quinta-feira, 30 de maio de 2013

SIGNIFICADO DE CORPUS CHRISTI



SIGNIFICADO DE CORPUS CHRISTI


Corpus Christi significa Corpo de Cristo, vem do latim, e tem por objetivo celebrar o mistério da eucaristia, o sacramento do corpo e do sangue de Jesus Cristo. É uma festa religiosa da Igreja Católica. A festa de Corpus Christi acontece sempre na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, em alusão à quinta-feira santa quando Jesus instituiu o sacramento da eucaristia.

Corpus Christi é feriado nacional no Brasil desde 1961. São celebradas missas festivas e as ruas são enfeitadas para a passagem da procissão onde é conduzido geralmente pelo Bispo, ou no caso de não haver, o pároco da Igreja, o Santíssimo Sacramento que é acompanhada por multidões de fiéis em cada cidade brasileira.

A tradição de enfeitar as ruas começou pela cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. A procissão pelas vias públicas, é uma recomendação do Código de Direito Canônico que determina ao Bispo Diocesano que tome as providências para que ocorra toda a celebração, para testemunhar a adoração e veneração para com a Santíssima Eucaristia.

A procissão de Corpus Christi lembra a caminhada do povo de Deus, peregrino, em busca da Terra Prometida. O Antigo Testamento diz que o povo peregrino foi alimentado com maná, no deserto. Com a instituição da eucaristia o povo é alimentado com o próprio corpo de Cristo.


terça-feira, 28 de maio de 2013

DORMIR POUCO, UM DOS GRANDES MALES MODERNOS

DORMIR POUCO, UM DOS GRANDES MALES MODERNOS

Falta de sono é tema de série de artigos especiais publicada pela revista “Nature” desta semana

Cesar Baima

RIO - O advento e popularização da luz elétrica a partir do século XIX fez a Humanidade dormir cada vez menos. A iluminação artificial e a contante exposição à luz após o anoitecer provocam alterações em nossos relógios biológicos cujos mecanismos apenas começamos a entender, assim como os males trazidos pela falta de sono. Em uma série de artigos especiais publicados na sua edição desta semana, a revista “Nature” traz algumas das mais recentes descobertas sobre o assunto, que alguns especialistas já consideram uma das grandes doenças da modernidade.

Apontado como uma das maiores autoridades mundiais em estudos do sono, Charles Czeisler, da Escola de Medicina de Harvard, defende mais pesquisas para investigar os impactos biológicos da iluminação artificial, além de tecnologias que diminuam o problema. Ele explica que, ao longo de milênios, estruturas nos olhos e cérebros trabalharam em conjunto para regular nossos relógios biológicos, cujos “despertadores” são paradoxalmente mais ativos no fim do dia do que no começo. Historicamente, tal característica fornecia uma dose extra de energia para aguentarmos de pé até o anoitecer, mas a exposição à luz depois do pôr do sol proporcionada pela iluminação artificial acaba por enviar sinais contraditórios ao sistema nervoso central, que assim adia seu “alarme” tardio e o início da produção de melatonina, o hormônio do sono.

“Como resultado, muitas pessoas ainda estão checando seus e-mails, fazendo deveres de casa ou assistindo TV à meia-noite, sem a mínima percepção de que já está no meio da noite solar”, escreve. “A tecnologia conseguiu efetivamente nos desconectar do dia natural de 24 horas para o qual nossos corpos evoluíram, levando-nos para a cama mais tarde. E usamos cafeína de manhã para levantar tão cedo quanto sempre levantamos, espremendo o sono”. Segundo Czeisler, hoje 30% dos americanos empregados dormem menos de seis horas por noite, contra menos de 3% apenas 50 anos atrás. Mas não são só os adultos que sofrem. As crianças estão dormindo em média 1,2 hora a menos do que há um século, e como elas reagem à falta de sono ficando hiperativas e com dificuldades de concentração, muitas vezes acabam erroneamente diagnosticadas como sofrendo de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Czeisler alerta ainda que a determinação de alguns governos de proibir a venda de lâmpadas incandescentes em prol de outras mais energeticamente eficientes e a proliferação de TVs e telas de computador planas, tablets e outros aparelhos eletrônicos estão nos expondo cada vez mais aos chamados diodos emissores de luz (LEDs). E estas fontes são mais ricas em luz azul, cujo comprimento de onda mais curto causa perturbações maiores em nossos ciclos circadianos de sono e despertar.



