quinta-feira, 30 de agosto de 2012

CONVITE DO GAAPAC



CONVITE

Nós que fazemos o GAAPAC (Grupo de Apoio e Auto-Ajuda para Pacientes com Câncer), a ÓNKOS (Clínica de Oncologia) e o ICT (Instituto Cristina Tavares de Atenção Integral ao Paciente Adulto com Câncer) convidamos para assistirem a nossa palestra, sob o tema " TERAPIAS COMPLEMENTARES E INTEGRATIVAS NO TRATAMENTO DO CÂNCER "que será realizada no dia 05 de setembro de 2012, às 15 horas, no Memorial da Medicina. O palestrante será Dr. Celerino, médico, especialista em fitoterapia e coordenador do Centro de Medicina Popular do Nordeste.

A entrada é franca, mas pedimos doações de fraldas descartáveis geriátricas, tamanho G e/ou Extra G, para o ICT fornecer aos pacientes acamados (neste momento o estoque de fraldas do ICT está acabando).

Antecipadamente agradecemos a todos que comparecerem, bem como, pedimos que DIVULGUEM o nosso trabalho.

Informações:
GAAPAC – 34451931
ICT – 32227936
Ónkos - 21290158

Itaciana Ferreira – voluntaria do ICT e psicóloga da Ónkos  (CRP-02/8566- FONE: 8892-7979)


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UM POUCO DO ICT

O INSTITUTO CRISTINA TAVARES de Atenção ao Paciente Adulto com Câncer é uma instituição criada em novembro de 2005. Surgiu com o objetivo de atender, de forma integral, o paciente adulto com câncer e seus familiares.

A Instituição homenageia a combativa pernambucana CRISTINA TAVARES, jornalista, parlamentar e símbolo da luta pelos direitos da mulher e também contra o câncer.

Diferentemente das crianças portadoras da doença, que - graças a DEUS - têm grande assistência da sociedade, de entidades diversas e do próprio governo, os pacientes adultos e carentes de recursos, com câncer - em sua grande maioria, vindos do Interior - não gozam dessas prerrogativas.
Nosso grande desejo é angariar recursos para aquisição de um terreno e posterior construção de instalações/casa-albergue, para abrigar os pacientes e seus acompanhantes, propiciando-lhes uma estada acolhedora e apropriada, durante os tratamentos de químio e radioterapia.

Diariamente são distribuídos aos pacientes do ambulatório de oncologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz - HUOC, por voluntárias do ICT, cerca de trezentos lanches – cento e cinquenta pela manhã e cento e cinquenta no período da tarde - frutos de doações de parceiros e colaboradores sensíveis à causa. Nosso desejo é atender um maior número de hospitais que tratem esses pacientes.

Realizamos doações de cestas básicas e fraldas descartáveis aos pacientes acamados e às Casas de Apoio que acolhem pacientes de outras cidades, além de mantermos uma Loja/Bazar, na nossa sede localizada à Av. João de Barros, 366 - Boa-Vista, em frente ao Quartel de Bom beiros da PMPE, cujas vendas são revertidas às despesas e ações desenvolvidas pelo ICT.

O ICT presta também serviço de orientação jurídica e assistencial aos pacientes com dificuldades na reivindicação dos seus direitos, junto aos Órgãos pertinentes, e no exercício e/ou resgate da sua cidadania.


terça-feira, 28 de agosto de 2012

28 DE AGOSTO - DIA NACIONAL DO VOLUNTARIADO

É UMA HONRA PARA MIM SER VOLUNTÁRIA NA REDE FEMININA DE COMBATE AO CÂNCER DA PARAÍBA


Imagem Google

CONVITE DA ABRAz - PE


domingo, 26 de agosto de 2012

PRESENTE DE DOMINGO...



MEMÓRIAS DO BOI SERAPIÃO

Carlos Pena Filho

Este campo,
vasto e cinzento,
não tem começo nem fim,
nem de leve desconfia
das coisas que vão em mim,

Deve conhecer, apenas
(porque são pecados nossos)
o pó que cega meus olhos
e a sede que rói meus ossos.

No verão, quando não há
capim na terra
e milho no paiol
solenemente mastigo
areias, pedras e sol.

Às vezes, nas longas tardes
do quieto mês de dezembro
vou a uma serra que eu sei
e as coisas da infância lembro:

instante azul em meus olhos
vazios de luz e fé
contemplando a festa rude
que a infância dos bichos é.

No lugar onde eu nasci
havia um rio ligeiro
e um campo verde e mais verde
de um janeiro a outro janeiro

havia um homem deitado
na rede azul do terraço
e as filhas dentro do rio
diminuindo o mormaço.

Não tinha as coisas daqui:
homens secos e compridos
e estas mulheres que guardam
o sol na cor dos vestidos

nem estas crianças feitas
de farinha e jerimum
e a grande sede que mora
no abismo de cada um.

Havia este céu de sempre
e, além disto, pouco mais
que as ondas nas superfícies
dos verdes canaviais.

Mas, os homens que moravam
na língua do litoral
falavam se desmanchando
das terras gordas e grossas
daquele canavial

e raras vezes guardavam
suas lembranças mofinas
as fumaças que sujavam
os claros céus que cobriam
as chaminés das usinas.

As vezes, entre iguarias,
um comentário isolado:
a crônica triste e curta
de um engenho assassinado.

