CLIENTE PREFERENCIAL
Herculano Alencar
Hoje,
aos sessenta anos de idade,
já pago meia entrada no cinema,
escrevo meio verso de um poema,
à espera que alguém leia a metade.
já pago meia entrada no cinema,
escrevo meio verso de um poema,
à espera que alguém leia a metade.
Já
posso andar de graça na cidade,
nos ônibus lotados, sem conforto...
já não preciso mais fingir de morto,
pois já sou quase morto de verdade.
nos ônibus lotados, sem conforto...
já não preciso mais fingir de morto,
pois já sou quase morto de verdade.
Já
posso furar fila, entrar na frente,
sob o olhar insano dessa gente
que espera a sua vez, impaciente...
sob o olhar insano dessa gente
que espera a sua vez, impaciente...
Já
posso, finalmente, ir ao banco,
trepar (sem dar vexame) nos tamancos
e rir da hipocrisia do gerente.
trepar (sem dar vexame) nos tamancos
e rir da hipocrisia do gerente.
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