domingo, 17 de julho de 2011

PRESENTE DE DOMINGO...


BABADOS NO CORDEL

1
O cordel vestindo calça,
No Nordeste apareceu.
A mulher apaixonou-se
Tal paixão não escondeu.
E pegou o seu cinzel
Esculpindo seu cordel,
Belos versos escreveu.

2
Foi assim que floresceu,
Cordel de saia também.
A mulher faz seu cordel
Com a manha que já tem.
Incansável na labuta,
Naturalmente astuta,
Do homem não fica aquém.

3
E por querer competir,
Pensando em ser parceira
A mulher pega a estrada,
Sem ter medo da poeira.
De igual para igual
Faz peleja virtual
Na arte é aventureira.

4
O cordel já não é mais
O tal clube do Bolinha
Encarando as cuecas
Vejo um monte de calcinha
Tudo no mesmo varal
Sem balanço desleal
Enfrentando a mesma linha.

5
Enquanto faz o café
E cozinha seu feijão
A mulher vai matutando
E criando oração
E assim faz seu cordel
Passando para o papel
Pedaços de criação.

6
Às vezes deita na rede
E olhando a Luz do luar.
Cria versos tão bonitos,
Que chega a se admirar
Da sua inspiração,
Se entrega de coração,
Ao labor de versejar.

7
De fuxico em fuxico,
A trama ganha teor.
No alinhavo dos versos,
Põe arremate de amor
Fazer versos virou vício
E sem muito sacrifício,
Tem como ofício compor.

8
Entre um afazer e outro
Explode a criação,
Tem sempre um novo babado
Em sua combinação
Entre a seda e a chita
Sem nunca ficar aflita
Eleva sua construção.

9
A internet foi chegando
Causando revolução,
E abriu para mulher,
Novo campo de ação
Morada da liberdade
E com versatilidade.
Mostra sua evolução.

10
Aprendeu bem a glosar
Para isso usa a mão,
E com os dedos faz arte
Chamada digitação.
Neste mundo virtual
Navegar é natural
Nas ondas da emoção.

11
Tira rima da cabeça
Para fazer o seu mote
Faz com a simplicidade
De quem tira água do pote
Nordestina e internauta
Com seu jeitinho peralta
Versos tem é um  magote.

12
O certo é que a mulher
Em sua concepção
Fica prenhe de palavras
E só ver uma solução,
A de parir poesia
Buscando com alegria,
Ter nova penetração.

13
Sei que entre um batom,
Uma escova e um trato
Em folhetos de cordel
A mulher põe seu retrato
E sabe fazer bonito
Tem graça o seu escrito
Pois nunca deixa barato.

14
Sempre se diz aprendiz,
Mas fingindo ser modesta,
E tem delas que encaram
Qualquer marmanjo de testa,
E vão impondo respeito
Conquistando o direito
De fazer a sua festa.

15
Às vezes faz uma fita,
Para chamar atenção.
Sempre tem carta na manga
Mas descarta a mangação.
Por gostar de parceria
Demonstra sua alegria
E brilha na atuação.

16
O cordel sem a mulher
É Adão sem sua Eva,
É o planeta sem o sol
Onde tudo é breu e treva.
É comida sem ter sal
Amigo não leve a mal,
É serra onde não neva.

17
A mulher rasgou o véu,
E acabou com a ditadura
E não foi só no cordel
Mas em toda conjuntura
Totalmente liberada
Enfrenta toda parada
Pois tem jogo de cintura.

18
E quando é alfinetada,
Não dá muita atenção.
Sendo olhada de soslaio
Empina o nariz então.
Mágoa não vive guardando
E sua anágua vai rodando,
Sempre em movimentação.

19
A mulher pede passagem
Pois soube tecer caminhos
A conquista da igualdade
Teve flores e espinhos.
Na base do não me calo!
Hoje ela canta de galo,
Não fica chocando ninhos.

20
A mulher para o cordel
É uma boa aquisição.
Triste seria o cordel
Mantendo apenas varão
Vejo o cordel lá no alto,
E a mulher com o seu salto
Fazendo revolução!

21
Este cordel é mais um
Entre outros que virão
Nele botei meu tempero
Não sei se errei na mão
O meu nome é Dalinha
Vou seguindo minha linha
Sem temer opinião.

Texto e imagem de Dalinha Catunda




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