terça-feira, 31 de dezembro de 2013

FELIZ ANO NOVO!!!

DESEJO

Victor Hugo

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.



domingo, 29 de dezembro de 2013

PRESENTE DE DOMINGO...

A HORA ÍNTIMA

Vinicius de Moraes

Quem pagará o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
Quem, dentre amigos, tão amigo
Para estar no caixão comigo?
Quem, em meio ao funeral
Dirá de mim: - Nunca fez mal...
Quem, bêbedo, chorará em voz alta
De não me ter trazido nada?
Quem virá despetalar pétalas
No meu túmulo de poeta?
Quem jogará timidamente
Na terra um grão de semente?
Quem elevará o olhar covarde
Até a estrela da tarde?
Quem me dirá palavras mágicas
Capazes de empalidecer o mármore?
Quem, oculta em véus escuros
Se crucificará nos muros?
Quem, macerada de desgosto
Sorrirá: - Rei morto, rei posto...
Quantas, debruçadas sobre o báratro
Sentirão as dores do parto?
Qual a que, branca de receio
Tocará o botão do seio?
Quem, louca, se jogará de bruços
A soluçar tantos soluços
Que há de despertar receios?
Quantos, os maxilares contraídos
O sangue a pulsar nas cicatrizes
Dirão: - Foi um doido amigo...
Quem, criança, olhando a terra
Ao ver movimentar-se um verme
Observará um ar de critério?
Quem, em circunstância oficial
Há de propor meu pedestal?
Quais os que, vindos da montanha
Terão circunspecção tamanha
Que eu hei de rir branco de cal?
Qual a que, o rosto sulcado de vento
Lançará um punhado de sal
Na minha cova de cimento?
Quem cantará canções de amigo
No dia do meu funeral?
Qual a que não estará presente
Por motivo circunstancial?
Quem cravará no seio duro
Uma lâmina enferrujada?
Quem, em seu verbo inconsútil
Há de orar: - Deus o tenha em sua guarda.
Qual o amigo que a sós consigo
Pensará: - Não há de ser nada...
Quem será a estranha figura
A um tronco de árvore encostada
Com um olhar frio e um ar de dúvida?
Quem se abraçará comigo
Que terá de ser arrancada?

Quem vai pagar o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?

Rio de Janeiro, 1950



sábado, 28 de dezembro de 2013

PORQUE HOJE É SÁBADO...

O TEMPO E AS JABUTICABAS

Rubem Alves

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.
Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de 'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado do que é justo.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.'
O essencial faz a vida valer a pena.


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

FELIZ NATAL!!!


MENSAGEM DE JESUS CRISTO AOS CRISTÃOS DO MUNDO*

“Cristãos do mundo:

Deus, o Supremo Criador e Pai Celestial, manda que sejam transmitidas a confiança e a esperança nos resultados positivos da era cristã. Há dois mil anos, Deus me enviou para levar ao mundo a fé, a paz, o amor, de cujos sentimentos surgirão as garantias da fraternidade, da harmonia e da espiritualidade.

Como exemplo da força da fé e para que o mundo compreendesse a extensão da minha missão, fui submetido ao sacrifício da crucificação, um martírio que sofri para que todos os homens entendam e aceitem também sacrificar-se para conquistar a paz desejada, a fraternidade imprescindível e o amor que constrói o espírito de plena irmandade cristã.

Sacrifiquei-me, ressuscitei, mostrei a meus discípulos o que eles deveriam fazer, subi aos céus, mas não deixei de estar, em espírito, presente ao lado de todos que têm fé e lutam pela conversão dos que ainda não sentiram a força dessa fé. Estive no mundo cumprindo as ordens do Criador para que todos tenham vida e vida em abundância, para que as crianças tenham plena acolhida e não sejam abandonadas, para que os excluídos tenham o direito de participar da mesa onde haja refeição digna, para que todo trabalhador tenha vaga para trabalhar e tenha terra para plantar e colher o seu sustento, com paga justa de seu esforço.

