quinta-feira, 14 de abril de 2011

DALINHA CATUNDA, ZEALBERTO COSTA E ROSÁRIO PINTO














OITO PÉS DE QUADRÃO

DALINHA CATUNDA
Quando pego meu cinzel
Para esculpir um cordel
Galopo feito um corcel,
Dispara a imaginação.
Sem dispensar a magia
Transbordando de alegria
Gravo minha poesia
Com grande satisfação.
*
ZEALBERTO COSTA
Também sou apaixonado
Por cordel cadenciado
Rimado e metrificado
Lá no fundo da cachola,
Debochado ou moralista
No livro do Cordelista
Na boca do repentista
Que nunca foi à escola.
*
ZEALBERTO COSTA
Já ouvi muitos duelos
De cantadores famosos
Repentistas fabulosos
Como os três irmãos Batista,
Grande Pinto do Monteiro,
Que cantavam a esperança
Vivem agora na lembrança
Do seu povo saudosista.
*
DALINHA CATUNDA
Ai como eu queria ver,
Ciscando em meu terreiro
Este Pinto do monteiro
Repentista genial,
Que muita gente encantou.
Dele ficou na verdade
Versos e muita saudade
Deste vate sem igual.
*
ZEALBERTO COSTA
Os melhores repentistas
Nasceram aqui neste chão
Comendo charque e feijão
Com rapadura e farinha,
Aprendendo de menino
Como se faz poesia
Tocando com maestria
Nas cordas da violinha.
*
DALINHA CATUNDA
Um repentista dos bons
Me faz sorrir e chorar
Me faz até gargalhar,
Conforme a situação.
Tocando sua viola,
Ou mesmo uma rabeca
Quando o dedo ele sapeca
Balança meu coração.
*
ZEALBERTO COSTA
Cantar num “pé-de-parede”,
Pinga pra “matar a sede”,
Dormir um sono na rede
São coisas do meu sertão.
Um violeiro cantando
O povo todo escutando
Ele só improvisando
Nos oito pés de quadrão.
*
DALINHA CATUNDA
Quando um violeiro canta
A minha alma se encanta,
Minha alegria, é tanta!
Que chego a me requebrar.
E danço xote e baião,
Arrasto meu pé no chão.
Nos oito pés de quadrão,
Sem vontade de parar.
*
ROSÁRIO PINTO
Minha vida é no cordel
Ele é meu bacharel
E, quem paga o aluguel.
Ele é meu ganha-pão
Realizo meu trabalho
Se errar, pego o atalho,
Ou, então, me atrapalho
Nos oito pés a quadrão.
*
Amiga, eu também quero
Participar do lero-lero,
Na peleja sou sincero
Posso até me travesti,
Passar das saias pra calça
Sem topada, sem percalço,
Atravessar rio à balsa,
Mas, confesso que vivi.
*
Zealberto / Maceió-AL / Abril/2011
Dalinha Catunda / Rio de Janeiro-RJ
Rosário Pinto / Rio de Janeiro
Foto: Dalinha Catunda




4 comentários:

Rô... disse...

bom dia Fatita...
que delicia...

é bom ler coisas diferentes do
nosso dia a dia...
adorei!

uma linda quinta
beijinhos

Fatita Vieira disse...

Rô,

Bom que gostou. Essa turma é muito boa!

Uma ótima quinta para você também!

Beijos!

Dalinha Catunda disse...

Olá Fatita,
Obrigada pelo carinho em divulgar nossas produções é sempre muito importante esta sua parceria.
Pode passar sempre lá nos blogs e pescar o que quiser para postar.
Obrigada sempre
Beijos,
Dalinha

Fatita Vieira disse...

Dalinha,

É um prazer para mim publicar as coisas boas que encontro nos blogs que sigo como em outros sítios da net.

Não se preocupe que, de vez em quando, vou lá pegar uma belezura como essa (risos).

Domingo pretendo publicar uma belezura sua, de utilidade pública.

Beijos!