Mas logo à mesa voltavam
que a fome bem pouco espera
e os seus olhos descansavam
em porcelanas da China
e cristais da Baviera.

Naquelas terras da mata
bem poucos amigos fiz,
ou porque não me quiseram
ou então porque eu não quis.

Lembro apenas um boi triste
num lençol de margaridas
que era o encanto do menino
que alegre o tangia para
as colinas coloridas.

Um dia, naquelas terras
foi encontrado um boi morto
e os outros logo disseram
que o seu dono era o homem torto

que em vez de contar as coisas
daqueles canaviais
vivia de mexericos
“entre estas Índias de leste e as Índias Ocidentais”.

A verde flora da mata
(que é azul por ser da infância)
habita os meus olhos com
serenidade e constância.

Este campo,
vasto e cinzento,
é onde às vezes me escondo
e envolto nestas lembranças
durmo o meu sono redondo,

que o que há de bom por aqui
na terra do não chover
é que não se espera a morte
pois se está sempre a morrer:

em cada poço que seca
em cada árvore morta
em cada sol que penetra
na frincha de cada porta

em cada passo avançado
no leito de cada rio
por todo tempo em que fica
despido, seco, vazio.

Quando o sol doer nas coisas
 da terra e no céu azul
e os homens forem em busca
dos verdes mares do sul,

só eu ficarei aqui
para morrer por completo,
para dar a carne à terra
e ao sol meu branco esqueleto,

nem ao menos tentarei
voltar ao canavial,
pra depois me dividir

entre a fábrica de couro
e o terrível matadouro
municipal.

E pensar que já houve um tempo
em que estes homens compridos
falavam de nós assim:
o meu boi morreu,
que será de mim?

Este campo,
vasto e cinzento,
não tem entrar nem sair
e nem de longe imagina
as coisas que estão por vir,

e enquanto o tempo não vem
nem chega o milho ao paiol
solenemente mastigo
areia, pedras e sol.

Fonte: http://www.luizberto.com/a-hora-da-poesia/tres-poemas-de-carlos-pena-filho

sábado, 25 de agosto de 2012

PORQUE HOJE É SÁBADO...


OS NOIVOS

Nelson Rodrigues

Quando Salviano começou a namorar Edila, o pai o chamou:
— Senta, meu filho, senta. Vamos bater um papo.
Ele obedeceu:
— Pronto, papai. 
O velho levantou-se. Andou de um lado para outro e senta de novo:
— Quero saber, de ti, o seguinte: esse teu namoro é coisa séria? Pra casar?
Vermelho, respondeu:
— Minhas intenções são boas.
O outro esfrega as mãos.
— Ótimo! Edila é uma moça direita, moça de família. E o que eu não quero para minha filha, não desejo para a filha dos outros. Agora, meu filho, vou te dar um conselho.
Salviano espera. Apesar de adulto, de homem-feito, considerava o pai uma espécie de Bíblia. O velho, que estava sentado, ergue-se; põe a mão no ombro do filho:
— O grande golpe de um namorado, sabe qual é? No duro? — E baixa a voz: — É não tocar na pequena, não tomar certas liberdades, percebeu?
Assombro de Salviano: "Mas, como? Liberdades, como?".
E o pai:
— Por exemplo: o beijo! Se você beija sua namorada a torto e a direito, o que é que acontece? Você enjoa, meu filho. Batata: enjoa! E quando chega o casamento, nem a mulher oferece novidades para o homem, nem o homem para a mulher. A lua-de-mel vai-se por água abaixo. Compreende?
Abismado de tanta sabedoria, admitiu:
— Compreendi.

A SOMBRA PATERNA

Na tarde seguinte, quando se encontrou com a menina, tratou de resumir a conversa da véspera. Terminou, com um verdadeiro grito de alma:
— Muito bacana, o meu pai! Tu não achas?
Edila, também numa impressão profunda, conveio: "Acho”.
— Concordas?
Foi positiva: 
— Concordo.
Pouco antes de se despedir, Salviano batia no peito:
— Dizem que ninguém é infalível. Pois eu vou te dizer negócio: meu pai é infalível, percebeu? Infalível, no duro

O BEIJO

Nesse dia, coincidiu que a mãe de Edila também a doutrinasse sobre as possibilidades ameaçadoras de qualquer namoro. E insistiu, com muito empenho, sobre um ponto que considerava importantíssimo:
— Cuidado com o beijo na boca! O perigo é o beijo na boca! 
A garota, espantada,protestou 
— Ora, mamãe!
E a velha: 
— Ora o quê? É isso mesmo! Sem beijo não há nada, está ,.tudo muito bem. OK. E com beijo pode acontecer o diabo. Você é muito menina e talvez não perceba certas coisas. Mas pode ficar certa: tudo que acontece de ruim, entre um homem e uma mulher, começa num beijo!