Vim socorrer os enfermos, perdoar os pecadores, matar a sede de quem tem sede, dar ao homem peixe e pão, multiplicados para que todos recebam a sua parte, vim para curar as suas doenças, tornar-lhes sadios física e espiritualmente. Preguei no deserto, fiz retiro nas montanhas, ensinei o bem por toda a Galileia e para todo o Universo, combati os vendilhões, apelei aos que detêm as riquezas que dividam um pouco com os irmãos necessitados.

Os poderosos reagiram à minha pregação e às minhas ideias, me julgaram, me açoitaram, me fizeram carregar a cruz e nela me crucificaram, na ilusão de que matariam as minhas lições de fé, porque não sabiam que meu pensamento era o sumo pensar de Deus, onisciente, onipresente e onipotente.

Ensinei-lhes, meus amados cristãos, a orar, a meditar, a fazer da fé a base para a vida conduzida para a harmonia, a irmandade, a união, sem guerras, dissensões, lutas por poder, por posse excessiva dos bens do mundo. Construí uma comunidade cristã que está bem plantada no mundo inteiro, dentro da instituição que agrega as pessoas de fé, ou seja, a Igreja, com os seus templos sagrados e seus dogmas que normatizam e sistematizam o exercício da religiosidade. Todo esse contexto, estruturei sob a orientação e os ensinamentos de nosso Pai, que me enviou para em nome Dele implantar o que for bom sobre a Terra.

Assim, nesse período natalino e da confraternização universal, vocês, irmãos cristãos, sigam o meu exemplo e o transmitam a seu semelhante. Minhas bênçãos descerão sobre vocês para que não fraquejem, não cedam às tentações, permaneçam sintonizados com as ideias que Deus mandou que eu, seu filho unigênito, partilhasse com vocês, meus amados irmãos.

Do Céu, em 20 de dezembro do ano 2013 D.C.

Subscrevo-Me,

Jesus Cristo,
Vosso Mestre e Salvador”.

*Autor: José Virgolino de Alencar


domingo, 22 de dezembro de 2013

PRESENTE DE DOMINGO...


POEMA DE NATAL

Carlos pena filho

- Sino, claro sino,
tocas para quem?

- Para o Deus menino
que de longe vem.

- Pois se o encontrares
traze-o ao meu amor.

- E que lhe ofereces velho pecador?

- Minha fé cansada,
meu vinho, meu pão
meu silêncio limpo,
minha solidão.






sábado, 21 de dezembro de 2013

SAUDADES...

Saudades do meu pai, que partiu há exatos dois anos...


PORQUE HOJE É SÁBADO...


CARTA PARA PAPAI NOEL

Clóvis Campêlo

Prezado Papai Noel:

Venho por meio dessas mal traçadas linhas propor-lhe um acordo. Mesmo que eu não consiga mais gostar do senhor como fazia quando era pequeno, prometo não mais lhe injuriar ou destratar.

Sei que o senhor não nasceu no Polo Norte como sempre me fizeram acreditar. Também, nessa altura da vida, não me interessa mais saber se o senhor é uma invenção da Coca-Cola, da CIA ou do FBI. Foda-se, essa sopinha de letras. Tampouco me interessa saber se trata bem as suas renas, poupando-as do excesso de trabalho, alimentando-as corretamente e levando-as ao veterinário sempre que necessário.

A única coisa que sei e percebo a seu respeito é que, mesmo sendo uma invenção, o senhor é querido no mundo todo e reconhecido como o símbolo mercantilista do Natal. Até a China nacionalista se rendeu e produz imagens suas que vende a preço de banana para o mundo todo. E, como dizem que a voz do povo é a voz de Deus, sou obrigado a lhe conferir essa outorga e esse título. Também, admito, sei que já me sinto maduro o suficiente para não mais alimentar insustentáveis teimosias.

