde.

- Parece, não é? Mas comprei numa calçada do Champs Elysées. Por US$ 19!


Imagem Google


terça-feira, 16 de julho de 2013

Meu Recife maltratado...


Voltei ontem do Recife, onde passei 38 dias, para participar como voluntária da Copa das Confederações e para ir ao casamento do filho de uma amiga querida.

O Recife continua uma loucura! A Avenida Caxangá, por onde transito muito quando vou para lá, por conta da casa da amiga que me hospeda ficar na Cidade Universitária, continua em obras para as estações do transporte público, além de viadutos e túneis, e o trânsito um caos!

Nos outros trechos da cidade, mesmo sem obras, a mobilidade também é muito difícil, por conta da quantidade de carros que a cidade já não suporta mais e, pior que isso, o absurdo de buracos que encontramos em todas as vias, pelo menos as mais usadas.

No centro da cidade, mais especificamente na Av. Conde da Boa Vista, por onde andei a pé, a buraqueira nas calçadas é de espantar e de dar medo de um acidente.

A viagem de volta me custou quase 3 horas e, normalmente, faço isso em metade desse tempo. E não foi por conta das obras de duplicação da BR 101, que já está quase pronta, só havendo dois pequenos segmentos ainda em mão dupla, foi por causa de buracos. Acreditem que levei 55 minutos para percorrer um trecho de 10 quilômetros, depois que entrei na BR 101, até a altura de Paulista e mais uns 30 minutos para percorrer outros 10 quilômetros, até a altura de Igarassu.

Eu fico imaginando o porquê das autoridades “competentes” não tomarem uma atitude mais drástica para melhorar essa situação. E não é por falta de reclamação, pois vi uma reportagem no NETV sobre esse assunto. O que fizeram foi só um recapeamento do viaduto que fica em frente ao Campus da UFPE, certamente para acalmar os ânimos e as reclamações. O resto da estrada, até Igarassu, está a desgraceira que vi e sofri ontem.

Eu lembro que, quando morava no Recife e vinha para João Pessoa passear, ficava torcendo para chegar logo na parte paraibana da BR 101, porque era e é um tapete. Fiquei muito feliz com a duplicação, porque iam acabar os buracos da parte de Pernambuco, mas não estou vendo isso. Continuamos a sofrer com os buracos e o descaso de quem deveria resolver esses problemas.

Infelizmente não passeei nem visitei pessoas amigas como havia planejado, porque peguei uma gripe, que evoluiu para uma faringite muito forte e me derrubou por quase duas semanas. E olhe que tomei a tal vacina contra gripe, mas, para mim, ela não adiantou nada! Até já risquei essa “mardita” do meu calendário de vacinações para o próximo ano.

O que mais gostei nessa viagem, além de rever amigos, familiares e o meu querido Recife, foi conhecer a Arena Pernambuco ou Arena Timbu. Estive lá por sete dias (2 para treinamento e 5 para jogos e organização pré-jogos) e gostei demais do que vi.

A Arena é linda e confortável e ainda havia algumas coisas para terminar, mas no geral estava uma beleza!  Aconteceram alguns problemas no primeiro dia de jogo porque a numeração de algumas cadeiras não existia. Isso se deveu ao fato da FIFA ter vendido os ingressos quando o estádio ainda estava em construção, sem as cadeiras nos seus devidos lugares e sem a devida e correta numeração. Quase apanhei de um espectador, mas no final deu tudo certo e nos outros jogos corrigimos o problema colocando adesivos com a numeração certa nas cadeiras com problemas.

Outra situação estressante que aconteceu foi de pessoas que compraram ingressos muito caros e ficaram em lugares lá no alto, longe do campo. Isso aconteceu porque a FIFA, na venda dos ingressos, não permitiu que se escolhessem lugares, como se faz normalmente em algum evento e, atualmente, até em cinemas, colocando as pessoas aleatoriamente, sem levar em conta o preço do ingresso que, é óbvio, deve contemplar os mais caros com os melhores lugares. Mas foi dito que isso será mudado para a Copa de 2014, afinal a Copa das Confederações é um teste para a Copa do Mundo.

