segunda-feira, 30 de julho de 2012

SEJA HERÓI


http://www.doesanguepb.com.br 

domingo, 29 de julho de 2012

PRESENTE DE DOMINGO...












NO DIA EM QUE EU VIM AO MUNDO

Clóvis Campêlo

No dia em que eu vim ao mundo,
não houve nada de novo.
Fez-se a luz em um segundo
e logo juntei-me ao povo.

que por aqui habitava.
Livro do colo materno,
nem mesmo eu mais lembrava
que tudo ali era eterno.

Talvez tenha visto o brilho
de uma estrela distante,
mas eu queria era o trilho
do meu caminhar errante.

Um estribilho inventei,
que a vida é sopro e leveza
e repetir-se é a lei
que comanda a Natureza.

No dia em que eu vim a Terra.
não teve nada de mais;
não se acabaram as guerras
nem inventaram a paz.

Recife, 2011



sábado, 28 de julho de 2012

PORQUE HOJE É SÁBADO...



PODE ME CHAMAR DE GAY

Fabrício Carpinejar *

Pode me chamar de gay. Está dizendo que cuido do corpo, afino as cordas dos traços. Está dizendo que falo sobre sexo sem vergonha. Está dizendo que danço levantando os braços. Pode me chamar de gay. Está dizendo que choro sem o consolo dos lenços. Está dizendo que meus pesadelos passaram na infância. Está dizendo que dobro toalha de mesa como se fosse um pijama de seda.

Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou aberto e me livrei dos preconceitos. Está dizendo que posso andar de mãos dadas com os anéis. Está dizendo que assisto a um filme para me organizar no escuro. Pode me chamar de gay. Está dizendo que reinventei minha sexualidade, reinventei meus princípios, reinventei meu rosto de noite. Pode me chamar de gay. Está dizendo que não morri no ventre, na cor da íris, no castanho dos cílios. Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou o melhor amigo da mulher, que aceno ao máximo no aeroporto, que chamo o táxi com grito.

Pode me chamar de gay. Está dizendo que me importo com o sofrimento do outro, com a rejeição, com o medo do isolamento. Está dizendo que não tolero a omissão, a inveja, o rancor. Pode me chamar de gay. Está dizendo que vou esperar sua primeira garfada antes de comer. Está dizendo que não palito os dentes. Está dizendo que desabafo os sentimentos diante de um copo de vinho. Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou generoso com as perdas, que não economizo elogios, que coleciono sapatos.

Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou educado, que sou espontâneo, que estou vivo para não me reprimir na hora de escrever. Pode me chamar de gay. Que seja bem alto.

A fragilidade do vidro nasce da força e do ímpeto do fogo.

Crônica do livro Canalha, de Fabrício Carpinejar

Fonte: http://poemascigarrospolaroides.blogspot.com.br/2011/12/cronica-do-livro-canalha-pode-me-chamar.html


Blog do autor: http://carpinejar.blogspot.com.br/

Escritor, jornalista e professor universitário, autor de dezenove livros, pai de dois filhos, um ouvinte declarado da chuva, um leitor apaixonado do sol. Quando conseguir se definir, deixará de ser poeta.


Nota: o realce do texto aparece quando eu copio de algum endereço da internet. De alguns eu consigo tirar, mas de outros, como este, não saem de jeito nenhum. Minhas desculpas.


quinta-feira, 26 de julho de 2012

quarta-feira, 25 de julho de 2012

segunda-feira, 23 de julho de 2012

CAMINHOS DO FRIO 2012 NA PARAÍBA

Começa nesta segunda-feira (23) a Rota Cultural do projeto Caminhos do Frio. Até o dia 2 de setembro, cerca de 30 mil turistas devem participar das atividades em seis cidades do brejo paraibano - Bananeiras, Serraria, Pilões, Areia, Alagoa Grande e Alagoa Nova - que fazem parte do roteiro. As seis cidades juntas irão movimentar mais de R$200 mil apenas na área cultural, oferecendo uma vasta programação.