Por outro lado, fico a pensar como o senhor suporta essa roupa tão quente quando vem ao Nordeste atender aos pedidos que lhe são feitos. Se no hemisfério norte o Natal acontece no inverno, com neve, pés de pinheiros e chocolate quente, aqui no Nordeste estamos em pleno verão e lhe cairia bem melhor um calção vermelho (ou azul) de praia. Proponho até levá-lo à praia do Pina, aqui no Recife, para tomar uma cervejinha brasileira estupidamente gelada e degustar um quebradinho de aratu (ou um sururu de coco). Acho que o senhor esqueceria rapidamente da carne de foca que se consome no polo norte. Mas isso tudo são conjecturas e já começo a tergiversar sobre o meu propósito principalmente que é selar a paz entre nós.

Confesso ainda, que apesar de hostilizá-lo intensamente, sempre admirei o vermelho, o preto e o branco dessa sua roupa quente, que me lembra o glorioso Santa Cruz Futebol Clube.

É por tudo isso e pelo muito mais do que se esconde nas entrelinhas dessa cartinha que proponho a paz. Juro, Papai Noel, que não aguento mais não gostar do senhor.

Recife, 2013




segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

domingo, 15 de dezembro de 2013

PRESENTE DE DOMINGO...


MOVIMENTO FINAL

Eliane Couto Triska

Coubéssemos numa sonata,
nossos risos e alegros
trariam o frio das bocas
às dores que, ao fim se voltam,
perdidas, no tempus mortem.
Sobrem poucas!

Coubéssemos numa sonata,
nossos lençóis encenariam o drama
da causa humana ao mar bruto,
pesados de velhice,
que, se de nós tudo disse,
venha a luto!

Coubéssemos numa sonata,
cada um dia do eterno
seria o menos do nada,
e, de nós dois,
o mais velho!



sábado, 14 de dezembro de 2013

PORQUE HOJE É SÁBADO...


QUANDO A PACIÊNCIA SE ESGOTA

José Calvino de Andrade Lima

Essa aconteceu nos anos 50, no Recife. Havia, na subida do Alto José do Pinho, bairro de Casa Amarela, uma horta, cujo dono era apelidado de “Seu Cu”. Não gostava, é claro, de ser chamado de “Seu...”, mas desde menino, os moleques dos Morros e adjacências, onde quer que o encontrassem, chamavam:

- “Seu Cu”, tem alface?

- “Seu Cu”, tem quiabo?

O dito cujo já estava com seus quarenta e poucos anos de idade e os meninos continuavam zombando dele...

Um dia, não mais aguentando meteu bala num dos zombeteiros e matou-o na hora. A família da vítima era rica; a do “Seu..., pobre.

Não houve jeito de encontrar um advogado para defendê-lo, pois o crime contava com muitas testemunhas.

Depois de apelarem para advogados, sem sucesso algum, resolveram procurar um tal de 'Zé Cachaça', advogado que há muito tempo deixara a profissão, pois, como o próprio apelido indicava, vivia de porre.

Pois não é que o 'Zé Cachaça' aceitou o caso? Passou a semana anterior ao julgamento sem botar uma gota de pinga na boca!

Na hora de defender o seu constituinte, ele começou a sua peroração assim:

- Meritíssimo juiz, honrado promotor, dignos membros do júri.

Quando todo mundo pensou que ele ia continuar a defesa, ele repetiu:

- Meritíssimo juiz, honrado promotor, dignos membros do júri.

Repetiu a frase mais uma vez e foi advertido pelo juiz:

- Peço ao advogado que, por favor, inicie a defesa.

Zé Cachaça, porém, fingiu que não ouviu e:

- Meritíssimo juiz, honrado promotor, dignos membros do júri.

E o promotor:

- A defesa está tentando ridicularizar esta corte!

O juiz:

- Advirto ao advogado de defesa que se não apresentar imediatamente os seus argumentos...

Foi cortado por Zé Cachaça, que repetiu:

- Meritíssimo juiz, honrado promotor, dignos membros do júri.

O juiz não agüentou:

- Seu bêbado irresponsável, está pensando que a justiça é motivo de zombaria? Ponha-se daqui para fora antes que eu mande prendê-lo.

