ÁRVORES DO ALENTEJO
Florbela
Espanca
Horas mortas? Curvada aos pés
do Monte
A planície é um brasido? e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!
A planície é um brasido? e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol
posponte
A oiro e giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
A oiro e giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que
choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e
vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
pedindo a Deus a minha gota de água.
- Também ando a gritar, morta de sede,
pedindo a Deus a minha gota de água.
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