Notícia publicada em 23/05/13 - 6h00Atualizada em 22/05/13 - 20h34 Impressa em 23/05/13 - 12h26



domingo, 26 de maio de 2013

PRESENTE DE DOMINGO...


CHUVA

Fernando Pessoa

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego…

Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece…

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente…"




sábado, 25 de maio de 2013

PORQUE HOJE É SÁBADO...


O CHOFER SIMEÃO E SUA FUBICA* - Parte II

Paulo Lisker, de Israel

Era nos anos trinta, talvez no principio dos anos quarenta. Naquele tempo tudo durava uma eternidade. Ninguém se apressava em comprar nada novo, tudo se arrumava, meia sola nos sapatos, soldar as panelas furadas, afrouxar as calças, os sapatos, remendar as meias, tingir roupa desbotada, nada se perdia tudo tinha como recuperar e colocar de volta ao uso normal. Eram outros tempos.

A fubica do chofer Simeão, Ford Bigode do ano 1929, parecia que tinha saído agorinha mesmo da fabrica de carros, nem um arranhãozinho, nada machucado a tinta brilhava que doía até na vista quem olhasse para ela nas horas de muito sol e isto é coisa que não falta no Recife.

Eita "bichinha" bonita danada e a buzina dela era algo que nos dias de hoje, nem pensar. Toda gente se admirava, ao ouvir:

AUHA-AHUA-HAHUAAA. Que beleza de buzina era de dar gosto. AUHA-AHUA-HAHUAAA. Era como se a fubica quisesse falar com os transeuntes e dizer: "olha aí, estou passando, como vai gente boa, tudo bem, AUHA-AHUA-HAHUAAA".

Tudo que eram postigos e janelas se abria e as domesticas só voltavam aos seus afazeres depois de ver aquela beleza de fubica deslizar defronte da casa.

Nas ruas não tinha quem não torcesse o pescoço ou parasse pra ver.

Fubica conservada desse jeito só o senhor Simeão sabia como, todo minutinho vago ele tirava a caixa que continha o seu segredo, um trapo de pano macio e uma lata de cera "Dupont" (Me lembro do cheiro desta cera) e se dedicava a fazer a sua fubica brilhar mais que o "rei sol".

Era assim que naquele tempo as coisas duravam por mais de uma geração.
Diziam os brincalhões da época, que se os choferes cuidassem desse jeito da sua família, não haveria divórcios.

Simeão era assim, celibatário. Cuidava de si e da sua fubica.

Na realidade o proprietário da fubica era o Comendador de Arruda, que comprara naquele ano três carros dessa marca e os colocou nas diversas praças para servir de carros de aluguel (Táxi), à aristocracia da cidade do Recife.

Uma delas o Comendador confiou ao chofer Simeão que era um homem serio, crente, honesto e tinha diploma de mecânico de automotores, fornecido pela Opel do Recife.

Não gosto de contar, mas vou dizer para vocês aqui em segredo que a inveja dos outros choferes da praça era enorme e ficavam mais que arretados da vida quando um pirralho que vinha com a família, agarrava a mãe pelo braço e dizia:

- Mãe ta ali o senhor Simeão com sua fubica, que sorte né mãe, alugue ele pra nos levar para visitar tia Mali na Madalena.Vamos com ele mãe, vê que carro bonito danado.

Os outros choferes, não sabiam onde meter a cara e se escondiam atrás de um jornal (o suplemento dos esportes, em geral), tirando baforadas dos charutos nacionais que sempre estavam num canto da boca.

