Aos
23 anos, no Recife
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Hoje minha mãe
faria 90 anos. Diferentemente do meu pai ela não ansiava por chegar a essa
idade, mas queria ter uma vida longa e saudável, o que, infelizmente, não
aconteceu, pois morreu aos 67 anos, em 1990.
Era uma pessoa
alegre, de bem com a vida e gostava demais de ajudar as pessoas. Era capaz de
passar o dia dando comida para todos os pedintes que batiam à nossa porta.
Foi uma mãe e
esposa exemplar. Brincava com os filhos, fazia aniversários e casamentos das
minhas bonecas, doces, salgados e bolos confeitados para os nossos
aniversários, sem nunca ter feito um curso de confeitaria.
Quando éramos
pequenos, morávamos no bairro de Beberibe, no Recife. Papai trabalhava como
contínuo no Banco Lar Brasileiro e o expediente era de oito horas. Todos os
dias ele ia almoçar em casa e sempre encontrava o almoço pronto para voltar ao
trabalho. Detalhe: éramos muito pobres, o fogão era de barro e ela cozinhava
com carvão, mas nunca a comida atrasou para o meu pai. Ela adorava cozinhar.
Inventava comidas no dia-a-dia, para o nosso deleite.
Depois que me
tornei adulta, meus amigos sempre iam à minha casa e ela os tratava muito bem.
Quem vinha de fora e ficava hospedado lá em casa, ela tratava a pão-de-ló e
todos gostavam muito dela.
Era baixinha e
muito braba. Não deixava que ninguém lhe pisasse nem lhe dissesse desaforos,
mas era uma manteiga derretida com os filhos. Não batia em nós nem colocava de
castigo e quando aprontávamos algumas ela só dizia: “quando seu pai chegar eu
digo!”. E perdia toda a moral, porque não nos castigava na hora. Meu irmão, que
era um pestinha, nem ligava para o que ela dizia. Eu era mais calma e caseira,
não dava muito trabalho.
Sinto muita falta
dela ainda e parece que foi ontem que ela partiu. Houve momentos na minha vida
que só ela poderia me consolar, mas não estava mais aqui para fazer isso... É o
curso natural da vida...
Saudades de você,
querida e amada mãe!
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