O IDÍLIO

Foi um namoro tranqüilo, macio, sem impaciências, arrebatamentos. Sob a inspiração paterna, ele planificou o romance, de alto a baixo, sem descurar de nenhum detalhe. Antes de mais nada, houve o seguinte acordo:
— Eu não toco em ti até o dia do casamento. 
Edila pergunta:
— E nem me beija?
Enfiou as duas mãos nos bolsos:
— Nem te beijo. OK? 
Encarou-o, serena:
— OK.
Dir-se-ia que este assentimento o surpreendeu. Insinua:
— Ou será que você vai sentir falta?
— De quê?
E Salviano, lambendo os beiços:
— Digo falta de beijos e, enfim, de carinho.
Sorriu, segura de si:
— Não. Estou cem por cento com teu pai. Acho que teu pai está com a razão.
Salviano não sabe o que dizer. Edila continua, com o seu jeito tranqüilo:
— Sabe que essas coisas não me interessam muito? Eu acho que não sou como as outras. Sou diferente. Vejo minhas amigas dizerem que beijo é isso, aquilo e aquilo outro. Fico boba! E te digo mais: eu tenho, até, uma certa repugnância. Olha como eu estou arrepiada, olha, só de falar nesse assunto!

O VELHO

Desde menino, Salviano se habituara a prestar contas quase diárias ao pai, de suas idéias, sentimentos e atos. O velho, que se chamava Notário, ouvia e dava os conselhos que cada caso comportava. Durante todo o namoro com Edila, seu Notário esteve, sempre, a par das reações do filho e da futura nora. Salviano, ao terminar as confidências, queria saber: "Que tal, papai?". Seu Notário apanhava um cigarro, acendia-o e dava seu parecer, com uma clarividência que intimidava o rapaz:
— Já vi que essa menina tem o temperamento de uma esposa cem por cento. A esposa deve ser, mal comparando, e sob certos aspectos, um paralelepípedo. Essas mulheres que dão muita importância à matéria não devem casar. A esposa, quanto mais fria, mais acomodada, melhor!
Salviano retransmitia, tanto quanto possível, para a namorada, as reflexões paternas. Edila suspirava: "Teu pai é uma simpatia!". De vez em quando, o rapaz queria esquecer as lições que recebia em casa. Com uma salivação intensa, o olhar rutilante, tentava enlaçar a pequena. Edila, porém, era irredutível; imobilizava-o:
— Quieto!
Ele recuava:
— Tens razão!

CATÁSTROFE

Um dia, porém, o dr. Borborema, que era médico de Edila e família, vai procurar Salviano no emprego. Conversam no corredor. O velhinho foi sumário: "Sua noiva acaba de sair do meu consultório. Para encurtar conversa: ela vai ser mãe!". Salviano recua, sem entender:
— Mãe?!...
E o outro, balançando a cabeça: "Por que é que vocês não esperaram, carambolas? Custava esperar?". Salviano travou-lhe o braço, rilhava os dentes: "De quantos meses?". Resposta: "Três". Dr. Borborema já se despedia: "O negócio, agora, já sabe: é apressar o casamento. Casar antes que dê na vista". Petrificado, deixou o médico ir. No corredor do emprego, apertava a cabeça entre as mãos: "Não é possível! Não pode ser!". Meia hora depois, desembarcava e invadia, alucinado, a casa do pai. Arremessou-se nos braços de seu Notário, aos soluços.
— Edila está nessas e nessas condições, meu pai! — E, num soluço mais,fundo, completa: — E não fui eu! Juro que não fui eu!

MISERICÓRDIA

Foi uma conversa que se alongou por toda uma noite. No seu desespero inicial, ele berrava: "Cínica! Cínica!". E soluçava: "Nunca teve um beijo meu, que sou seu noivo, e vai ter o filho do outro!". O pai, porém, conseguiu, após poucos, aplacá-lo. Sustentou a tese de que todos nós, afinal de contas, somos falíveis e, particularmente, as mulheres: "Elas são de vidro", afirmava. Alta madrugada, o pobre-diabo pergunta: "E eu? Devo fazer o quê?". Justiça se lhe faça - o velho foi magnífico: "Perdoar. Perdoa, meu filho, perdoa!". Quis protestar: "Ela merece um tiro!". Mais que depressa, seu Notário atalha:
— Ela, não, nunca! Ele, sim! Ele merece!— Quem?
Baixa a voz: "O pai da criança! Esse filho não caiu do céu, de pára-quedas! Há um culpado". Pausa. Os dois se entreolham. Seu Notário segura o filho pelos dois braços:
— Antes de ti, Edila teve um namorado. Deve ter sido ele. Se fosse comigo, eu matava o cara que...
Ergue-se, transfigurado, quase eufórico: "Tem razão, meu pai! O senhor sempre tem razão!".

O INOCENTE

Pôde, assim; desviar da noiva o seu ódio De manhã, passou pela casa de Edila. Com apavorante serenidade, em voz baixa, pediu o nome do culpado. Diante dele, a garota torcia e destorcia as mãos: "Não digo! Tudo, menos isso!". Ele sugeria, desesperado: "Foi o Pimenta?". O Pimenta era o antigo namorado de Edila. Ela dizia: "Não sei, não sei!". Salviano saiu dali certo. Procurou o outro, que conhecia de nome e de vista. Antes que o Pimenta pudesse esboçar um gesto, matou-o, com três tiros, à queima-roupa. E fez mais. Vendo um homem, um semelhante, agonizar aos seus pés, com um olhar de espanto intolerável, ele virou a arma contra si mesmo e estourou os miolos. Mais tarde, desembaraçado o corpo, foi instalada a câmara-ardente na casa paterna. Alta madrugada, havia, na sala, três ou quatro pessoas, além da noiva e de seu Notário. Em dado momento, o velho bate no ombro de Edila e a chama para o corredor. E, lá, ele, sem uma palavra, aperta entre as mãos o rosto da pequena e a beija na boca, com loucura, gana. Quando se desprendem, seu Notário, respirando forte, baixa a voz:
— Foi melhor assim. Ninguém desconfia. Ótimo.
Voltaram para a sala e continuaram o velório.