BANANEIRAS - Cada uma das seis cidades que compõem o Caminhos do Frio tem uma rota cultural específica, com apresentações culturais, festivais gastronômicos, oficinas, atividades de ecoturismo e esportivas, feira de artesanato, exposições culturais, entre outras atrações. Bananeiras inicia as atividades do projeto com a programação “Aventuras e Arte na Serra”, entre os dias 23 e 29 de julho. Na cidade, os turistas poderão participar do Festival Gastronômico, de trilhas ecológicas, de apresentações teatrais e musicais, como a orquestra sanfônica e show da banda Cabruêra.


SERRARIA - Com o término do roteiro de Bananeira, entre os dias 30 de julho e 6 de agosto, começa a rota de Serraria “Natureza, Seresta e Engenhos”. Na cidade, serão realizadas oficinas culturais, apresentações artísticas e shows, como o dos 3 do Nordeste, do Paraíba Sim Sinhô, além de sanfoneiros e seresteiros da região. O roteiro da cidade conta ainda com espetáculo de circo, com a Cavalgada da Fé e visita a engenhos.

Praça Central de Serraria
PILÕES - De 6 a 12 de agosto é a vez de Pilões, com a “Festa das Flores, Banana e Artes”. O municípios vai oferecer oficinas artísticas, apresentações culturais de grupos de dança Caetés e Acauã da Serra (UEPB), da orquestra Sanfônica do Cariri e literatura de cordel “Gilberto Baraúna”, além de trilhas ecológicas na Pedra do Espinho, Cachoeira do Ouricuri e na área de floricultura.

Cooperativa de Flores das Mulheres de Pilões
AREIA - O próximo município a receber a rota cultural Caminhos do Frio é Areia, com a programação “Areia: Frio, Cachaça e Arte”, de 13 a 19 de agosto. A abertura será com apresentação da Filarmônica Abdón Milanez, no Adro do Solar José Rufino. Com uma vasta programação, a cidade vai realizar diversas apresentações culturais, como o espetáculo de dança do grupo Tradições Folclóricas Moenda (Areia), shows das Bastianas, corrida de bike, Encontro de Capoeira e Troca de Cordéis, visitação à casa de doce A Bagaceira, entre outras atividades.


Tributos a Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro
Em Alagoa Grande, as atividades têm início no dia 20 de agosto e seguem até o dia 26 de agosto, com a “Festival de Artes Populares Jackson do Pandeiro”. Na cidade, serão realizadas apresentações culturais, como a “Um olhar Jacksoniano” do grupo Outros, teatro infantil, shows com Boby e Amanda, Márcio Jr e Robério, desfile da banda marcial Paraybana, abertura oficial do Festival de Artes Populares Jackson do Pandeiro com Oliveira de Panelas, apresentações da Orquestra Cônego Firmino Cavalcante “A Maravilhosa Música de Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga” e das Cirandeiras do Povoado Caiana dos Criolos, além do show com a banda Jackson Envenenado.

Símbolo da entrada de Alagoa Grande
Alagoa Grande ainda vai promover a apresentação do Coco de Embolada de Manoel Batista, o Encontro dos Filhos e Amigos de Alagoa Grande, oficinas de Xilogravura, de Hip Hop e de elaboração de Projetos, a 6ª Trilha de Moto dos Engenhos, 1º Passeio Ciclístico, 1ª Exposição de Agronegócios, 12ª Cavalgada de Alagoa Grande, 2º Encontro dos Blogueiros e o VI Encontro de Dança de Rua.