Fora os contratempos da gripe e do trânsito, a viagem foi muito boa e produtiva. Vivi uma experiência inusitada como voluntária da Copa das Confederações, onde fiz novas amizades entre os voluntários, pessoal animado e de bem com a vida,mas não repetirei a dose para a Copa de 2014 (já cancelei minha inscrição), porque detonei meu calcanhar esquerdo, que já estava ruim, por conta de ficar em pé por um longo tempo e andar muito. Por conta do calcanhar doente nem fui à Fenearte, aquela belezura de feira do artesanato.

Quanto ao meu querido Recife, espero que quando as obras terminarem, taparem os buracos da cidade e das estradas que levam a ela, tudo fique melhor e eu sinta muito mais prazer em rever essa metrópole linda e cheia de atrativos, onde morei por 51 anos e onde conquistei o que de melhor tenho na vida.

Até a volta!


Fátima Vieira

domingo, 14 de julho de 2013

PRESENTE DE DOMINGO...

FALSA MAGRA

Pedro Paulo Paulino

Ninguém repara na mulher que passa,
Porque não vai vestida seminua.
Seu corpo esbelto não desperta graça
Aos devaneios públicos da rua.

Sob o manto gentil não se devassa
A beleza que, oculta, ela insinua.
E, vítima de troças e chalaça,
Entre as formas garbosa continua.

Ela, que se apresenta desditosa
Da beleza, é como um botão de rosa
Que ao roseiral aberto ninguém olha;

Botão que o jardineiro não cultiva;
Mas, se abandona o cálice que o priva,
Encanta a todos quando desabrolha.

Imagem Google


sábado, 13 de julho de 2013

PORQUE HOJE É SÁBADO...


CRÔNICA DE UM CASAMENTO

”Imprevistos acontecem neste belo dia...”

Família reunida, parentes de várias cidades,
Abraços, risadas, presentes,
Preparação do almoço, dos lanches, dos cafés,
Que alegria receber tantos parentes,

Era dia de festa importante,
de casamento empolgante,
Gente jovem e velha rindo a toa,
levando os comentários numa boa,

A noiva toda toda, recebe uma ligação,
O pai, um parente distante não vem pra comemoração,
Imprevistos acontecem neste belo dia, mas
está feita a agonia, a família sem sintonia,
procura a solução, o irmão vai conduzi-la ao altar.

Chegado o dia, salão de beleza, comidas leves,
Banho perfumado, uma pergunta intriga:
“_ A Senhora vai fazer o buço?” “_ Fica bonito!”
A noiva duvidosa, porém confiante:
“_ Tudo pra ficar bonita hoje!”

A noiva com o buço queimado da cera quente, releva,
Imprevistos acontecem neste belo dia e,
continuara alegre e bonita, arruma-se, veste-se,
Ao calçar-se, o zíper invisível travou,
Corre-corre, ajuda a noiva, o zíper não sobe.

Liga, liga, ninguém atende, toda família na igreja,
O jovem anda de um lado para o outro,
Os padrinhos entre conversas e risadas, na espera,
O noivo atende a ligação e resolve a situação, manda a costureira.

Costura o vestido no corpo, está de tudo muito bom!
Imprevistos acontecem neste belo dia e,
No caminho havia uma pedra, coisa de Drummond?
A cabeça pirou, era um sinal de Deus, não poderia se casar,
Eram muitos imprevistos, mas e a festa? Bela Festa!

Chega na hora, vontade de mascar chiclete, bala,
aparece uma jujuba, dessas que gruda no dente,
marcha nupcial, abre-se as portas, abre-se o sorriso,
A noiva entra exuberante, o buço queimado bem escondido,
Luzes, câmeras, ação, o espetáculo começara.

Alegria geral, do noivo, do padre, dos convidados,
troca a mão da aliança, esquecem-se do beijo,
O padre não perguntou se havia alguém contra aquele casamento?
Algumas amigas choravam e barulhavam na cerimônia,
afinal, imprevistos acontecem neste belo dia.

O Padre anunciou o fim do casamento,
que doce momento para os envolvidos.

A festa tão desejada fora muito aproveitada,
Enquanto o buço craquelava, uma amiga não se conformava,
ver o batom borrado da noiva, com o dedão repentinamente,
veio solenemente limpar o buço da noiva, que condoída relevou a dor, pois neste dia,
Imprevistos acontecem de toda espécie.



Imagem Google 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

domingo, 7 de julho de 2013

PRESENTE DE DOMINGO...

TORTO

Clóvis Campêlo

Quando a morte a ti trair
e enganar-te a inteligência,
não pense em pedir clemência,
nem peça para sair.

