TEMPLE GRANDIM
Mulher consegue vencer autismo com máquina do abraço nos EUA.
Temple Grandin nasceu com autismo grave. Em uma época na fazenda, a partir da vacinação das vacas, ela criou a máquina do abraço. Hoje, ela tem pós-doutorado em veterinária e já consegue abraçar algumas pessoas. Na infância, o mundo externo era um enigma. "Quando eu tinha 3 anos, não conseguia falar nada. Eu me sentava e balançava, gritava, não olhava nos olhos de ninguém", conta a veterinária Temple Grandin. O pai queria que ela fosse internada em uma instituição psiquiátrica. Temple Grandin recebeu o diagnóstico: autismo grave. O autismo é uma doença neurológica que causa dificuldades severas de comunicação, relações sociais e comportamento.
A infância e a adolescência foram muito difíceis, tendo que lidar com medo e a ansiedade, os sintomas do autismo, até que Temple Grandin foi levada para passar uma temporada em uma fazenda. Convivendo com os animais, ela entendeu que pensava de forma diferente.
"Eu me interessei por cavalos e, convivendo com eles, entendi que o meu jeito de pensar era diferente. O meu pensamento não é baseado em linguagem, mas em imagens", explica. Se ela ouve a palavra "árvore" vê uma certa árvore em que brincava, quando era pequena.
Temple descobriu ainda uma característica parecida com a dos animais. A tese dela é que a mente de um autista funciona como a de um animal. Medo é a principal emoção. "Animais estão sempre alerta. Antes de tomar antidepressivos, eu estava sempre olhando assustada, prevendo perigo."
Na fazenda, Temple ficou fascinada pela vacinação de vacas. Os animais eram levados do curral para um corredor. Barras de ferro se fechavam até o ponto de segurá-las. Elas não se machucavam e eram vacinadas. "Eu observei que os animais ficavam calmos, depois de serem pressionados. Notei que a pressão das barras de ferro os acalmava", diz Temple.
Temple teve a ideia de copiar o método de vacinação das vacas e criou a máquina do abraço, recriada em um filme que conta a história dela. Estrelado pela atriz Claire Danes, o filme ganhou sete estatuetas do Emmy, o Oscar da televisão.
Ela controlava a pressão da máquina, ficava ali até 20 minutos, uma vez por semana, e saía relaxada. “A pressão acalma. Não funciona com todo mundo. Por outro lado, fazer carinho levemente com a mão lhe causa medo”, diz.
Em 2005, o repórter Nelson Araújo esteve na Carolina do Norte com Temple Grandin e experimentou a sensação de ser abraçado pela máquina, e gostou: “É bom e realmente relaxa”.
A máquina do abraço não existe mais. Quebrou e não foi consertada. Temple Grandin diz que já consegue abraçar algumas pessoas. Foi um processo gradativo de perder a hiper-sensibilidade.
O processo começou ainda quando era criança. O esforço enorme da mãe, dos terapeutas e dos professores foi essencial para que ela se desenvolvesse. Com afeto, ajuda profissional e apoio, Temple conseguiu quebrar a barreira do autismo.
Hoje, ela tem pós-doutorado em veterinária. É especialista em neurociência e dá palestras no mundo inteiro para pecuaristas sobre como criar o gado, respeitando os animais. Ela desenvolveu um projeto de curral cheio de curvas, que reduz o estresse dos bois, antes do abate.
Temple surpreendeu psicólogos e psiquiatras, escrevendo livros e uma autobiografia, em que conta como é ser autista. Ela ensina como os sentimentos afetam quem tem autismo. “Eu tenho emoções, mas elas são simples, eu fico com raiva, fico triste, fico alegre e tenho medo”, revela.
Aos 63 anos, Temple diz que não quer parar de trabalhar nunca. Com o trabalho, ela faz parte do mundo. “Eu me sinto responsável por dar informações corretas para as pessoas e informações práticas. Essa é a minha missão", declara.
Fonte: http://migre.me/49Hw2
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