ALAGOA NOVA - O Caminhos do Frio será encerrado com a rota cultural de Alagoa Nova, com a programação do ““Festa da Civilização do Açúcar”, entre os dias 27 de agosto a 2 de setembro. Na abertura, no teatro municipal, será realizado um “Tributo aos 100 anos do Rei do Baião”. A rota de Alagoa Nova vai contar com oficinas, como a de Birimbau Terapia, apresentações culturais, exibição de filmes, espetáculo circense, festival gastronômico, visita ao Engenho Vaca Brava, shows do Clã Brasil de Vinicius e Sobral, Forró e Gastronomia Cachaça Volúpia (Engenho Lagoa Verde), entre outros. Estão programadas ainda a realização do VII Salão de Artesanato e Encontro de Quadrilhas.

Vista aérea de Alagoa Nova

Para participar
Nesta sétima edição, o Caminhos do Frio apresenta algumas inovações. A presidente do Fórum do Turismo Sustentável do Brejo, Vânia Galdino, disse que as atividades da rota cultural serão realizadas tanto na zona urbana quanto na zona rural das cidades. “Outro diferencial é a participação da comunidade, que está cada vez mais envolvida no evento, participando do processo, o que tem promovido um sentimento de pertencimento”, destacou.

Para quem quer participar do roteiro, a dica é procurar o quanto antes agências de turismo ou de receptivo. “Este ano estamos recebendo uma grande demanda de pessoas interessadas em participar do roteiro. Empresas de turismo da Paraíba e de estados vizinhos já estão fazendo contatos e reservas”, ressaltou a presidente do Fórum.

A rota cultural do Caminhos do Frio é uma realização do Fórum do Turismo Sustentável do Brejo, entidade que atua na implementação da cadeia do turismo na região. O projeto tem parceria do Sebrae Paraíba, Governo do Estado e Banco do Nordeste. Informações: http://www.caminhosdofrio.com/

Serviço
Bananeiras - “Aventuras e Arte na Serra” - 23 e 29 de julho
Serraria - “Natureza, Seresta e Engenhos” - 30 de julho e 6 de agosto
Pilões - “ Festa das Flores, Banana e Artes” - 6 a 12 de agosto
Areia - “Areia: Frio, Cachaça e Arte” - 13 a 19 de agosto
Alagoa Grande - “Festival de Artes Populares Jackson do Padeiro”, de 20 a 26 de agosto.
Alagoa Nova - “Festa da Civilização do Açúcar”, de 27 de agosto a 2 de setembro



domingo, 22 de julho de 2012

PRESENTE DE DOMINGO...

Vinicius e o amigo Tom Jobim


SONETO DO AMIGO

Vinicius de Moraes

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

Los Angeles, 1946.


Imagem Google



sábado, 21 de julho de 2012

PORQUE HOJE É SÁBADO...



A IMPORTÂNCIA DA AMIZADE *

Um dia, durante uma conversa entre advogados, me fizeram uma pergunta:

- O que de mais importante você já fez na sua vida?

A resposta me veio a mente na hora, mas não foi a que respondi pois as circunstâncias não eram apropriadas.

No papel de advogado da indústria do espetáculo, sabia que os assistentes queriam escutar anedotas sobre meu trabalho com as celebridades. Mas aqui vai a verdadeira, que surgiu das profundezas das minhas recordações:

O mais importante que já fiz na minha vida, ocorreu em 08 de outubro de 1990. Comecei o dia jogando golfe com um ex-colega e amigo meu que há muito não o via. Entre uma jogada e outra, conversávamos a respeito do  que acontecia na vida de cada um. Ele me contava que sua esposa e ele acabavam de ter um bebê. Enquanto  jogávamos chegou o pai do meu amigo que, consternado, lhe diz que seu bebê parou de respirar e que foi levado para o hospital com urgência.

No mesmo  instante, meu amigo subiu no carro de seu pai e se foi. Por um momento fiquei onde estava, sem pensar nem mover-me, mas logo tratei de pensar no que deveria fazer:

- Seguir meu amigo ao hospital ? Minha presença, disse a mim mesmo, não serviria de nada pois a criança certamente está sob cuidados de médicos, enfermeiras, e nada havia que eu pudesse fazer para mudar a situação.