Vista-se com domingueira,
enfeite o leito com flores,
disfarce com mil odores
a hora que é derradeira.

No entanto, se alguém em "ais"
liberta gritos primais
em ânsias de despedida,

mostre-lhe um riso morto
- o certo se escreve torto -
e apenas é o fim da vida!


Imagem Google

sábado, 6 de julho de 2013

PORQUE HOJE É SÁBADO...

Beijo - Rubens Gerchman (1942)
MULHER DOS OUTROS

Antônio Maria

Dia claro. Primeiras horas do dia claro. Havíamos bebido e procurávamos um café aberto, para uma média, com pão-canoa. Quase todos estavam fechados ou não tinham ainda leite ou pão. Fomos parar em Ipanema, num cafezinho, cujo dono era um português e nos conhecia de nome de notícia. Propôs-nos, em vez de café, um vinho maduro, que recebera de sua terra, "uma terrinha (como disse) ao pé de Braga". Não se recusa um vinho maduro, sejam quais forem as circunstâncias. Aceitamo-lo. Nossa grata homenagem a José Manuel Pereira, que nos deu seu vinho.

Nesse café, além de nós, havia um casal, aos beijos. As garrafas vazias (de cerveja) eram quatro sobre a mesa e seis sob. Beijavam-se, bebiam sua cervejinha e voltavam a beijar-se. Não olhavam para nós e pouco estavam ligando para o resto do mundo. Em dado momento, entraram dois rapazes e pediram aguardente no balcão. Ambos disseram palavrões, em voz alta. O casal dos beijos e da cerveja parou com as duas coisas. Outros palavrões e o cabeça do casal protestou:

— Pára com isso, que tem senhora aqui!

Um dos rapazes dos palavrões:

— Não chateia!

— Não chateia o quê? Pára com isso agora!

Um dos rapazes do palavrão:

— E essa mulher é tua mulher?

— Não é, mas é mulher de um amigo meu!

A briga não foi adiante. Todos rimos. O dono da casa, os rapazes dos palavrões, o casal. Está provado que: quem sai aos beijos com mulher de amigo não tem direito a reclamar coisa alguma.

Publicada originalmente no jornal Última Hora – Rio de Janeiro, de 23-08-1960, foi extraída do livro “Benditas sejam as moças: as crônicas de Antônio Maria”, Editora Civilização Brasileira – Rio de Janeiro, 2002, organização de Joaquim Ferreira dos Santos, pág. 115.




segunda-feira, 1 de julho de 2013

MANIFESTAÇÃO INDIVIDUAL



Convocação para uma Manifestação diferente. Não serão necessários cartazes, bandeiras e palavras de ordem.

Aliás, já existem oportunistas vendendo o kit-protesto por R$ 20,00.

Convido a todos para um protesto que poderá ser o maior e mais eficaz de todos os tempos!

Como participar dessa manifestação? Sem muitas palavras, mas com atitudes diferentes.

Para começar, seja honesto em tudo. Não queira levar vantagem no que faz. Pense no próximo, sempre.

Respeite a sociedade como um todo. Conscientize-se de que o mundo não gira em torno de você, sua família e seu grupo.

Defenda com vigor as suas ideias. Mas não tenha ódio das pessoas que pensam de modo diferente de você.

Respeite o próximo. Lembre-se de que ele, independentemente de etnia, local de nascimento, idade, condição social, opção sexual, etc, é uma pessoa, assim como você.

Se você for motorista, não estacione em vaga de idosos e deficientes, a menos que você de fato seja um deles. 

Não avance sobre os pedestres.

Respeite a sinalização de trânsito à risca. Nunca dirija embriagado, etc.

Diga "bom dia", "boa tarde" e "boa noite" para seus vizinhos. Seja gentil.

Agradeça às pessoas que o ajudam, ainda que seja uma ajuda pequena, como segurar a porta do elevador. 

Retribua com outra pequena gentileza. 

Seja um cidadão do bem, verdadeiramente. Não compre produtos piratas. Não colabore com nada que seja ilegal ou desonesto.

Jamais aceite suborno, tampouco seja corrupto.

Lembre-se de que temos o direito de protestar contra os pecados do governo.

Mas o Brasil só vai mudar, de fato, quando cada um de nós, também, mudar as suas atitudes no dia a dia.

FAÇA SUA MANIFESTAÇÃO, PARTICIPE!!!

======================

Recebi por email.