Com o texto acima, extraído do livro "A vida como ela é...", Companhia das Letras - São Paulo, 1992, pág. 214., o Releituras homenageia seu ator, que no dia 23-08-2002 completaria 90 anos de idade.

Nelson Rodrigues - tudo sobre o autor e sua obra em "Biografias".



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

É AMANHÃ!


EU VOTO!



EU VOTO

Gilson Renato

Tenho observado a movimentação de grupos diversos em defesa do voto nulo. Os argumentos, de uma forma geral, desqualificam o modelo de democracia adotado no Brasil e, principalmente, a obrigatoriedade do voto. Os que pregam a anulação do voto alegam (entre muitos e bons argumentos) que  “não querem se responsabilizar por mandatos pífios de pessoas inescrupulosas que não respeitam a vontade de quem os elegeu”, têm razão nos argumentos.

 O que não consigo entender é a importância e o poder transformador do voto nulo, ou mesmo do voto em branco ou do não voto. Até para estimular o debate, pergunto: pra que serve o “não votar”? De que forma, considerando as nossas características institucionais, quem não votou é menos responsável pela incompetência de determinado eleito do que quem votou? Acredito que, desta forma, há um equívoco na resolução desta equação.

O jogo da democracia, ao contrário da ditadura ou qualquer outro regime totalitário, fomenta o fórum, o debate, o confronto das idéias e interesses de diferentes, na busca de consensos que permitam, para a comunidade em qualquer esfera, progredir, tocar um movimento positivo de acordo com o pensamento da maioria.

Em qualquer regime absolutista, as coisas são mais simples, as soluções são mais objetivas: abraço quem me ama; aniquilo quem quer diferente. Na estrutura democrática, essa coisa em que somos todos aprendizes, é fundamental a consideração das partes, a busca da sinergia, a construção de um corpo que, mesmo disforme, em determinado espaço e tempo, queira tomar um caminho comum. Quando isto acontece, mesmo com perdas, a conquista é legítima e definitiva.

A democracia é e será, ainda por muito tempo, um campo de desconforto, porque dialético. É, fundamentalmente, o caldeirão das vontades e assim sendo é também o ocaso do voluntarismo. A democracia é também, essencialmente, um processo endógeno; é preciso estar dentro para transformar. Os olhares estrangeiros enxergam, no máximo, uma fosca silhueta.

Publicado no jornal A União, em 28/07/2012.

Imagem Google



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

23 DE AGOSTO - 100 ANOS DE NELSON RODRIGUES



FRASES

Nelson Rodrigues

- O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: — o da imaturidade.

- Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhores que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém.

- Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de "ilustre", de "insigne", de "formidável", qualquer borra-botas.

- A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose. Os admiradores corrompem.

- O brasileiro não está preparado para ser "o maior do mundo" em coisa nenhuma. Ser "o maior do mundo" em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.

- Há na aeromoça a nostalgia de quem vai morrer cedo. Reparem como vê as coisas com a doçura de um último olhar.

- Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.

- O homem não nasceu para ser grande. Um mínimo de grandeza já o desumaniza. Por exemplo: — um ministro. Não é nada, dirão. Mas o fato de ser ministro já o empalha. É como se ele tivesse algodão por dentro, e não entranhas vivas.

- Assim como há uma rua Voluntários da Pátria, podia haver uma outra que se chamasse, inversamente, rua Traidores da Pátria.

- Está se deteriorando a bondade brasileira. De quinze em quinze minutos, aumenta o desgaste da nossa delicadeza.

- O boteco é ressoante como uma concha marinha. Todas as vozes brasileiras passam por ele.

- A mais tola das virtudes é a idade. Que significa ter quinze, dezessete, dezoito ou vinte anos? Há pulhas, há imbecis, há santos, há gênios de todas as idades.

- Outro dia ouvi um pai dizer, radiante: — "Eu vi pílulas anticoncepcionais na bolsa da minha filha de doze anos!". Estava satisfeito, com o olho rútilo. Veja você que paspalhão!

- Em nosso século, o "grande homem" pode ser, ao mesmo tempo, uma boa besta. 

- O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda.

- Toda mulher bonita leva em si, como uma lesão da alma, o ressentimento. É uma ressentida contra si mesma.

- Acho a velocidade um prazer de cretinos. Ainda conservo o deleite dos bondes que não chegam nunca.

- Chegou às redações a notícia da minha morte. E os bons colegas trataram de fazer a notícia. Se é verdade o que de mim disseram os necrológios, com a generosa abundância de todos os necrológios, sou de fato um bom sujeito.

As frases polêmicas e cheias de humor de Nelson Rodrigues são publicadas como uma homenagem à passagem de seu aniversário de nascimento (23-08-1912). Elas foram selecionadas e organizadas por Ruy Castro, extraídas do livro "Flor de Obsessão", Cia. das Letras - São Paulo, 1997, págs. diversas.

Nelson Rodrigues - tudo sobre o autor e sua obra em "Biografias".



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

VOLTANDO AO TRABALHO VOLUNTÁRIO



VOLTANDO AO TRABALHO VOLUNTÁRIO

Após três anos de afastamento do trabalho voluntário na Rede Feminina de Combate ao Câncer na Paraíba, voltei hoje, 20/08/2012, a exercer minhas funções.

