DORMIR POUCO, UM DOS
GRANDES MALES MODERNOS
Falta de sono é tema de série de
artigos especiais publicada pela revista “Nature” desta semana
Cesar Baima
RIO - O advento e popularização
da luz elétrica a partir do século XIX fez a Humanidade dormir cada vez menos.
A iluminação artificial e a contante exposição à luz após o anoitecer provocam
alterações em nossos relógios biológicos cujos mecanismos apenas começamos a
entender, assim como os males trazidos pela falta de sono. Em uma série de
artigos especiais publicados na sua edição desta semana, a revista “Nature”
traz algumas das mais recentes descobertas sobre o assunto, que alguns
especialistas já consideram uma das grandes doenças da modernidade.
Apontado como uma das maiores
autoridades mundiais em estudos do sono, Charles Czeisler, da Escola de
Medicina de Harvard, defende mais pesquisas para investigar os impactos
biológicos da iluminação artificial, além de tecnologias que diminuam o
problema. Ele explica que, ao longo de milênios, estruturas nos olhos e
cérebros trabalharam em conjunto para regular nossos relógios biológicos, cujos
“despertadores” são paradoxalmente mais ativos no fim do dia do que no começo.
Historicamente, tal característica fornecia uma dose extra de energia para
aguentarmos de pé até o anoitecer, mas a exposição à luz depois do pôr do sol
proporcionada pela iluminação artificial acaba por enviar sinais contraditórios
ao sistema nervoso central, que assim adia seu “alarme” tardio e o início da
produção de melatonina, o hormônio do sono.
“Como resultado, muitas pessoas
ainda estão checando seus e-mails, fazendo deveres de casa ou assistindo TV à
meia-noite, sem a mínima percepção de que já está no meio da noite solar”,
escreve. “A tecnologia conseguiu efetivamente nos desconectar do dia natural de
24 horas para o qual nossos corpos evoluíram, levando-nos para a cama mais
tarde. E usamos cafeína de manhã para levantar tão cedo quanto sempre
levantamos, espremendo o sono”. Segundo Czeisler, hoje 30% dos americanos
empregados dormem menos de seis horas por noite, contra menos de 3% apenas 50
anos atrás. Mas não são só os adultos que sofrem. As crianças estão dormindo em
média 1,2 hora a menos do que há um século, e como elas reagem à falta de sono
ficando hiperativas e com dificuldades de concentração, muitas vezes acabam
erroneamente diagnosticadas como sofrendo de Transtorno do Déficit de Atenção
com Hiperatividade (TDAH).
Czeisler alerta ainda que a
determinação de alguns governos de proibir a venda de lâmpadas incandescentes
em prol de outras mais energeticamente eficientes e a proliferação de TVs e
telas de computador planas, tablets e outros aparelhos eletrônicos estão nos
expondo cada vez mais aos chamados diodos emissores de luz (LEDs). E estas
fontes são mais ricas em luz azul, cujo comprimento de onda mais curto causa
perturbações maiores em nossos ciclos circadianos de sono e despertar.
Fonte: http://glo.bo/12xmKa3
Notícia publicada em 23/05/13 - 6h00Atualizada em
22/05/13 - 20h34 Impressa em 23/05/13 - 12h26
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