A BRIGA NO CÉU
Renato Sobrinho
1
Arregale bem os olhos
Que nem caboré no oco
Pois vou mostrar a vocês
Zuada e muito papoco
Quando lhes apresentar
Esse cordel muito louco
2
São Pedro deu um sopapo
Na cara de São Miguel
São Paulo correu pra cima
Com um rolo de pastel
Assim iniciou a baderna
E a tapa comeu no céu.
3
Poucos santos entenderam
todo aquele alvoroço
Santo Antônio quis saber
Quem começou o destroço
E dizia pra si mesmo:
- Nesse angu tem caroço!
4
São Marcos apareceu
Ali pela redondeza
Inquiriu Santa Inês
E também Santa Tereza
E outros santos sagrados
O porque da aspereza.
5
A peia comeu de esmola
Que varou a madrugada
São Tomé quis ver pra crer
Ao ouvir tanta zuada
E Judas veio do inferno
Atiçar a rapaziada.
6
- Dou 100 reais p'ro primeiro
Que derrubar São João!
- Gritou Judas bem sacana
Com o cacete na mão.
E quando alguém dava as costas
Ele descia o pilão
7
São Luiz ia passando
Por ali despercebido
Jogaram uma cadeira nele
Pegou-lhe no pé-do-ouvido
Passou seis dias de coma
Com o seu quengo partido.
8
Naquela hora de luta
Todo santo ali pecou
Muito palavrão foi dito
Na hora que o pau quebrou
Auréola e cacete voando
Nem São Tomé escapou.
9
Mesmo não querendo crer
São Tomé foi obrigado
Um tapaoi na orelha
O deixou atordoado
Levantou cambaleando
Dizendo desacreditado.
10
- Que homem de pouca fé!
Judas veio lhe zoar
- Eu vou mostrar a você
Como deve acreditar!
Deu-lhe tal murro na venta
Que fez o catarro voar.
11
Ele enfim acreditou
E correu feito menino
Levando chute na bunda
Que o feijão ia zinindo
As orelhas "leco!leco!"
E o c.. fechando e abrindo.
12
São Pedro logo apelou
Ao ver que já apanhava
Chamou os raios do céu
Então o corisco cantava.
Os outros santos corriam
enquanto o faiscal brilhava.
13
São Paulo não fez por menos
E botou pra explodir
Jogou uma banda do céu
Que fez São Pedro fugir
São João então gritou:
- Agora o céu vai cair!!
14
Logo chegou Jesus Cristo
Com um chicote na mão
Meteu a sola em São Paulo
Em São Pedro e São João
E com Judas fez pior,
Deu uma surra de pilão.
15
São Tomé todo esfolado
Nem podia se mexer
Pediu perdão a Jesus
E disse agora crer
Quando soube que Jesus
Veio ali aparecer.
16
São Marcos chegou então
Pois era o delegado
Já trazia o camburão
E São Miguel algemado
Pra explicar o ocorrido
Daquele tumulto armado.
17
Disse ele: - Foi São Miguel!
O autor da putaria
Ele devia a São Pedro
E disse que só pagaria
Quando "São Nunca" voltasse
da terra da fantasia.
18
Foi depois dessa gracinha
Que São Pedro irritado
Desceu-lhe a mão na orelha
Que Miguel caiu sentado,
São Paulo que é seu amigo
Partiu de lá revoltado.
19
Foi então que o pau quebrou
E começou o bate-bate
Vinte santos se envolveram
Em todo esse combate
A sorte é que Jesus Cristo
Veio evitar o desastre.
20
Mais uma hora de briga
E o céu desmoronava
Pois São Paulo e São Pedro
A ira lhes controlava
Nem pareciam mais santos
E Judas só caçoava.
21
Jesus usou da palavra
E sua sabedoria
Disse perdoar a todos
Mas não admitiria
Confusão ali no céu
Ou o castigo viria.
22
- Mais castigo do que peia?!!
Observou São Tomé.
- Pois apanhei sem saber
Igual a jumento em pé!
Foi o que me aconteceu
Por ser um homem sem fé.
23
- Já basta! - disse Jesus
De toda essa confusão.
Vão logo pras suas nuvens
Não quero mais multidão.
Vão curar seus ferimentos
Com água de sal e sabão.
24
Assim acabou a briga
Que narro aqui no cordel
E tudo voltou ao normal
Nas redondezas do céu
Por causa da brincadeira
Do Arcanjo São Miguel.