A Instituição tem uma regra que, se um voluntário vier a ter um parente em primeiro grau, fazendo tratamento constante no Hospital Napoleão Laureano, referência no tratamento de câncer no Estado da Paraíba e onde presto os meus serviços, terá que se afastar até essa pessoa terminar o tratamento ou falecer, como foi o caso do meu pai. Essa regra é para evitar que alguém possa usar a prerrogativa de ser voluntário para usufruir de privilégios para seu parente dentro do Laureano. Particularmente, aprovo por inteiro essa regra.

Durante o tempo de afastamento dos trabalhos presenciais no Hospital Laureano, fiquei colaborando nos bastidores, enviando comunicações aos colegas voluntários, por um email criado especialmente para isso, e na parte burocrática, na elaboração de ofícios e outras correspondências.

Meu trabalho é nas duas salas de quimioterapia e consiste em conversar com os pacientes enquanto eles estão tomando as medicações de combate ao câncer, por via intravenosa. Muitos passam 6/8 horas nessa atividade e uma palavra amiga, uma troca de experiência, uma brincadeira, ajuda a passar o tempo e até a esquecer um pouco porque estão ali.

Como o Hospital atende à Paraíba, vem gente de todos os municípios do Estado. Muitos viajam a noite inteira (10/12 horas) para fazer o tratamento. São adultos de todas as idades (as crianças são tratadas na ala pediátrica) que se deslocam em busca da melhora na sua saúde e da cura definitiva para esse mal cruel que é o câncer.

Conversar com essas pessoas, ouvir suas histórias de vida, a história da sua doença, as dificuldades pelas quais passaram até chegarem onde estão, não tem preço para mim. É um aprendizado que se renova a cada dia que vou lá. E tenho a mais absoluta certeza que eu ganho muito mais que eles com essa troca de informações e de experiências de vida.

A Rede Feminina da Paraíba, que faz 50 anos de fundação neste ano, é uma instituição criada por esposas de médicos que trabalhavam no Hospital Napoleão Laureano, para dar assistência aos portadores de câncer que ali procuravam tratamento.

Em 1996 foi criada a Casa de Apoio Dr. Luiz Wylmar Rodrigues, para ampliar a assistência aos portadores de câncer carentes. A Casa de Apoio, que conta com quarenta leitos, serve de abrigo e fornece alimentação a pacientes de ambos os sexos, maiores de 18 anos, que não residem em João Pessoa e não dispõem de recursos para arcar com despesas de alojamento, alimentação e remédios.

Na Casa também são desenvolvidas, com os pacientes, atividades de trabalhos manuais, terapia ocupacional, recreação, atendimento psicológico, biodança, que favorecem a auto-estima e os ajuda a passar o tempo longe das suas casas.

A Casa de Apoio conta com funcionários que fazem com que a sua engrenagem funcione sempre bem, nos seus mais diversos aspectos: secretaria, limpeza, jardinagem, cozinha, enfermagem, motorista, todos pagos com dinheiro de doações.

Além de tudo isso, a Rede Feminina também serve, diariamente, cerca de 450 lanches aos pacientes da quimioterapia, ambulatório, braquiterapia e seus acompanhantes, dentro do Hospital. Faz visitas domiciliares a pacientes terminais. Conta com um brechó onde vende roupas, sapatos e outros artigos, todos em perfeito estado de conservação, cuja arrecadação é toda destinada à compra de medicamentos e produtos de higiene pessoal para os pacientes.

As datas comemorativas são todas festejadas, com os pacientes e seus acompanhantes. Nessas ocasiões são distribuídas cestas básicas, kits de higiene pessoal, flores, chocolates, bolos, refrigerantes, tudo fruto de doações.

E todo esse trabalho é feito pelos voluntários, homens e mulheres de boa vontade, que doam parte do seu tempo para minimizar o sofrimento do próximo, grupo do qual eu tenho a grande honra de fazer parte.

Quem quiser e puder colaborar com o maravilhoso trabalho da Rede Feminina de Combate ao Câncer da Paraíba, pode acessar nosso site http://www.rfcc-pb.com.br/ e ver as duas formas de colaboração, em dinheiro ou como voluntário. Podem também ver um pouco mais do nosso trabalho.

“O Câncer não é contagioso, mas a solidariedade pode ser.”

Fátima Vieira



domingo, 19 de agosto de 2012

PRESENTE DE DOMINGO...


SOBERANO DESPREZO

Bráulio Tavares

Sabe o que é que você é para mim?
É uma ponta de cigarro
Apagada numa xícara de café num botequim

Sabe o que é que você é na minha lembrança?
É um compacto simples
Que a gente curte um certo tempo e depois cansa

Sabe o que é que você é pra esse cara aqui?
É um pára-quedas da Fab daquele
Que nunca abre na horinha de abrir

Sabe o que é que você é no meu pensamento?
É a emoção de uma paquera
Que na hora em que já era, degenera em casamento

Sabe o que é que você é para o meu coração?
É aquele troco de centavos
Que a gente até esquece de pedir no lotação

Sabe o que é que você é para esse poeta?
É o velho velocípide depois que a gente ganha
A primeira bicicleta

Sabe o que é que você foi na minha vida?
Foi um penalty chutado para fora
No finzinho da partida

Sabe o que é que você é meu amor?
É um dente doente que se arranca de pexeira
Pra parar de sentir dor



19 DE AGOSTO - DIA DA FOTOGRAFIA


sábado, 18 de agosto de 2012

PORQUE HOJE É SÁBADO...


