A bela Estação da Luz, no centro de São Paulo |
Estou dando um rolé por São Paulo. Vim espairecer um pouco a cabeça que ainda está bastante anuviada com a morte e a saudade do meu pai.
Pepê e Nayara |
E tenho grandes e queridos amigos aqui, coisa de décadas de amizade e revê-los é sempre um prazer enorme.
Os meus anfitriões são Nayara e Pepê. Ela eu conheci quando casou com ele, há cerca de 15 anos. É um amor de criatura! Ele eu conheço desde 1978. Uma cara, como se diz por aqui (ou se dizia antigamente).
Olha eles aí tirando onda comigo |
Conheci Pepê na Colônia de Férias do SESC, em Salvador, em outubro/78. Comecei a trabalhar em 71, aos 18 anos, e era a minha primeira viagem de férias, que organizei para ir a Salvador, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Pepê estava lá com mais dois amigos, Paulão e João. Os três, publicitários, trabalhavam na Salles Interamericana de Publicidade, na época uma das maiores agências de publicidade do país.
Eles foram de São Paulo para Salvador no fusca de Pepê que tinha o apelido de biscoito. O apelido era esse porque Pepê morava em Perus, último bairro de SP na saída pela Anhaguera e junto a uma fábrica de cimento. Biscoito, coitado, era crocante de tanto pó de cimento que recebia da fábrica. E a viagem deles continuou até Fortaleza, mas lá o tadinho do biscoito não aguentou e bateu o motor. Os meninos tiveram que voltar para casa de avião e o biscoito de caminhão-cegonha.
A turma toda no ferry boat para Itaparica |
Na Colônia de Férias as pessoas eram alojadas por estado e por sexo. Eu fiquei num quarto com uma senhora, a filha e a sobrinha (que ficou minha amiga e saía conosco), todas de Pernambuco como eu. Pepê e os amigos ficaram num quarto com um baiano, pois não havia outro paulista para compor o quarteto. O baiano era folgado demais! Usava os sabonetes e as toalhas dos meninos e todo dia era uma reclamação danada em cima do baiano.
Fizemos amizade com um mineirinho, um carioca, duas meninas de Londrina e mais outro paulista, também publicitário, que chegou depois.
Largo da Mariquita hoje |
Éramos dez, espremidos dentro do biscoito, a sair todas as noites para as baladas. Íamos para boates e antes, sempre para o Rio Vermelho, no Largo da Mariquita, onde o garçom atravessava a praça inteira para nos servir. Numa das vezes os meninos colocaram o mineirinho na maior roubada. Inventaram de fazer vira-vira com a bebida, só que eles não bebiam todas as vezes, só o mineirinho, coitado, que ficou bêbado de não se agüentar em pé.
A volta dessas noitadas para a colônia era uma comédia. Havia uma regra de que não podíamos chegar depois da meia-noite, mas até que a gente chegava cedo, às 5/6 da manhã. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Homenagem a Pepê |
O que fazíamos para entrar? A alameda de entrada da colônia era uma ladeira, então a gente ficava em silêncio, desligava o motor do biscoito no começo da ladeira e deixava-o deslizar até a porta dos alojamentos, sem fazer barulho para não sermos pegos e não corrermos o risco de sermos expulsos da colônia. Era bom demais!
Meu plano de viagem acabava no Rio de Janeiro e vale salientar que a viagem foi toda feita de ônibus, pois, naquela época, viagem de avião era coisa para rico e eu era só uma trabalhadora. No entanto, Pepê conseguiu me convencer a vir a SP, depois do Rio de Janeiro.
Antiga Rodoviária |
A chegada a SP foi outra comédia. A rodoviária era lá no centro da cidade, com uma decoração de mau gosto que doía na vista. Cheguei à noite e Pepê prometeu me esperar, pois eu não conhecia nada e estava só.
Cheguei e toca a esperar Pepê, mas nada dele aparecer. Me deu um desespero... Mas como não sou mulher de ficar esperando sentada, agarrei minha mala e saí arrastando-a para o posto de comunicação, onde pedi que o chamassem pelo serviço de som (olha o celular fazendo falta!). Minutos depois ele aparece com o pai, dando risada porque eu estava a ponto de chorar de agonia por não encontrá-lo. Eles tinham ido tomar uma cerveja e esqueceram, literalmente, de mim.
Pepê, a família e o amigo Paulão |
Voltei várias e várias vezes aqui, onde fiz mais amizades (tive até um namorado, amigo de Pepê) e fui conhecendo um pouquinho mais das coisas boas que SP oferece.
Memorial da Resistência, que ainda vou conhecer |
Continuo apaixonada pela cidade e se um dia ganhar na megasena (preciso jogar primeiro), compro um AP só para vir passear aqui de vez em quando. Morar acho que não venho, pois pretendo continuar a viver no meu Nordeste querido e menos congestionado.
Então, aqui estou eu de novo, querida São Paulo, para visitá-la e aproveitar tudo de bom que você me oferece. E agradeço por me receber sempre bem e de braços abertos!
Fátima Vieira
4 comentários:
Oi Fá, adorei a história de Salvador, a vida é assim, vivendo e contando histórias, sou suspeito, porque também adoro Sampa, acho não, é um lugar cosmopolita, onde se encontra de tudo e se vivencia tudo. Beijos pra vc e saudades.
AMIGA VC ESCREVEU ISSO AGORA OU É COISA ANTIGA? QUE MEMÓRIA...VC LEMBRA DE TODA ESSA VIAGEM,FEITA HÁ 34 ANOS, COM TODOS ESSES DETALHES? ADOREI SEU BLOG, COMO É BOM RECORDAR MOMENTOS FELIZES.APROVEITE BEM SÃO PAULO, AINDA NÃO CONHEÇO, MAS TENHO MUITA VONTADE DE CONHECER A MAIOR CAPITAL DO PAÍS.BJS AMIGA. VERONICA
Querida Vera,
Escrevi esse texto em João Pessoa, antes da viagem.
E lembro sim de todos os detalhes da viagem. Dos detalhes de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro também.
E pode apostar que vou aproveitar muito os dias aqui.
Beijos!
Querido Luciano,
Lembrei muito de você quando estava no aeroporto de Salvador esperando a conexão.
Pretendo ir a Petrolina passar uns dias com uma amiga e vou visitá-lo, claro. É só atravessar a ponte.
Beijos!
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