Lagoa do Parque Solon de Lucena |
JOÃO PESSOA É...
Ricardo Oliveira
João Pessoa é carne-de-sol com arroz-de-leite no almoço de sábado e galinha de capoeira com feijão verde e farofa no domingo. É tapioca na Feirinha e sorvete na Friberg em seguida, não necessariamente nesta mesma (des)ordem. É passear naquela calçadinha até o Busto, tomando o sorvete e brigando contra o vento.
João Pessoa é aquela sequência de árvores abanando os carros na av. Epitácio Pessoa. Fazem sombra nas horas de rush que agora temos: engarrafamentos atrasando os almoços de segunda, terça… que irrita os irritáveis e perturba os perturbáveis.
Praia de Tambaú |
João Pessoa é sentar nas areias de Tambaú e admirar o arco formado pelas pontas de Cabo Branco e Cabedelo: parecem desenhar uma harpa cujas cordas são aquele mar e suas ondas, dedilhadas pelas mãos do Criador – o som que acalma nas noites de lua cheia. É o busto de Tamandaré com os guris e marmanjos jogando futebol americano na areia fofa; a galera fazendo as rodinhas de violão; as banquinhas de DVD pirata e aquele terreno da esquina onde nunca se construiu nada.
João Pessoa é um retão de Manaíra que atravessa shoppings, caminha pela Tancredo Neves e cai nas bocas de Mandacaru, do Padre Zé, do Róger. É ver destes pontos altos o pôr-do-sol do rio Sanhauá e perguntar quando o sol nascerá e transformará estas realidades. Das favelas pessoenses seus moradores apenas assistem o sol se pôr.
Rio Sanhauá - Onde a cidade nasceu |
João Pessoa é seu centro histórico que mescla antigas igrejas com bares, prédios históricos com boates, ladeiras com cabarés, gente com gente. É aquela vista do Hotel Globo, da Casa da Pólvora, é o trem que atravessa o Varadouro. É sensação de perigo nas redondezas do Theatro Santa Roza, mesmo que logo ao lado esteja a polícia militar e civil. É a av. General Osório e suas lojas de eletrônica, a ladeira do Terceirão, do Rei dos Esportes, da Loja Maçom e das Carmelitas. É o Ponto de Cem Réis e seu Palace Hotel com o Café São Braz. É o velho Cine Municipal, a Música Urbana e uma descida.
Ipês da Lagoa |
Pois João Pessoa é o parque Solon de Lucena e sua Lagoa. É o congestionamento dos ônibus, a superlotação das paradas, as barracas de batata-frita, tapioca, amendoim, churrasquinho e os pedintes. É o prédio da “Mesbla”, os caras oferecendo fotografia 3×4 na hora e a banca Viña Del Mar. São as lendas sobre caminhões de macarrão dentro daquelas águas, os pescadores ao redor, e a história verídica da morte de vários naquele passeio de barco numa semana do exército de décadas atrás.
E logo ali, ao lado, João Pessoa é aquele conjunto de ipês que florescem apenas por um dia e nos dão a chuva inesquecível de pétalas amarelas. Chuva que faz daquele chão o mais belo tapete para toda a gente que há nesta cidade e se permite observas sua beleza. João Pessoa é bela.
MINHA HOMENAGEM A JOÃO PESSOA, PELOS SEUS 427 ANOS NO DIA 5 DE AGOSTO DE 2012.
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