Agora voltemos a "vaca fria" em continuação à viagem que se iniciou no Cais de Santa Rita em direção a Praça Maciel Pinheiro com um passageiro que momentos antes tinha chegado do interior de Pernambuco em busca de parentes no Recife.

A fubica de seu Simeão seguia rodando devagar pelas ruas apinhadas de transeuntes levando as compras efetuadas momentos antes, carregadores com moveis na cabeça (sempre cantando), carroças puxadas a cavalo (animais de uma raça "diminuta" que a genética negativa formou no nordeste do Brasil) e até cachorros vadios ("Vira Latas", na língua do povo), atrapalhando o transito.

De tudo isso dizia senhor Simeão:

- O que mais me incomoda é a grande quantidade de bosta dos cavalos no meio das ruas e que ninguém se preocupa de limpar. Ai dos meus pneus Firestone de banda branca, toda viagem por aqui, eles ficam todo melados desta merda, Nossa senhora! Trabalho danado para limpar no fim do dia.

Ao passar defronte da famosa estação de trens da "Gretoeste", surgiam novamente os vendedores ambulantes e aqueles das barraquinhas anunciando seus produtos chegados agora mesmo no último trem da linha norte.

No pátio interno da estação, do outro lado do paredão, ficavam as "Marias Fumaça", chiando e recebendo algum tratamento mecânico antes de se atrelar novamente aos seus vagões, para mais uma viagem ao interior pernambucano.

Na pracinha em frente à estação estava o eterno vendedor de abacaxi descascado com arte, sem deixar nem sequer um espinho na sua polpa, sempre cortados em quatro partes com um pauzinho espetado para se poder ir comendo no caminho ou sentado no local, na sombra dos enormes pés (Arvores) de fícus Benjamin que arborizavam o local.

As pilhas de abacaxi de cor verde (muitas vezes meio ácido, bom pra refresco) e os de cor amarela, doces como mel e de um aroma que se alastrava até a Ponte Velha, lá pro lado da Boa Vista.

Estes abacaxis estavam à espera dos compradores em atacado para leva-los para outras feiras no Recife e nos arrabaldes. O cheiro era embriagador!

No outro lado, na calçada oposta, estavam as pilhas de melancias de Pesqueira. As de estrias claras na casca, nunca foram muito doce, porem os judeus sempre apreciaram esta variedade de casca grossa.

As outras provenientes de Escada eram melancias enormes de casca verde escuro, algo mais doce que as outras de estrias, porém com muita semente. Era comendo e cuspindo.
A zona de produção de melancias em Pernambuco era mormente chuvosa e desta forma a fruta nunca alcançava a doçura das melancias de regiões mais secas, sei lá, pode ser. 

Destas de casca grossa, algumas donas de casa judias faziam conservas, assim como, de pepinos ou pimentões, técnica trazida da longínqua Europa de invernos frios e judeus pobres, que comiam no inverno, casca de melancia conservada no vinagre e sal. Creiam-me, provei e é uma conserva deliciosa. Casca de melancia. Vejam o que faz a necessidade, assim é a vida. 

Pilhas de manga rosa, espada e manguitos diversos, que vinham de Prazeres e Engenho do Meio, tinha para todos os gostos dos clientes. 

Encostados e pendurados no paredão da Estação Central estavam os quadros de pintores locais com suas "obras primas". Pinturas "inocentes" em aquarela, óleo, e até material mais sofisticado (butique, esmalte, etc.), estava estampado o nordeste brasileiro, sua gente, seus bichos, as plantações, as danças da roça e a exuberante vegetação tropical.

Parece que o Sertão com suas periódicas secas e os resultados funestos por ela causada, "a terra nua ardendo, carcaças de animais", os "paus de arara", o êxodo rural, a fome, os olhos tristes do sertanejo, não eram modelo ideal para estas pinturas "inocentes". Não constavam ou não eram temas para vendas rentáveis. 