Foi então que o Zé Cachaça disse:

-Senhoras e Senhores jurados, esta Corte chegou ao ponto em que eu queria chegar...

Vejam que: se apenas por repetir algumas vezes que o juiz é meritíssimo, que o promotor é honrado e que os membros do júri são dignos, todos perderam a paciência, consideraram-se ofendidos e me ameaçaram de prisão, pensem então na situação deste pobre homem, que durante quarenta anos, todos os dias da sua vida, foi chamado... tenho até vergonha de... (dramatizando, começou a chorar) !

Moral da história, o réu foi absolvido.

Obs: São relatos verídicos, mas o apelido do advogado é ficcional.

Fonte: http://josecalvino.blogspot.com.br/2013/01/quando-paciencia-se-esgota.html


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

DIA INTERNACIONAL DO VOLUNTÁRIO


SER VOLUNTÁRIO É SER SOLIDÁRIO

Antonio Silva

O voluntário dá-se aos outros
E em troca, só espera gratidão
A dádiva vale sempre a pena 
Porque é dada pelo coração

Ser voluntário é dar de nós 
Bons exemplos e boa vontade 
Para minorar os males alheios
E repartir com eles, felicidade

Os voluntários são mensageiros 
De justiça e bem-aventurança
Eles semeiam por todo o mundo 
As sementes boas da esperança

A solidão não dá felicidade 
Só há felicidade partilhada 
Não se pode ignorar o outro
Sozinhos, não somos nada 

Não é rico, quem têm muito 
Rico não é quem tem mais 
A riqueza sem solidariedade 
É pobre de valores espirituais 

Não são santos milagreiros 
Mas fazem milagres de verdade 
Acreditam num mundo melhor 
Pela partilha da solidariedade

O egoísmo não é virtude 
De que nos possamos orgulhar 
É a pobreza dos que têm muito
Mas tem tão pouco, para dar

Tudo aquilo que se desperdiça 
Tudo o que não faz falta a você
Faz falta, aquele que nada tem 
Não desperdice o que tem, dê

O voluntário é amigo do amigo
Ele é um amigo desinteressado
Que acredita num mundo melhor 
Num mundo, por todos partilhado


quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

CALENDÁRIO 2014 DA REDE FEMININA DE COMBATE AO CÂNCER


Este é o calendário de mesa para 2014 da Rede Feminina de Combate ao Câncer.
É um projeto lindo da 9ideia Comunicação, com impressão da Gráfica Santa Marta.
As modelos, mulheres lindas, são pacientes do Hospital Napoleão Laureano.
Toda a renda com as vendas dos calendários, será revertida em prol da Casa de Apoio da Rede Feminina, que faz um trabalho de acolhimento dos pacientes do Laureano, oriundos do interior do Estado, e que precisam ficar a semana inteira fazendo tratamento e não têm onde se abrigar.
Cada calendário custa R$ 10,00 e é um ótimo presente de Natal.

Para adquirir, basta se dirigir à Casa de Apoio, situada à Av. Doze de Outubro, 858, em Jaguaribe, João Pessoa. Telefone (83) 3241-5373.













domingo, 1 de dezembro de 2013

PRESENTE DE DOMINGO...

O ÓRGÃO QUE SOFRE MAIS
HOJE EM DIA É NOSSO OUVIDO

Pedro Paulo Paulino

Eu sou capaz de jurar
Que não é o coração,
Fígado, rim ou pulmão
Que sofrem pra se acabar.
Quem mais sofre sem cessar,
Todo dia é agredido,
O tempo inteiro ferido,
Com conseqüências letais:
O órgão que sofre mais
Hoje em dia é nosso ouvido.

No momento em que a criança
Vem chegando neste mundo,
Logo um barulho infecundo
Os seus tímpanos alcança.
E na medida em que avança,
Mesmo nessa tenra idade,
Tem a infelicidade
De ser vítima induzida
Da zoada desmedida
Que a nossa cabeça invade.