Arregale bem os olhos
Que nem caboré no oco
Pois vou mostrar a vocês
Zuada e muito papoco
Quando lhes apresentar
Esse cordel muito louco
2
São Pedro deu um sopapo
Na cara de São Miguel
São Paulo correu pra cima
Com um rolo de pastel
Assim iniciou a baderna
E a tapa comeu no céu.
3
Poucos santos entenderam
todo aquele alvoroço
Santo Antônio quis saber
Quem começou o destroço
E dizia pra si mesmo:
- Nesse angu tem caroço!
4
São Marcos apareceu
Ali pela redondeza
Inquiriu Santa Inês
E também Santa Tereza
E outros santos sagrados
O porque da aspereza.
5
A peia comeu de esmola
Que varou a madrugada
São Tomé quis ver pra crer
Ao ouvir tanta zuada
E Judas veio do inferno
Atiçar a rapaziada.
6
- Dou 100 reais p'ro primeiro
Que derrubar São João!
- Gritou Judas bem sacana
Com o cacete na mão.
E quando alguém dava as costas
Ele descia o pilão
7
São Luiz ia passando
Por ali despercebido
Jogaram uma cadeira nele
Pegou-lhe no pé-do-ouvido
Passou seis dias de coma
Com o seu quengo partido.
8
Naquela hora de luta
Todo santo ali pecou
Muito palavrão foi dito
Na hora que o pau quebrou
Auréola e cacete voando
Nem São Tomé escapou.
9
Mesmo não querendo crer
São Tomé foi obrigado
Um tapaoi na orelha
O deixou atordoado
Levantou cambaleando
Dizendo desacreditado.
10
- Que homem de pouca fé!
Judas veio lhe zoar
- Eu vou mostrar a você
Como deve acreditar!
Deu-lhe tal murro na venta
Que fez o catarro voar.
11
Ele enfim acreditou
E correu feito menino
Levando chute na bunda
Que o feijão ia zinindo
As orelhas "leco!leco!"
E o c.. fechando e abrindo.
12
São Pedro logo apelou
Ao ver que já apanhava
Chamou os raios do céu
Então o corisco cantava.
Os outros santos corriam
enquanto o faiscal brilhava.
13
São Paulo não fez por menos
E botou pra explodir
Jogou uma banda do céu
Que fez São Pedro fugir
São João então gritou:
- Agora o céu vai cair!!
14
Logo chegou Jesus Cristo
Com um chicote na mão
Meteu a sola em São Paulo
Em São Pedro e São João
E com Judas fez pior,
Deu uma surra de pilão.
15
São Tomé todo esfolado
Nem podia se mexer
Pediu perdão a Jesus
E disse agora crer
Quando soube que Jesus
Veio ali aparecer.
16
São Marcos chegou então
Pois era o delegado
Já trazia o camburão
E São Miguel algemado
Pra explicar o ocorrido
Daquele tumulto armado.
17
Disse ele: - Foi São Miguel!
O autor da putaria
Ele devia a São Pedro
E disse que só pagaria
Quando "São Nunca" voltasse
da terra da fantasia.
18
Foi depois dessa gracinha
Que São Pedro irritado
Desceu-lhe a mão na orelha
Que Miguel caiu sentado,
São Paulo que é seu amigo
Partiu de lá revoltado.
19
Foi então que o pau quebrou
E começou o bate-bate
Vinte santos se envolveram
Em todo esse combate
A sorte é que Jesus Cristo
Veio evitar o desastre.
20
Mais uma hora de briga
E o céu desmoronava
Pois São Paulo e São Pedro
A ira lhes controlava
Nem pareciam mais santos
E Judas só caçoava.
21
Jesus usou da palavra
E sua sabedoria
Disse perdoar a todos
Mas não admitiria
Confusão ali no céu
Ou o castigo viria.
22
- Mais castigo do que peia?!!
Observou São Tomé.
- Pois apanhei sem saber
Igual a jumento em pé!
Foi o que me aconteceu
Por ser um homem sem fé.
23
- Já basta! - disse Jesus
De toda essa confusão.
Vão logo pras suas nuvens
Não quero mais multidão.
Vão curar seus ferimentos
Com água de sal e sabão.
24
Assim acabou a briga
Que narro aqui no cordel
E tudo voltou ao normal
Nas redondezas do céu
Por causa da brincadeira
Do Arcanjo São Miguel.
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