Estava presente quase sempre o vendedor de galinhas vivas da raça carijó, estas de pescoço pelado e vermelhão. 

Mais de lado, debaixo de um fícus frondoso, mode a sombra, um "montão" de gaiolas cheias de passarinhos dos mais diversos, que eram pegos em alçapões (feitos de "barba de bode", um capim rústico e lenhoso).  Vinha de todo o nordeste e eram vendidos a preços irrisórios. Os mais procurados eram os papagaios (louros e se fosse falador, o preço ia lá pra cima), canários, galos de campina, e periquitos. Nunca faltou mercadoria nem compradores. Era o tempo que o nordeste tinha seu habitat vegetal quase intocável e isso dava muito passarinho. 

Estavam ali presentes os vendedores de loterias estadual e nacional, vendendo ilusões. 

Era muito comum encontrar também os vendedores de letras das músicas populares da época. Esta mercadoria sempre foi muito procurada pelo público, pois "cantores de banheiro" sempre houve no Recife romântico daquela época.

Nesta área, estavam presentes os repentistas ou violeiros sertanejos, dando um concerto da sua arte, angariando uns tostões para comprar cordas rebentadas dos seus violões e o almoço num bar junto da Ponte Velha.

Tudo se vê pelas janelas da fubica do seu Simeão que vai rodando pelas ruas do Recife.
Atravessa a Ponte Velha, de lá se vislumbrava toda a beleza da cidade entre ao rios e pontes, não tenham duvida ela era mesmo a Veneza Brasileira.

Na vazante do Capibaribe, dezenas de "catadores" de siris. Eles, assim como as suas próprias vidas, estavam atolados na lama do rio até meia canela, procurando tirar desta, o seu mísero ganha pão diário. Logo que tinham "caçado" duas dúzias desses "bichos", saiam com eles pendurados em ráfia e cobertos com a própria lama do rio.

Psicologia de "pesca siris", dar-lhe a sensação que ainda não chegou à hora e os "bichinhos" estão, todavia nas "locas" do rio Capibaribe. Acho que nem Freud pensou nesta situação para evitar o funesto pensamento dos siris e caranguejos que mais um pouco estarão sendo jogados num caldeirão de água fervendo, então para que antecipar a agonia, a lama cobrindo os coitados seria o melhor dos remédios. Ta vendo seu Freud, como o nosso matuto é astuto? E muito! 

A vegetação exuberante para todo lado que se olhava, vazantes e enchentes, maré alta e maré baixa, jangadas de pau balsa e velas de sacos de sal ou açúcar, barcaças no meio do rio e dois fortes tirando areia para construção civil, pontes pra "dar e vender" e uma delas até giratória, a primeira do Brasil.

Bondes para todo canto, fubicas* (Ford Bigode do ano 29), corso de carnaval, frevos para o folião, gente pacata e acolhedora do Recife, será que hoje ainda é assim?

A fubica fumaçando, seguia pela Rua Velha e já - já chegaríamos à Praça Maciel Pinheiro e ao endereço solicitado.

Levou tempo, pois seu Simeão era muito conversador e os passageiros gostavam da conversa fiada dele. 

Ao passar pelos Correios e Telégrafos estava um grupo grande de gente discutindo e lendo uns comunicados que os funcionários de vez em quando colavam no quadro de avisos.

-"Que aconteceu? Alguma greve?", perguntou o passageiro.

-"Não senhor, neste tempo de Getúlio, ninguém tem coragem de fazer greve, oxente!"

-"Então o que é esta balburdia nas portas dos Correios?"

-"Olhe, foi uma coisa séria", responde meio sem jeito o senhor Simeão, "afundaram um comboio de barcos brasileiros que estavam transportando tropas para reforçar as posições dos americanos no nordeste. Falam muito num tal Baependi, não sei se é o almirante da esquadra ou o nome de um dos barcos".

-"E quem os afundou senhor Simeão?"