DESCUBRA A SOLTEIRICE QUE HÁ EM VOCÊ!

A crônica de hoje fala sobre uma das melhores coisas da vida: a solteirice! Entraremos hoje no mundo daqueles que apreciam a sensação de estarem livres, que vivem bem com o descompromisso e que levam a vida "soltos", como o próprio termo "solteiro" remete. Desta vez, cantaremos juntos aquele "xa la la la la la" do "sou praiero, sou guerreiro, tô solteiro, quero mais o quê?".

Ok, eu sei que nem tudo na vida é festa, principalmente quando se trata de relacionamentos. Muitas vezes o status de solteiro não é bem recebido por alguns que preferem tratar essa bendita condição como um calvário de Sexta-Feira Santa. Muitos enxergam a solteirice como uma forma de solidão ou como um jeito de estar desesperado por um relacionamento.

Logo, pensando bem sobre o tema, percebi que existem mais tipos diferentes de solteiro do que bombons numa caixa de Especialidades Nestlé. Enquanto uns aproveitam a vida de solteiro à procura de alguém, outros fazem dela um escudo para se defender de qualquer tipo de relacionamento. Uns amam tanto a solteirice que não a querem deixar de jeito nenhum, enquanto outros a abominam tanto que mal veem a hora de estarem engajados numa relação de uma vez!

Para minha surpresa, a condição do "ser solteiro" se apresentou diante dos meus olhos com um fascinante laboratório dos relacionamentos humanos. Não que eu seja o Dr. House, mas observando solteiros e solteiras que andam por aí, descobri várias características, sintomas e causas da solteirice. Aliás, investigando sobre o fenômeno (nossa, como estou científico hoje!) encontrei tantos perfis de solteiros que daria para fazer uns dez reality shows diferentes.

Então, em primeira mão, o Dr. Apêndice traz a vocês uma lista com diferente tipos e patologias de solteiros. E antes que vocês me perguntem o motivo de escrever sobre tipos de solteiros antes de tipos de casais, eu explico (ou enrolo) o seguinte: para se conhecer num relacionamento, você deve antes saber bem que tipo de solteiro você é. Assim, vamos deixar os diferentes tipos de casais para próxima crônica. Ok, então vamos lá! Pensem que estão assistindo a Discovery Channel e tentem descobrir os tipos de solteiros que há em vocês...


OS TIPOS DE SOLTEIROS

1. Solteiros desconfiados (ou "os decepcionados"): esse tipo de solteiro já levou tanto "na cara" em relacionamentos passados, que após um conjunto de decepções ficou mais desconfiado que o Noé quando viu um casal de cupins entrar na Arca. Ressabiados, e às vezes frios e endurecidos pelas desilusões que passaram, esses solteiros não se abrem mais com tanta facilidade para as chances de se envolverem com outras pessoas. Assim, a solteirice não é bem uma opção - é mais uma forma de proteção. Às vezes podem parecer um tanto pessimistas, pois acreditam que, como eles mesmos gostam de dizer, "os relacionamentos não dão em nada..."

2. Solteiros com assuntos pendentes (ou "os esperançosos"): são aqueles que ainda estão ligados emocionalmente a um relacionamento passado, e portanto vivem na esperança de que a pessoa por quem ainda estão pendentes volte, ou então, que ela desapareça de seu coração de uma vez. Muitas vezes deixaram assuntos mal resolvidos e enquanto eles não resolverem (ou não desistirem mesmo!), seguirão solteiros sem perspectivas de uma nova relação. Quando se envolvem com alguém normalmente é algo superficial e passageiro, até mesmo porque a criatura não para de falar do(a) ex!

3. Solteiros convictos (ou "os anti-relacionamentos"): fogem de relacionamentos como o diabo foge da cruz. Na realidade, esse tipo não consegue se imaginar em um envolvimento mais sério com uma outra pessoa de jeito nenhum. Os motivos pelos quais agem dessa maneira são variáveis e incertos, mas é inegável que eles sofrem de um certo "ateísmo romântico". Anti-relacionamentos acham namoros desnecessários, pois gostam da liberdade de escolha e do descompromisso. Casar? Nem em outra vida. Dessa maneira, a solteirice não é apenas uma opção para esse tipo: é uma convicção quase que fanático-religiosa. Gostam do estilo em que vivem e acreditam na premissa do "solteiro sim, sozinho nunca."

4. Solteiros caçadores (se dividem em dois tipos - "atiradores de elite"e"metralhadoras"): para os solteiros que estão na caça, a vida é uma selva. Assim, esses tipos aproveitam sua solteirice entrando de cabeça no jogo da sedução. Flertar, seduzir e conquistar se torna mais divertido do que efetivamente encontrar um novo relacionamento. No entanto, seus tipos se diferem bem quanto aos seus métodos. Os"atiradores de elite" são mais seletivos. Na caça, observam bem seu alvo antes de dispararem suas artimanhas de conquista, normalmente bem pensadas e adequadas. São reconhecidos pela qualidade de suas caças e não pela quantidade. Já os"metralhadoras" não estão nem aí para o lado em que atiram, sendo que no que acertarem, já era! Preocupam-se mais com a quantidade de pessoas que conseguirem, pouco se importando com a qualidade delas. No entanto, em ambos os casos de solteiros caçadores, uma hora a munição acaba, sendo que aí eles viram alvos fáceis de serem abatidos por um novo relacionamento.

