domingo, 6 de maio de 2012

UM ROLÉ POR SÃO PAULO

A bela Estação da Luz, no centro de São Paulo
Estou dando um rolé por São Paulo. Vim espairecer um pouco a cabeça que ainda está bastante anuviada com a morte e a saudade do meu pai.

Pepê e Nayara
Vir a São Paulo é sempre um prazer para mim. Gosto muito desta cidade, por tudo que ela representa de bom. Aqui a gente encontra tudo o que quer e precisa, em todos os setores. E como sou muito urbana, no sentido lato da palavra, me sinto muito bem aqui. O que não gosto, como não gosto no Recife, minha terra querida por adoção, é da loucura do trânsito, mas como não tenho que dirigir aqui porque não alugo carro e ando de metrô o tempo todo, essa dificuldade não me atinge muito. Afinal estou aqui de férias, para passear e sem preocupação com hora.


E tenho grandes e queridos amigos aqui, coisa de décadas de amizade e revê-los é sempre um prazer enorme.

Os meus anfitriões são Nayara e Pepê. Ela eu conheci quando casou com ele, há cerca de 15 anos. É um amor de criatura! Ele eu conheço desde 1978. Uma cara, como se diz por aqui (ou se dizia antigamente).

Olha eles aí tirando onda comigo
Conheci Pepê na Colônia de Férias do SESC, em Salvador, em outubro/78. Comecei a trabalhar em 71, aos 18 anos, e era a minha primeira viagem de férias, que organizei para ir a Salvador, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Pepê estava lá com mais dois amigos, Paulão e João. Os três, publicitários, trabalhavam na Salles Interamericana de Publicidade, na época uma das maiores agências de publicidade do país.

Eles foram de São Paulo para Salvador no fusca de Pepê que tinha o apelido de biscoito. O apelido era esse porque Pepê morava em Perus, último bairro de SP na saída pela Anhaguera e junto a uma fábrica de cimento. Biscoito, coitado, era crocante de tanto pó de cimento que recebia da fábrica. E a viagem deles continuou até Fortaleza, mas lá o tadinho do biscoito não aguentou e bateu o motor. Os meninos tiveram que voltar para casa de avião e o biscoito de caminhão-cegonha.

A turma toda no ferry boat para Itaparica
Na Colônia de Férias as pessoas eram alojadas por estado e por sexo. Eu fiquei num quarto com uma senhora, a filha e a sobrinha (que ficou minha amiga e saía conosco), todas de Pernambuco como eu. Pepê e os amigos ficaram num quarto com um baiano, pois não havia outro paulista para compor o quarteto. O baiano era folgado demais! Usava os sabonetes e as toalhas dos meninos e todo dia era uma reclamação danada em cima do baiano.

Fizemos amizade com um mineirinho, um carioca, duas meninas de Londrina e mais outro paulista, também publicitário, que chegou depois.

Largo da Mariquita hoje
Éramos dez, espremidos dentro do biscoito, a sair todas as noites para as baladas. Íamos para boates e antes, sempre para o Rio Vermelho, no Largo da Mariquita, onde o garçom atravessava a praça inteira para nos servir. Numa das vezes os meninos colocaram o mineirinho na maior roubada. Inventaram de fazer vira-vira com a bebida, só que eles não bebiam todas as vezes, só o mineirinho, coitado, que ficou bêbado de não se agüentar em pé.

A volta dessas noitadas para a colônia era uma comédia. Havia uma regra de que não podíamos chegar depois da meia-noite, mas até que a gente chegava cedo, às 5/6 da manhã. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Homenagem a Pepê
O que fazíamos para entrar? A alameda de entrada da colônia era uma ladeira, então a gente ficava em silêncio, desligava o motor do biscoito no começo da ladeira e deixava-o deslizar até a porta dos alojamentos, sem fazer barulho para não sermos pegos e não corrermos o risco de sermos expulsos da colônia. Era bom demais!

Meu plano de viagem acabava no Rio de Janeiro e vale salientar que a viagem foi toda feita de ônibus, pois, naquela época, viagem de avião era coisa para rico e eu era só uma trabalhadora. No entanto, Pepê conseguiu me convencer a vir a SP, depois do Rio de Janeiro.

Antiga Rodoviária
A chegada a SP foi outra comédia. A rodoviária era lá no centro da cidade, com uma decoração de mau gosto que doía na vista. Cheguei à noite e Pepê prometeu me esperar, pois eu não conhecia nada e estava só.

Cheguei e toca a esperar Pepê, mas nada dele aparecer. Me deu um desespero... Mas como não sou mulher de ficar esperando sentada, agarrei minha mala e saí arrastando-a para o posto de comunicação, onde pedi que o chamassem pelo serviço de som (olha o celular fazendo falta!). Minutos depois ele aparece com o pai, dando risada porque eu estava a ponto de chorar de agonia por não encontrá-lo. Eles tinham ido tomar uma cerveja e esqueceram, literalmente, de mim.

Pepê, a família e o amigo Paulão
Depois foi tudo maravilha e fui muito bem recebida na casa dele, pelos pais e irmãos. Fiquei lá da sexta até o domingo, quando voltei para o Recife, enfrentando uma viagem de 54 horas. Não deu para conhecer muita coisa por causa da exigüidade do tempo, mas foi tudo ótimo e naqueles 3 dias me apaixonei por São Paulo.

Voltei várias e várias vezes aqui, onde fiz mais amizades (tive até um namorado, amigo de Pepê) e fui conhecendo um pouquinho mais das coisas boas que SP oferece.

Memorial da Resistência, que ainda vou conhecer
Continuo apaixonada pela cidade e se um dia ganhar na megasena (preciso jogar primeiro), compro um AP só para vir passear aqui de vez em quando. Morar acho que não venho, pois pretendo continuar a viver no meu Nordeste querido e menos congestionado.

Então, aqui estou eu de novo, querida São Paulo, para visitá-la e aproveitar tudo de bom que você me oferece. E agradeço por me receber sempre bem e de braços abertos!

Fátima Vieira


4 comentários:

Luciano disse...

Oi Fá, adorei a história de Salvador, a vida é assim, vivendo e contando histórias, sou suspeito, porque também adoro Sampa, acho não, é um lugar cosmopolita, onde se encontra de tudo e se vivencia tudo. Beijos pra vc e saudades.

Anônimo disse...

AMIGA VC ESCREVEU ISSO AGORA OU É COISA ANTIGA? QUE MEMÓRIA...VC LEMBRA DE TODA ESSA VIAGEM,FEITA HÁ 34 ANOS, COM TODOS ESSES DETALHES? ADOREI SEU BLOG, COMO É BOM RECORDAR MOMENTOS FELIZES.APROVEITE BEM SÃO PAULO, AINDA NÃO CONHEÇO, MAS TENHO MUITA VONTADE DE CONHECER A MAIOR CAPITAL DO PAÍS.BJS AMIGA. VERONICA

Fatita Vieira disse...

Querida Vera,

Escrevi esse texto em João Pessoa, antes da viagem.

E lembro sim de todos os detalhes da viagem. Dos detalhes de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro também.

E pode apostar que vou aproveitar muito os dias aqui.

Beijos!

Fatita Vieira disse...

Querido Luciano,

Lembrei muito de você quando estava no aeroporto de Salvador esperando a conexão.

Pretendo ir a Petrolina passar uns dias com uma amiga e vou visitá-lo, claro. É só atravessar a ponte.

Beijos!