domingo, 4 de agosto de 2013

PRESENTE DE DOMINGO...

LUIZ GONZAGA: 24 ANOS DE SAUDADE

Pedro Paulo Paulino

Salve Sua Majestade,
Gonzaga, Rei do Baião.
Salve treze de dezembro,
Data Magna do Sertão.
Salve Exu tão venerado.
Salve doze, ano sagrado.
Salve, ó dia que trouxeste
Para o povo brasileiro
Gonzagão, o verdadeiro
Embaixador do Nordeste.

Salve o Baião, salve o Xote,
Salve o Coco e o Xaxado.
Salve o fole de oito baixos
Pelo velho pai tocado.
Salve o povo nordestino,
Conselheiro e Virgulino,
Santana e Seu Januário,
O Padim Ciço Romão,
Salve, salve Gonzagão,
Por este seu centenário.

Gonzaga do Nascimento,
Luiz de Santa Luzia,
Nosso Rei iluminado
Nasceu neste santo dia.
A carreira desse artista
Foi brilhante qual a vista
Da própria Luzia Santa.
É mês também de Jesus,
Por isso em tudo tem luz
Que Luiz Gonzaga canta.

O Nordeste está em festa,
Todo o Brasil comemora.
É centenário de Lua,
O Baião sorri e chora.
Repentistas violeiros,
Cantadores e vaqueiros,
Artistas do nosso povo,
Juntos, numa sinfonia
Dão vivas para este dia:
Gonzagão nasce de novo,

Para cantar mais cem anos
No meio da nossa gente,
Vivo sempre na memória,
No coração de quem sente
Amor por este Nordeste
Que tu, Gonzaga, fizeste
Ser mais rico e mais feliz,
Mais alegre e colorido
E bem mais reconhecido
Pelo resto do País.

Assum Preto, mesmo cego,
Hoje canta sem parar,
A Acauã, neste dia,
Já não pára de cantar.
Rolinha Fogo Pagou
Com Sabiá se juntou,
Veio o Pássaro Carão...
Toda voz hoje se solta,
Asa Branca também volta
E canta pra Gonzagão.

A Carimbamba encantada
Também faz a sua festa.
A Mãe-da-lua dolente
Pra Gonzaga faz seresta.
Azulão e Bacurau,
Juriti, João-corta-pau,
A Peitica e a Sururina,
Hoje cedo se levantam,
Em concerto todos cantam
Pra maior voz nordestina.

Estradas, rios e matas,
Pra Luiz cantam também.
Há uma salva de apito
Vinda lá do velho trem.
Tem cordel lido na feira,
Tem Samarica Parteira
Tem rabeca e tem viola.
Dentro da programação
Tem até competição
De Siri jogando bola.

Cego Aderaldo, no céu,
Com Zé Dantas, compõe hino;
Humberto Teixeira escreve
Junto com Zé Marcolino.
D. Helena se avizinha
Para assistir Gonzaguinha
Num solo emocionante...
E o céu se descontrai
Quando ele canta com o pai
"A vida do viajante".

Vem Coronel Ludugero
Mais o Jackson do Pandeiro.
Vem o Noca mais Julinho
Ary Lobo forrozeiro.
Padre Vieira, também,
Filosófico lá vem,
Junto com Frei Damião.
Crentes, ateus e profanos,
Todos festejam cem anos
Do nosso Rei do Baião.

Aqui na terra, a Jurema,
O Pau d'Arco, o Umbuzeiro,
Somam seu perfume e cores
Ao verde do Juazeiro.
Trazendo seu relinchar,
Vem também comemorar
O Jumento nosso irmão.
E todos, num só cenário,
Dão vivas ao centenário
De Luiz, Rei do Baião.

Gonzagão do Pernambuco,
Gonzagão do Ceará,
Gonzagão das Alagoas,
Rio de Janeiro e Pará,
De São Paulo e da Bahia,
Gonzagão de simpatia,
De sentimento profundo,
Gonzagão lá do estrangeiro,
Gonzagão tão brasileiro,
Gonzagão de todo mundo.

Gonzagão de Januário,
Gonzagão Rei Majestade,
Monarca cuja coroa
Foi sua simplicidade.
O Gonzagão que hoje é cem
E cem por cento também
Artista gênio do povo,
Com a voz e a sanfona,
Hoje e sempre emociona,
Com seu canto belo e novo.

Todo inverno bom de safra
E toda seca inclemente
Foram pelo velho Lua
Decantados vivamente.
Na tristeza e na alegria,
Seu canto é sabedoria,
Por isso Luiz Gonzaga
No tempo não tem limite,
Seu nome é sempre um convite
Vivo que jamais se apaga.

Não convém qualquer requinte
Para louvar Gonzagão,
Porque seu nome já rima
Com a rima do sertão.
E aqui no meu Ceará
Gonzagão sempre estará
Com a gente andando a pé,
Junto a Humberto Teixeira,
Cantando em noite fagueira
A “Estrada do Canindé”.

Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, morreu no dia dois de agosto de 1989.


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