domingo, 24 de fevereiro de 2013

PRESENTE DE DOMINGO...


EU QUE SOU FEIO, SÓLIDO, LEAL

Cesário Verde

Eu que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.

Sentado à mesa de um café devasso,
Ao avistar-te, há pouco fraca e loura,
Nesta babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.

E, quando socorrestes um miserável,
Eu, que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, saudável.

«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus-me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.

Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez que não o suspeites! -
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.

Soberbo dia! Impunha-me respeito
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de sossego,
Desejava beijar o teu peito.

Com elegância e sem ostentação,
Atravessavas branca, esbelta e fina,
Uma chusma de padres de batina,
E de altos funcionários da nação.

«Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!»
De repente, parastes embaraçada
Ao pé de um numeroso ajuntamento,

E eu, que urdia estes frágeis esbocetos,
Julguei ver, com a vista de poeta,
Uma pombinha tímida e quieta
Num bando ameaçador de corvos pretos.

E foi, então que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és tênue, dócil, recolhida,
Eu, que sou hábil, prático, viril.

Imagem Google

sábado, 23 de fevereiro de 2013

PORQUE HOJE É SÁBADO...


O COMPUTADOR, O HOMEM E A MULHER

Custódio

Com a prática do sexo virtual, muitas pessoas estão preferindo a companhia de um computador a de um parceiro mais real e palpável. Diante dessa nova preferência sexual, resolvemos fazer uma comparação:

POR QUE O COMPUTADOR É MELHOR...

QUE O HOMEM: Não arrota depois de você alimentá-lo.

QUE A MULHER: Vem com botão de "desliga".

QUE O HOMEM: Não ronca. Se roncar, eles vêm e dão um novo pra você.

QUE A MULHER: Sempre pergunta antes de jogar suas coisas fora.

QUE O HOMEM: Tem sempre uma interface amigável.

QUE A MULHER: A manutenção é mais barata.

QUE O HOMEM: O disco dele está sempre rígido.

QUE A MULHER: Não "discute a relação".

QUE O HOMEM: Quando começa a ficar lento e cheio de manias, você troca por outro melhor.

QUE A MULHER: Não reclama se você pluga atrás, até melhora o rendimento.

QUE O HOMEM: Se estiver meio travado, é só recomeçar.

QUE A MULHER: Não enche quando você não liga.

QUE O HOMEM: Não fica babando atrás de outra.

QUE A MULHER: Não precisa ficar procurando o clitóris.

QUE O HOMEM: Sempre usa as ferramentas que você traz pra ele.

QUE A MULHER: Você pode ter dois ou três ao mesmo tempo, que eles até se dão bem.

QUE O HOMEM: Não fica trocando de canal.

QUE A MULHER: Ajuda você a fazer o orçamento, em vez de gastá-lo.

QUE O HOMEM: Se você não entendeu, ele explica tudo de novo.

QUE A MULHER: Se ficar atacado, é só tirar da tomada.

QUE O HOMEM: Tem ares de modernidade e não tem bafo de cerveja.

QUE A MULHER: Imprime em várias cores sem marcar seu colarinho com batom.

QUE O HOMEM: Você o alimenta mas ele não cria barriga.

QUE A MULHER: Recebe seus fluxos mas não engravida.

QUE O HOMEM: Faz as compras com você e não reclama quando você usa o cartão.

QUE A MULHER: Quando diz "processando..." quer dizer os dados, não você.

QUE O HOMEM: Não deita pro lado e dorme.

QUE A MULHER: Nunca diz "hoje tô com dor de cabeça".

QUE O HOMEM: Não tem aquelas unhas dos pés horríveis.

QUE A MULHER: Pagar um upgrade sai mais barato que pagar uma plástica.

QUE O HOMEM: Você pode confiar mais na memória dele.

QUE A MULHER: A tensão dele nunca pré-menstrual.

QUE O HOMEM: Não solta gases.

QUE A MULHER: Não corneia.

QUE O HOMEM: Não sintoniza mesas redondas de domingo.

QUE A MULHER: Não tem mãe nem advogado.

José Custódio Rosa Filho, 1967, vem atuando no mercado desde 1988, fazendo tiras, charges, ilustrações, páginas de humor para revistas e criando personagens para entidades e publicações. Recentemente lançou, com sucesso, seu primeiro livro, o "Manual do Sexo Virtual", Editora Nova Alexandria - São Paulo, 2000. Em seu portal na Internet, "Programa de Índio", vocês encontrarão diversas páginas com muito humor. Confiram em http://www.custodio.net.

Além de boa praça, ótimo como chargista e escritor, ainda toca sax-tenor na Banda Smith, seguindo a tradição de seus pares (Veríssimo, Aroeira e outros mais).

Extraímos o texto acima de seu primeiro livro, pág.21. ©Custódio


Imagem Google



terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

SOU SEX!