-"Dizem que foram os submarinos alemães nazistas e depois que torpedearam, subiram "os filhos da peste, safados" à tona e metralharam os sobreviventes, para não deixar testemunhas!"

-"Quando foi isso?"

-"Não sei não, acho que foi essa noite! Agora com sua licença podemos estacionar na porta da sua casa?"

-"Pois não seu chofer, tire a minha maleta, aqui está o que combinamos dois contos de réis, está certo? Conte, conte, nunca confie, ta ouvindo?

Sabe de uma coisa, ainda não encontrei meus parentes no Recife e já estou com saudades do meu Cabrobó."

O chofer coloca o dinheiro recebido numa capanga feita em Bezerros, coça a cabeça e responde:

-"Olhe seu doutor, não se chora pelo leite despejado (derramado), saudade é uma virtude e o que será, será! Assim dizia o sábio Rei dos judeus, Salomão".

Não sei vocês minha gente que terminaram agora de ler esta crônica do "tempo da onça", mas eu confesso, não consigo reter as lagrimas. 
Eita tempo gostoso de quando éramos felizes e não sabíamos.
Fim de estória.
*FUBICA: Dizem que é uma "corruptela" do diminutivo da palavra Ford, será?
FORD, fordico, furdica, fubica e aí ficou.
Mas que era uma obra de arte, não tenham duvidas. Serviu de "Carro Escola", até nos anos 50. Num deles tirei a minha carteira de habilitação.
Quando encostei o carro na calçada ao terminar o exame, me disse o examinador algo que não esquecerei nunca mais: Seu Paulo, agora vou exigir que a prefeitura do Recife troque todos os postes de metal por postes de borracha. Assine logo aqui, o senhor é um verdadeiro "munheca de pau".
Ai meu Deus, quase choro de desgosto.
Porém a licença brasileira para dirigir, revalido em todo o canto do mundo, pois não ficou registrado nela que sou um "munheca de pau", ainda bem.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

domingo, 19 de maio de 2013

PRESENTE DE DOMINGO...


REQUERER

Pedro Du Bois

Requeiro
visto
de saída

em nova vida
me arrependo
na continuação da busca

requeiro visto de entrada
e regresso ao prazer atávico
do seio materno

saio em vida envelhecida
de reconhecimento e prodigalidade.



sábado, 18 de maio de 2013

PORQUE HOJE É SÁBADO...


O CHOFER SIMEÃO E SUA FUBICA - Parte I

Paulo Lisker, de Israel

Simeão era chofer de carro de aluguel na Praça Maciel Pinheiro e também mecânico diplomado pela "Opel" do Recife. 

Um negro da cor de piche, sua pele brilhava, a dentadura alva que nunca viu dentista nem de longe, seu apelido na praça de estacionamento era "Jamelão" e claro torcia pelo Santa Cruz Futebol Clube.

Ele ao que me parece era "Crente" ou da "Igreja do Sétimo Dia" (estou em dúvidas).

Um senhor de maneiras muito educada, prestativo, ia logo à busca da bagagem do passageiro, caso tivesse, metia na mala (bagageiro) da "fubica" (assim denominavam os carros velhos naquele tempo) e saíam fumaçando rumo ao endereço que o passageiro lhe dera antes de subir no carro e combinar o preço da viagem.

Desta vez era da Rodoviária (Estação Central de ônibus no cais de Santa Rita) em direção a uma residência na Praça Maciel Pinheiro, por esta razão o preço combinado saía bem baratinho, pois era o estacionamento normal deste carro de aluguel.

Pelas janelas do carro o passageiro estava em contato direto com o Recife que se vislumbrava para qualquer turista de fora ou mesmo para quem estava chegando de uma viagem pelo interior do Estado.

O aroma e as cores do Recife estavam estampadas nas ruas próximas ao cais de Santa Rita e em volta do ponto terminal dos ônibus.

Não sei se também nas outras cidades do Nordeste se estampa o mesmo panorama ou o Recife é algo diferente das demais.