- Oferecer meu apoio moral? Talvez, mas  tanto ele quanto sua esposa vinham de famílias numerosas e sem dúvida estariam rodeados de amigos e familiares que lhes ofereceriam apoio e conforto necessários, acontecesse o que acontecesse. A única coisa que eu faria indo até lá, era atrapalhar.

Decidi que mais tarde iria ver o meu amigo. Quando dei a partida no meu carro, percebi que o meu amigo havia  deixado o seu carro aberto com as chaves na ignição, estacionado junto as quadras de tênis. Decidi, então, fechar o carro e ir até o hospital entregar-lhe as chaves.

Como imaginei, a sala de espera estava repleta de familiares que os consolavam. Entrei  sem fazer ruído e fiquei junto a porta pensando o que deveria fazer. Não demorou muito e surgiu um médico que aproximou-se do casal e em voz baixa, comunica o falecimento do bebê.

Durante os instantes que ficaram abraçados - a mim pareceu uma eternidade- choravam enquanto todos os demais ficaram ao redor daquele silêncio de dor. O médico lhes perguntou se desejariam ficar alguns instantes com a criança. Meus amigos ficaram de pé e caminharam resignadamente até a porta.

Ao ver-me ali, aquela mãe me abraçou e começou a chorar. Também meu  amigo se refugiou em meus braços e me disse:

- Muito obrigado por estar aqui !

Durante o resto da manhã fiquei sentado na sala de emergências do hospital, vendo meu amigo e sua esposa segurar nos braços seu bebê, despedindo-se dele. Isso foi o mais importante que já fiz na minha vida.

Aquela experiência me deixou três lições:

Primeira: o mais importante que fiz na vida, ocorreu quando não havia absolutamente nada, nada que eu pudesse fazer. Nada daquilo que aprendi na universidade, nem nos anos em que exercia a minha profissão, nem todo o racional que utilizei para analisar a situação e decidir o que eu deveria fazer, me serviu para naquelas circunstâncias: duas pessoas receberam uma desgraça e nada eu poderia fazer para remediar. A única coisa que poderia fazer era esperar e acompanhá-los. Isto era o principal.

Segunda: estou convencido que o mais importante que  já fiz na minha  vida esteve a ponto de não ocorrer, devido as coisas que  aprendi na universidade, aos conceitos do racional que aplicava na minha vida pessoal assim como faço na profissional. Ao aprender a  pensar, quase me esqueci de sentir. Hoje, não tenho dúvida alguma que devia ter subido naquele carro sem vacilar e acompanhar meu amigo ao hospital.

Terceira: aprendi que a vida poder mudar em um instante.

Intelectualmente todos nós  sabemos disso, mas acreditamos que os infortúnios acontecem  com os outros. Assim fazemos nossos planos e imaginamos nosso futuro como algo tão real como se não houvesse espaços para outras ocorrências. Mas ao acordarmos de manhã, esquecemos que perder o emprego, sofrer uma doença, ou cruzar com um  motorista embriagado e outras mil coisas, podem alterar este futuro em um piscar de olhos. Para alguns é necessário  viver uma tragédia para recolocar as coisas em perspectiva.

Desde aquele dia busquei um equilíbrio entre o trabalho e a minha vida.

Aprendi que nenhum emprego, por mais gratificante que seja, compensa perder férias, romper um casamento ou passar um dia festivo longe da família.

E aprendi, que o mais importante da vida não é ganhar dinheiro, nem ascender socialmente, nem receber honras. O mais importante da vida é ter tempo para cultivar uma amizade.


* Encontrei esse texto sem nenhuma referência da autoria.

Imagem Google

sexta-feira, 20 de julho de 2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

50.000 ACESSOS



Uau!!! O contador de visitas deste blog acabou de marcar 50.000 acessos.

Acho uma excelente marca para quem não atualiza o blog todo dia nem escreve muitas coisas de próprio punho, mas que tem o maior prazer em procurar coisas boas para postar e prestigiar seus autores.