Foto: 10/02/2013
SOU SEX!

Hoje eu completo 60 anos de idade, portanto, sou sex...agenária e feliz!!!

Não tenho o menor problema em declarar a minha idade e apesar de todos os percalços pelos quais já passei, minha vida é muito boa e não tenho do que reclamar. Estudei (fiz 3 cursos de graduação e terminei dois), sou servidora pública federal aposentada, faço um trabalho voluntário na Rede Feminina de Combate ao Câncer da Paraíba que me gratifica muito, tenho um AP simples, mas muito legal! Tenho um Fiat Uno que comprei zero e vai fazer 17 anos, mas está totalmente em forma, porque, afinal, é um adolescente... As contas estão em dia, embora não sobre dinheiro para supérfluos nem para algo que gosto muito que é viajar. Moro numa cidade ainda muito tranquila, com uma boa qualidade de vida e onde pretendo morrer. Cuidei da minha família, principalmente dos meus pais, motivo pelo qual creio ter cumprido muito bem a minha missão na Terra.

Não casei e mesmo sem casar podia ter filhos, mas não quis. Talvez me arrependa um dia por isso, mas acho difícil. Tive muitos namorados, um por vez, mas acho que meu destino não era casar e estou muito bem assim. E os críticos de plantão vão me chamar de vadia e outras coisas menos gentis, mas não estou nem aí! Podia e posso namorar muito porque sou solteira, livre e desimpedida. Se os homens podem, eu também posso! Ponto final!!!

Sobrinhos do meu pai
Sou órfã de pai, mãe, irmão e sobrinho, infelizmente, mas do meu núcleo familiar ainda tenho uma sobrinha e três sobrinhos-netos fofos, filhos do sobrinho. Também tenho muitas primas e primos e um tio e uma tia por parte de mãe. Na doença do meu pai, as suas sobrinhas e sobrinhos foram de vital importância para que eu conseguisse levar a termo a minha missão de cuidar dele. 

Tanto quanto minha família, minhas amigas e amigos são um capítulo muito importante na minha vida, porque, sempre que precisei estiveram presentes, me confortando, me dando a mão, o ombro para chorar e, muitas vezes, também me socorrendo materialmente. Isso não tem preço!

Além de experiência, maturidade e tudo o que conquistei, fazer 60 anos traz um monte de benefícios. De hoje em diante vou poder entrar nas filas preferenciais, estacionar nas vagas de idosos (se não estiveram, INDEVIDAMENTE, ocupadas por jovens, é claro!), ter direito a uma hora grátis na Zona Azul, pagar meia entrada em cinemas, teatros, shows, eventos esportivos, sentar nos assentos reservados aos idosos (também se não estiverem ocupados por jovens), prioridade na tramitação de processos e procedimentos na Justiça, etc, etc, etc. E para tudo isso ficar melhor, só ganhando na megasena, para realizar meu sonho de conhecer, além de todo o Brasil, o mundo!

Meus sobrinhos-netos Yasmin, Lucas e Miguel
Saibam que, pela primeira vez, eu me sinto realmente livre! As pessoas com as quais tinha responsabilidade e dever de cuidar, já partiram. Agora minha responsabilidade é só comigo. Posso ir e vir para onde e quando quiser, sem precisar dar satisfações nem ficar preocupada com a hora de voltar. Essa é uma situação que não tem preço!

E não me mandem procurar minha turma porque já estou fazendo isso! Estou à cata de um grupo da terceira idade, melhor idade ou o nome que queiram dar, para me engajar. Quero participar de atividades e fazer novos amigos, pois meus grandes, queridos e velhos amigos estão um pouco longe de mim, no Recife, São Paulo, Aracaju e outros lugares. Não vou substituí-los, claro, até porque são insubstituíveis, quero só fazer novos para seguir com a vida, agora que estou órfã dos meus pais.

Foto: 20/08/2012
Como comemoração a esta data, gostaria de fazer uma grande festa, porque adoro celebrar meu aniversário, mas como a grana está curta, não vai dar. Acho que a vida é uma dádiva e que devemos exultá-la sempre, principalmente porque não sabemos quando ela chegará ao fim.

E não sei se ainda vou viver muito, mas, se isso acontecer, torço para que seja com saúde, pelo menos razoável, para não dar trabalho a ninguém, afinal não tenho filhos que possam me socorrer numa doença. O meu desejo é morrer de um infarto fulminante para que as pessoas só tenham o trabalho de me enterrar, até porque o jazigo eu já tenho, onde estão meus pais e irmão, só me esperando...

Mas eu amo viver, portanto, ainda quero viver muito, enrugadinha, gordinha, chatinha, feinha, brigando muito pelo que acho certo e me indignando pelas coisas erradas e ruins que o mundo nos oferece todos os dias, enfim, sendo na velhice o que fui na juventude.

E viva a vida!!!

Fátima Vieira