5. Solteiros "tudo é festa": um pouco diferentes dos solteiros caçadores, essa classe acha que tudo é motivo de farra, gandaia e oba-oba! Na realidade, esses solteiros se preocupam mais em curtir o fato de estarem livres e desimpedidos do que propriamente sair por aí caçando outras pessoas. Assim, o importante mesmo é estar no meio do agito, fazendo festa com os amigos e enchendo a cara sempre que quiserem! Normalmente são do tipo que precisam de um relacionamento para se acalmarem, caso contrário, tudo vai virar farra com a galera, desde uma balada até uma ida ao dentista para extrair um dente.

6. Solteiros por falta de opção (ou "os encalhados"): aqui a questão é mesmo a má e velha falta de sorte. Normalmente são pessoas que não tem outra alternativa a não ser esperar pela boa vontade do destino, pois nada do que eles fazem muda muito sua situação. Como baleias encalhadas à deriva, ficam aguardando por uma equipe do Greenpeace para resgatá-los. Além disso, eles podem não ser do tipo atrativo ou interessante, ou não terem nada mesmo que faça a diferença para enfim sairem dessa situação. Para eles, a solteirice pode ser uma bela merda. Muitos tem baixa auto-estima o que complica ainda mais seus casos. A máxima do "sapato velho para um pé torto" é mais que uma esperança para eles: é uma libertação.

 7. Solteiros inconscientes (ou "os penitentes"): um tipo complicado de solteiro, pois os que se encaixam nessa categoria costumam ainda ter um namoro ou uma relação que já venceu o prazo de validade. Assim, socialmente eles carregam seus relacionamentos como uma espécie de penitência, tudo em nome do medo de ficarem sozinhos. Dessa maneira, em seus inconscientes, eles estão solteiros, pois o relacionamento que vivem já acabou. Conscientemente, preferem viver uma mentira ao invés de encarar o mundo da solteirice de novo.

8. Solteiros esquematizados (se dividem em dois tipos - "repetecos" e"pseudo-polígamos"): pode-se dizer que esses tipos vivem em um estado de pseudo-relacionamentos, pois eles costumam levar seus envolvimentos com uma ou mais pessoas um pouco mais adiante, porém sem assumir compromisso algum. Solteiros esquematizados são aqueles que sempre que querem tem alguém à disposição. No caso dos "repetecos" trata-se sempre da mesma pessoa. Vivem no limiar entre a solteirice e o relacionamento, e por algum motivo a coisa não engrena. Assim seguem teoricamente solteiros e livres. Os "pseudo-polígamos" vivem na prática algo que socialmente seria quase impossível ou condenável: a poligamia. Recebem o título de solteiros, quanto na realidade eles estão envolvidos com várias pessoas ao mesmo tempo, chegando a agendar turnos e dias alternados para seus encontros. Os dois tipos de solteiros esquematizados são uma mistura de equilibristas com malabaristas, pois fazem truques dignos de circo para conseguirem estar "com" e "sem" alguém ao mesmo tempo. E falando em circo, muitas vezes quem fica com eles acaba fazendo o papel de palhaço(a)...

9. Solteiros "que não sabem ser solteiros" (ou "os desiludidos"): para esse grupo, solteirice é uma coisa vazia ou que já perdeu toda a graça. Ao contrário da maioria dos solteiros, eles não saem por aí caçando ou se divertindo, pois isso já não faz mais sentido para eles. Muitas vezes estão arrasados por um relacionamento passado, e a ficha de que estão de volta ao mundo da solteirice ainda não caiu. Por isso, tudo o que esse tipo deseja é um relacionamento sério, um alguém para viver uma vida sossegada novamente, comendo pizza aos sábados à noite e assistindo Faustão aos domingos de tarde. Porém, enquanto esse dia não chega, eles(as) ficam suspirando pelos cantos, enchendo os ouvidos de todo mundo com resmungos "de como não aguentam mais a solteirice" e repetindo várias vezes o seu desejo obsessivo de ter um(a) namorado(a).

10. Solteiros "há vagas": como os desiludidos, os solteiros dessa categoria estão à espera de um relacionamento sério pois preferem viver um compromisso. No entanto, ao invés de ficarem por aí reclamando da solteirice, os solteiros "há vagas" arregaçam as mangas e vão à luta. Estar solteiro para eles, é estar disponível no mercado atrás de uma relação. Mobilizam tudo o que podem para saírem da situação de solteiros: usam sites de relacionamentos como se fossem catálogos, vão a lugares frequentados por outros solteiros e ainda tiram os amigos para casamenteiros. Só não penduram uma placa de "há vagas" no pescoço por detalhe. Sempre que conhecem uma pessoa nova, já fazem conjunturas pensando nas possibilidades da pessoa em questão se converter em um relacionamento sério.