Agradeço a todos que me dão a honra da visita, elogiam minhas postagens simples e reproduzem algumas delas em seus blogs.

Um brinde a vocês, com a bebida que mais gosto!

TIM! TIM!


Imagens Google




PARABÉNS, GRANDE MANDELA, PELOS SEUS 94 ANOS!!!

terça-feira, 17 de julho de 2012

VAMOS MUDAR O NOME DO ENGENHÃO?




Petição Pública para mudar o nome do Engenhão:

À diretoria do Botafogo de Futebol e Regatas:
Nós, abaixo-assinados viemos pedir que troquem o nome oficial do Engenhão, Estádio Olímpico João Havelange, este cidadão, João Havelange além de não ser torcedor do Botafogo, está envolvido em escabrosos casos de corrupção quando exercia o cargo de presidente da FIFA, respondendo a processo movido pelo governo suiço contra sua pessoa.

Pelos motivos acima citados, nós, brasileiros, e botafoguenses, em particular, nos sentimos revoltados e envergonhados que uma das principais praças de esportes do País leve o nome deste cidadão.

Os signatários

Vamos assinar aqui: http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2012N26720


domingo, 15 de julho de 2012

PRESENTE DE DOMINGO...



BIOGRAFIA EM CORDEL

Celebremos o talento
De um artista verdadeiro
Rei do ritmo popular
Imortal no cancioneiro
Vulto de Orfeu no Nordeste
É o Jackson do Pandeiro.

Nasceu José Gomes Filho (31/08/1919)
Numa cidade brejeira
De nome Alagoa Grande
Sua mãe foi cantadeira
De coco e José cresceu
Vendo o cantador de feira.

No Agreste da Paraíba
Onde passou a infância
Desde novo na enxada
Trabalhando numa “estância”
E o sonho de ter sanfona
Acordava-lhe com ância.     

E quem lhe deu um presente
Foi a mãe Flora Mourão
Mas não deu o que queria
Pois não tinha condição
Em vez d’um fole, um pandeiro 
E houve a conformação.

Sua mãe cantava coco
Pelo folguedo e tocava
Zabumba e também ganzá
Onde José se espelhava
Pra depois formar o Jackson
Que no coco iniciava.

Aos treze anos mudou-se
Com a família pra Campina
Grande, atrás de melhora
Na pobreza nordestina
Sempre, sempre trabalhando
E cantando a sua sina.

Certa vez foi ao cinema  
Pra ver um filme com Jack (Jeque)
Um ator de faroeste
Antes que o encanto seque
Adotou Jack pra si
Brincadeira de moleque...

“O meu nome é José Jack”
Jackson se nomeava
Sua mãe achava estranho
Quando o povo lhe chamava
De: “Zé Jack” – “Ô Zé Jack”
E umas lapadas, lhe dava.

Mas a vontade de ser
Um artista era mais forte
Cantava: coco, rojão
Com samba aumentou o porte
E baião, frevo, xaxado
Todos os ritmos do norte.

Saiu pelo o mundo afora
Cantando com maestria
Transpondo às latadas tristes
Uma chuva de alegria
Em 40, em João Pessoa
Fixou a moradia. 

Mudou-se para o Recife
Pois o talento lhe chama
Com seu pandeiro nas rádios
Foi sucesso no programa
Feito na Rádio Jornal
Aí Jackson ganhou fama.

Começou as gravações
Em que Jackson do Pandeiro
Registrou SEBASTIANA
E o FORRÓ EM LIMOEIRO
Com sua nova pisada
Se espalhou pro mundo inteiro.

Então Jackson do Pandeiro
Com a fama repentina
Casou com Almira Castilho
Uma bela dançarina
Selando a famosa dupla
Da cultura nordestina.

Com Neusa fez o segundo
Laço matrimonial
Espirituoso espírita
Um artista fenomenal
Faleceu, deixou chorando  (10/07/1982)
Sua lacuna musical.