Ali estavam as carrocinhas dos vendedores de cachorro quente, saquinhos de bolinhos de goma e pão doce salpicados com açúcar cristal, o carrinho de gelada de frutas da época, (tamarindo, limão da terra com nacos de casca, laranja comum, cajá, pitanga, etc.).

Duas maquinas de caldo de cana que serviam em copos grandes com pedras de gelo um líquido doce, de cor verde intenso, tinham aqueles que preferiam adicionar também sumo de limão de pé franco (gosto e sabor, não se discute).

O cheiro das canas esmagadas pela máquina lembrava o aroma que exalavam as bagaceiras das usinas de açúcar no seu processamento ou mesmo dos canaviais em floração antes da queima e corte, na zona da mata e agreste pernambucano.

Nas calçadas passavam os vendedores cada qual com seu pregão.

Os vendedores de garapa, mel de uruçu, rolete de cana, macaxeira rosa ("cozinha inté em água fria"), o cuscuz, o "Omi do miúdo", que agorinha saiu do matadouro de Peixinhos com os miúdos fresquinhos e muitos outros que sempre estavam a oferecer seus produtos a quem queria comprar, em qualquer hora do dia.

Estavam ali as tendinhas das costureiras, rendeiras e bordadeiras, que traziam seus trabalhos manuais, as famosas rendas do Ceará, roupa de criança, redes do Caruaru, chapéus de palha de Vitória de Santo Antão e de couro de Cabrobó, tudo isso estava à venda exposto nas calçadas.

O mais sui generis dos produtos crioulos que sempre estavam presentes eram os tamancos de madeira e as sandálias rústicas com o solado de pneus Firestone. Estes saíram de circulação dos meios de transportes, porém nestas sandálias eles não se acabavam nunca.

Eu que o diga, pois as usei durante anos, nunca me envergonhei, muito pelo contrário, me vangloriava, pois os amigos usavam calçados da Casa Clarck que eram os preferidos pelos "veados" ricos da cidade.

Ali na esquina, estavam os vendedores de coco verde, malabaristas no uso do facão para preparar o coco (dizem que o coco da Paraíba é o que tem mais água e o mais doce, o nosso coco da praia é meio salobro).

Depois que o freguês bebeu o líquido divino, então para comer a "laminha saborosa" é oferecida uma colherzinha feita com a habilidade da própria casca do coco.

Esta colherzinha é mais um "engenho nordestino", assim como, a máquina de descascar laranjas nas portas dos estádios de futebol, nos domingos ensolarados e o "Mais Pesado que o Ar" (o avião de Santos Dumont que ninguém no mundo aceita como invenção brasileira).

Conquanto a tal colherzinha, ninguém discute, Ainda bem!

Mais pra longe, estavam ancoradas no cais de Santa Rita, as barcaças, desembarcando fardos de algodão "Mocó" do agreste e do sertão, sacos de farinha de mandioca, sacos de açúcar, engradados com pequenos animais ou aves, um mundo de esteiras de todo tamanho, redes, vassouras de Piaçaba, espanadores de carrapicho, varas compridas, gaiolas e alçapões de "barba de bode", e mais um mundão de mercadorias interioranas.

Noutras barcaças carregavam pra levar para o interior o sal das salinas do litoral, carne de charque proveniente do Rio Grande do Sul, pequenos utensílios domésticos de alumínio, tecidos, vestimenta, calçado (sapatos e botas), ferramentas para roça, roupa de cama, garrafas de refrigerantes e bebidas em geral, tudo que era material manufaturado na capital ou vinha do sul do País.

Todas essas operações, carregar, descarregar, empilhar, arrumar, amarrar eram feitas por mulatos musculosos, brilhando de suor nos dias de quenturas e sem brisa no Recife de verão eterno.

Estes intrépidos estivadores crioulos, que vestiam camisas feitas de sacos de farinha de trigo, usavam só seus braços e cabeças neste trabalho pesado. Era um costume dessa gente sempre estar cantando durante estas operações "portuárias". Eu nunca vi por lá guindastes ou cousa que o valha. Greve de estivadores nunca se ouviu falar por aqui.