11. Solteiros sem expectativas (ou "os que não vão para frente nem para trás"): um tipo similar aos solteiros "há vagas", mas bem menos desesperados. Esses solteiros normalmente são pessoas com vários atrativos, mas que se veem numa situação na qual as opções disponíveis no mercado não lhe agradam muito. Para eles, "pessoas interessadas" não é o mesmo que "pessoas interessantes". Às vezes eles podem parecer seletivos demais, mas por outro lado, eles realmente não conseguem se interessar por ninguém. Sem grandes expectativas, eles travam, e "não vão para frente nem para trás". O jeito é esperar até as ofertas melhorarem ou os seus padrões caírem...

12. Solteiros por falta de tempo (ou "os ocupados"): parecido com os solteiros sem expectativas, pois eles também "não vão para frente nem para trás", mas é devido às suas ocupações, sejam elas com estudos, trabalhos, viagens, etc. Para eles, solteirice não é realmente uma opção, é uma consequência de estarem envolvidos com outras coisas e de não terem tempo para se arranjarem.

13. Solteiros "bicho do mato": um tipo chato de solteiro. Vivem reclamando que não conhecem ninguém, que não namoram e etc, mas também não fazem nada para mudar isso. Às vezes sofrem da "síndrome da ostra", se entocam em casa, sendo que ninguém consegue tirá-los de lá. Vivem inventando desculpas esfarrapadas, como a morte do periquito de estimação só para não terem que ir àquela festa e saírem de casa. Por vezes, depois de muita insistência dos amigos, eles finalmente saem da toca, mas aí é uma desgraça. Reclamam de tudo, ficam numas de "quero ir embora" o tempo todo e amarram a cara feito uma criança de castigo. Quando milagrosamente aparece alguém disposto a conhece-los, são mestres na arte de serem desagradáveis com a criatura interessada e afastá-la, seja por sua típica cara de ânus ou por suas grosserias e impaciência. Quando questionados sobre o porquê eles destratam todo mundo que se aproxima, continuam a inventar desculpas, só que agora pondo defeitos na pessoa! Enfim, haja saco para aguentar os solteiros "bicho do mato"!

14. Falsos solteiros (ou "os infiltrados"): esses chegam ao ponto de mentir (principalmente para si mesmos) que estão solteiros só para continuarem agindo como se fossem livres e desimpedidos, a despeito de estarem em um relacionamento. Em outras palavras: são pessoas comprometidas que se infiltraram no mundo dos solteiros. Em meio ao grupo de amigos, os falsos solteiros dizem que estão livres, ou então que seus relacionamentos "estão por acabar". Dessa forma agem como querem, fazem festa e caem na pegação, mas sempre voltam para seus compromissos os quais estranhamente são bem duradouros e consistentes. Os falsos solteiros não devem ser confundidos com os solteiros esquematizados pois ao contrário desses, eles vivem um relacionamento real e recebem o rótulo de compromissados. Ninguém entende como a outra pessoa, suporta a situação do(a) namorado(a) sair por aí vivendo uma vida de solteirice, mas certamente o peso dos chifres já não lhe incomoda mais...

15. Solteiros por um dia: pertencentes ao "casal vai e volta" (que você irá conferir na próxima Crônica do Sr. Apêndice), essas criaturas vivem desmanchando seus namoros por qualquer coisa besta e reatando logo em seguida. Dessa maneira, conseguem viver um ou dois dias como solteiros e graças a esse interlúdio, tiram uma casquinha da solteirice antes de retornarem aos seus relacionamentos. Desconfia-se que o motivo pelo qual o casal acabe e volte a toda hora seja justamente para poderem viver um ou dois dias "oficiais" de solteiros...

16. Solteiros "clube dos solteiros" (ou "capitão do time dos solteiros"): esse tipo de solteiro é uma espécie variante do solteiro "tudo é festa", só que seus sintomas são um pouco diferentes. O que importa para eles é a amizade acima de tudo, e ser solteiro é uma forma de aproveitar a vida e fazer festa com os amigos. Um solteiro pertencente a esse tipo costuma se comportar como um "capitão de time de futebol", pois o que importa mesmo é ter todos os seus amigos jogando unidos pelos campos da solteirice. Assim, sempre que ele sente que um amigo está indo jogar no "time dos casados", ele usa de suas táticas e faz o possível para que o colega não abandone o seu time! Na verdade, o plano desses solteiros é formar um "clube dos solteiros", onde o grupo de amigos não se envolva seriamente com outras pessoas e permaneça assim por muito tempo. Suspeita-se que o "capitão do time dos solteiros" teme muito a solidão ou nunca vai crescer mesmo, por isso fica apavorado em perder seus amigos e suas épocas de farra para a seriedade dos relacionamentos. O irônico é que se um "capitão" se envolve em um relacionamento antes de seus amigos, ele faz de tudo para arranjar relacionamentos para seus companheiros também. Assim, em breve, ele poderá mandar no "time dos casados"...

17. Solteiros com o passe desvalorizado (ou "os por baixo"): houve um tempo em que eles estavam no topo - eram desejados por quem eles desejassem. Quando queriam, não tinham o menor problema em se envolver com alguém, e caso fosse de sua vontade, arranjavam um relacionamento ao estalar de seus dedos. Só que o tempo passou, o dólar caiu e o mercado de ações apontou que o passe dessas criaturas está em baixa. E o pior: a velha e boa fase pouco adianta nesse período de seca, sendo que a solteirice agora não é mais tão divertida quanto antes. Agora esses solteiros vivem numa fase "braba", onde estão matando "cachorro a grito" e torcendo para que a bolsa de valores se estabilize...


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