Cantou o CABO TENÓRIO
E CHICLETE COM BANANA
FORRÓ EM CARUARU
XOTE DE COPACABANA
E NA BASE DA CHINELA
Quem dançou SEBASTIANA?

Por isso é que o Rei do Ritmo
Com justiça cultural
É outro homenageado
No centro da capital
Viva Jackson do Pandeiro
Grande artista brasileiro
Um talento musical.


O autor do cordel é o sertanejo Junior do Bode, estudante, trabalha no Memorial Luiz Gonzaga da Prefeitura do Recife, tem diversos cordéis publicados, participou de varias coletâneas poéticas e publicou o livro Cuia de poeta cego / Tem verso de toda cor.

Contato com o autor:




sábado, 14 de julho de 2012

MINHA BOHEMIA

PORQUE HOJE É SÁBADO...



O ROCK E EU

Luciana Maria Sanches

Aquele Natal foi o marco zero da minha obsessão pelorock n´roll. Eu não saberia precisar o ano, mas digamos que tenha sido por volta de 1980. Eu tinha lá meus sete anos, minha irmã, oito anos mais velha, já tinha completado quinze. É, acho que foi por aí... mas não importa. A partir daquele momento, minha vida não seria mais demarcada por anos ou datas especiais, mas por músicas, ídolos e manias.

Eu não faço a menor idéia do que ganhei naquele Natal. Sei exatamente o que minha irmã ganhou. Minha mãe foi ao finado Bazar 13 (rede de supermercados que existia em São Paulo) e mandou embrulhar pra presente tudo o que havia ali relacionado a Rolling Stones e Queen. Naquela época discos não eram caros (ainda não perdi a mania de chamá-los de discos) e dar presentes de Natal não era luxo. Quando minha irmã abriu seu presente, algo como 15 vinis de suas duas bandas preferidas, eu sabia que iria tentar repetir aquele brilho no olhar e o sorriso de orelha a orelha pro resto da vida.

Pequenina, mal escrevendo o português, eu não tinha a menor idéia do que aqueles artistas estavam dizendo, mas conhecia a melodia de "Mustapha" e "Emotional Rescue" melhor do que "Atirei o Pau no Gato". E sabia que minha irmã não assinava o nome seguido de Jagger e Mercury à toa. Tinha alguma coisa de muito irresistível ali.

Lembro de perder horas tentando encontrar todos os Beatles na capa de Their Satanic Majesties Request, obra-prima dos Stones, que tem a obra-prima "She´s a rainbow". Nunca consegui. Lembro de ficar de queixo caído e lançar olhares suspeitos à minha irmã, quando vi pela primeira vez o encarte de Jazz, do Queen, que trazia dezenas de peladonas andando de bicicleta.

Acompanhada das minhas amiguinhas, eu costumava fazer o moonwalk do Michael Jackson. Sim, eu fui uma das 50 milhões de pessoas que compraram Thriller e assistiram à dança de zumbis com a cara colada na tela da televisão. Também gostava de copiar as coreografias da Blitz. Aliás, ainda tenho o primeiro álbum da Blitz, que foi um verdadeiro estouro de vendas na época. Puxado pelo "Você não soube me amar", que fazia todos os adultos corarem quando Evandro Mesquita dizia que preferia que sua namorada estivesse nuuaaaaaa, o álbum cheio trazia as duas últimas faixas riscadas. Quando eu falo riscada, eu não quero dizer que meu aparelho de som não era bom, eu quero dizer exatamente isso. A censura se deu ao trabalho de riscar, com sabe-se lá qual instrumento cortante, duas faixas do álbum porque traziam obscenidades. Até hoje não sei quais eram tais obscenidades, mas certamente perto do que se transformou a música nacional com seus tapinhas não doem e segurem os tchans, devia ser brincadeira de criança.