Imaginem o colorido e o aroma de tudo isso apresentado ao público e visto através da janela da fubica 29, do chofer Simeão.

Era mesmo para quem estava chegando de fora, um "limpar da vista" e que nem Walt Disney conseguiria colocar na tela do cinema, e que ele me desculpe.

Fonte: http://geleiageneral.blogspot.com.br/2013/05/o-chofer-simeao-e-sua-fubica-parte-i.html


segunda-feira, 13 de maio de 2013

domingo, 12 de maio de 2013

PRESENTE DE DOMINGO...


FELIZ DIA DAS MÃES!!!


Minha mãe, me esperando...
MINHA MÃE

Vinicius de Moraes

Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Tenho medo da vida, minha mãe.
Canta a doce cantiga que cantavas
Quando eu corria doido ao teu regaço
Com medo dos fantasmas do telhado.
Nina o meu sono cheio de inquietude
Batendo de levinho no meu braço
Que estou com muito medo, minha mãe.
Repousa a luz amiga dos teus olhos
Nos meus olhos sem luz e sem repouso
Dize à dor que me espera eternamente
Para ir embora.  Expulsa a angústia imensa
Do meu ser que não quer e que não pode
Dá-me um beijo na fonte dolorida
Que ela arde de febre, minha mãe.

Aninha-me em teu colo como outrora
Dize-me bem baixo assim: — Filho, não temas
Dorme em sossego, que tua mãe não dorme.
Dorme. Os que de há muito te esperavam
Cansados já se foram para longe. 
Perto de ti está tua mãezinha
Teu irmão. que o estudo adormeceu
Tuas irmãs pisando de levinho
Para não despertar o sono teu.
Dorme, meu filho, dorme no meu peito
Sonha a felicidade. Velo eu

Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Me apavora a renúncia. Dize que eu fique
Afugenta este espaço que me prende
Afugenta o infinito que me chama
Que eu estou com muito medo, minha mãe.

O poema acima foi extraído do livro "Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 186.



Homenagem às mães que perderam os filhos para a ditadura...


sábado, 11 de maio de 2013

PORQUE HOJE É SÁBADO...


O ANJO MÃE

Uma criança pronta para nascer perguntou a Deus:
- Soube que estarei em breve sendo enviada à Terra. Como eu vou viver lá, sendo assim pequeno e indefeso?

E Deus lhe disse:
- Entre muitos anjos, eu escolhi um especial para você. Ele estará lhe esperando e tomará conta de você.

E a criança perguntou:
- Aqui no céu eu não faço nada, a não ser cantar e sorrir, o que é suficiente para que eu seja feliz. Serei feliz lá?

Deus respondeu:
- Seu anjo cantará e sorrirá para você... A cada dia, a cada instante, você sentirá o amor dele e será feliz.

- Como poderei entender quando falarem comigo se eu não conheço a língua que as pessoas falam?

E Deus afirmou:
- Com muita paciência e carinho, seu anjo lhe ensinará a falar.

- E o que farei quando quiser Te falar?

- Seu anjo juntará suas mãos e lhe ensinará a rezar.

E a criança ainda perguntou a Deus:
- Eu ouvi dizer que na Terra há homens maus. Quem me protegerá?

- Seu anjo lhe defenderá mesmo que signifique arriscar sua própria vida.

- Mas eu serei sempre triste porque eu não Te verei mais, disse a criança.

- Seu anjo sempre lhe falará sobre Mim e lhe ensinará a maneira de vir a Mim. Eu estarei sempre dentro de você.

Nesse momento havia muita paz no céu, mas as vozes da Terra já podiam ser ouvidas pela criança. Ela, apressada, suplicou a Deus:

- Está chegando a hora de eu ir. Agora diga, por favor, o nome do meu anjo.

E Deus respondeu:
- Você chamará seu anjo de MÃE!

Autor desconhecido


Imagem Google