Na rua, tem paredão
De som a todo momento,
Estremece calçamento
Por causa da vibração.
Tornou-se o maior vilão
Da barulheira infernal
Que com certeza faz mal
Para o delicado ouvido,
Mas é troço preferido
Da geração digital.

Aparelho celular
Vibra, toca, grita e berra...
E tudo em cima da terra
Contribui para aumentar
O barulho de matar
Que tira o nosso sentido
E que agora está metido
Em quase todos locais:
O órgão que sofre mais
Hoje em dia é nosso ouvido.

No terreno musical,
Há muito, está comprovado:
Quem tem ouvido afinado
É quem mais se sente mal.
Pois se vive o ritual
De tudo quanto não presta,
Não existe mais seresta,
O bom gosto teve fim,
E as bandas de forró ruim
Invadem tudo que é festa.

Sertanejo sem raiz
Roda em tudo que é bodega.
Até mesmo a canção brega
Vive um momento infeliz.
Só doido não se maldiz
Com tanta imbecilidade.
Do chique à sociedade,
Quase não há distinção,
E o nosso ouvido então
É quem paga a crueldade.

Eu não defendo a surdez
Para alguém melhor passar
Nem silêncio tumular
Defendo por minha vez.
Porém, Beethoven, talvez
Se retornasse hoje em dia,
Por força que ele haveria
De ser surdo novamente,
Pra compor genialmente
Cada grande sinfonia.

“Mas é o mundo moderno”,
Há quem diga com orgulho,
Envolvido no barulho
Que torna a vida um inferno.
Pois o nosso ouvido interno
Sofre as angústias cruéis!
Até nossos menestréis
Estão desaparecidos,
Foram todos engolidos
Na fúria dos decibéis.

E não é só barulheira
Que vem do mundo eletrônico.
Tem outro problema crônico
Nesse império da besteira.
A pessoa farofeira,
Com assunto sem sentido,
Mal detalhado e comprido,
Debulhado ao bel-prazer,
Também provoca sofrer
No nosso indefeso ouvido.

Do tal tipo que começa
História que não tem fim,
Que não interessa a mim
Nem a você interessa;
Pessoa que não tem pressa
E já tem na língua, pronta,
Sem graça, história que conta
Sem pausa, à toa e perdido,
E cada drama escondido
No nosso ouvido desconta.

Ouvir conversa fiada
De político gatuno,
Um salafrário tribuno
Que só fala e não faz nada.
Notícia mal costurada
Dando conta de bandido
Diariamente exibido
Em quase todos canais:
O órgão que sofre mais
Hoje em dia é nosso ouvido.

Ouvir na televisão
Ou no radinho de pilha
Notícia só de quadrilha,
De crime e corrupção.
Pastor com bíblia na mão
E microfone empunhado,
Falando contra o pecado,
Praticando a hipocrisia...
O nosso ouvido hoje em dia
É quem mais sofre, coitado!

Ouvir cantor estrangeiro
Que nada tem de cantor,
Exaltado com fervor
Pelo povo brasileiro.
Ouvir grupo pagodeiro
De ritmo desenxabido,
Repertório repetido,
Mesmo assim sucesso faz:
O órgão que sofre mais
Hoje em dia é nosso ouvido.

O barulho hoje é quem manda
No mundo de todo jeito,
Passando um falso conceito
Com engodo e propaganda.
Também é coisa nefanda
Ouvir um espertalhão
Profetizando um tufão
Pra destruir Fortaleza,
E a mídia, com certeza,
Dando espaço ao charlatão!

O barulho é inimigo
Da paz e tranqüilidade,
Porém, na atualidade
Todo canto é seu abrigo.
Tornou-se um grande castigo
Para um ouvido sensível.
Ameaçador terrível
Que rouba a concentração.
Até nosso coração
Já se tornou inaudível.

O mundo vive confuso
Uma torre de babel.
Quando aumenta um decibel,
Mais aperta o parafuso.
E, como perdeu seu uso,
Silêncio não faz sentido.
E por ele ter morrido,
E porque somos mortais,
O órgão que sofre mais
Hoje em dia é nosso ouvido.


Campos, 21/11/13