E aí veio o Sex Pistols. Não, eu não era politizada e nem era rebelde. Certo dia no colégio vi o garoto que eu paquerava levando o Nevermind the Bollocks debaixo do braço. Eu tinha que saber o que era aquilo, objeto de admiração do meu admirado... quando escutei pela primeira vez pensei "uau, e não é que esse barulho me agrada?" e virei punk à minha maneira.

Vieram Ramones, The Clash, Exploited, todos eles. Eu tinha que ter mais atitude do que meu objeto de desejo, certo? Se ele viesse falar comigo, eu tinha que impressioná-lo mostrando que sabia tudo sobre o Sex Pistols. Assisti Sid & Nancy, Rock and Roll Swindle, fui ao show do PIL e do Sex Pistols, quando eles voltaram em sua turnê caça-níqueis. Ainda recentemente chorei vendo O Lixo e a Fúria. Porque tudo isso virou a verdadeira paixão da minha vida, sabe?

O punk me ensinou que eu não precisava mais de um garoto pra despertar o meu interesse pela música e que eu não tinha que gostar de tudo o que minha irmã gostava.

A partir daí, é história. Fui para o Rio com dezessete anos para ver o Rock in Rio II, em pleno primeiro surto da dengue. Eu amava o Axl Rose, assisti ao show esmagada no cordão de segurança, lá na frente do Maracanã.

Ia ao Dama Xoc quase todo fim de semana para ver as bandas de metal se apresentarem. Korzus, Exodus, Nuclear, Assault, Kreator, Slayer, Anthrax, Destruction e Overdose fizeram parte do meu vocabulário em uma dada época. Estive também no show emblemático que o Sepultura fez na Charles Miller, que ajudou a piorar a imagem dos "metaleiros", por causa de uma briga que aconteceu na platéia.

Ramones? One, two, three, four, vi umas 5 vezes, inclusive quando um cara foi esfaqueado. Desse mesmo show trouxe uma recordação que perdurou por alguns dias: um zumbido incessante por ter teimado em ficar bem na frente pra caixa de som.

Os festivais eram o ápice do ano. Eu chegava com minhas amigas na hora em que abria o portão, sentava na pista e esperava horas até que os shows começassem. Valeu a pena. Foi por causa do Hollwood Rock que eu vi Living Colour, Seal, Alice in Chains, Nirvana, Red Hot Chili Peppers, Jesus Jones e uma penca de nomes que vinham ao Brasil no auge de suas carreiras.
Conheci o Projeto SP da Consolação e da Barra Funda. Show do Toy Dolls em que o Olga, vocalista, levou um soco de um skinhead? Eu estava lá!

Em 1997, fui ao G3 no Empire, em Londres. Antes que três dos maiores guitarristas de todos os tempos começassem suas apresentações, olhei para baixo e achei uma palheta do Steve Vai bem aos meus pés, resquício do show do dia anterior. A coisa toda só ficou mais mágica quando descobrimos, eu e meu namorado, que o mesmo Steve Vai fazia aniversário naquela noite, uma segunda, cantamos parabéns e tudo. Ou seja, eu estive no lugar e na hora certa duas vezes.

Sinto-me como o Wally da música. Sabe aquele carinha dos livros Onde está o Wally?, então, ele mesmo. Eu estive presente na história da música. De certa maneira, fiz parte dela. Lembro de fatos da minha vida pelo movimento musical que acontecia no momento. Lembro de pessoas que amei e com quais músicas afogava minhas mágoas. Lembro de alguns anos em especial, os que foram marcados por festivais.

O garoto nunca veio falar comigo, minha irmã morreu e os discos ficaram caros. Não posso ouvir Bowie, The Wall e "Bittersweet Symphony" em público, porque algumas músicas se tornaram proibitivas, elas me fazem chorar.

Hoje, eu já não lembro mais, eu vivo essa história, as recordações se confundem com a minha própria vida. Estou mergulhada de um tanto na música que não sei mais o que é ela e o que sou eu. Se valeu a pena? Como diria Morrissey, "There is a light that never goes out". É o brilho dos meus olhos.