terça-feira, 21 de junho de 2011

AINDA SOBRE DOAÇÃO DE SANGUE...

Papai

Meu pai foi se submeter à transfusão de sangue ontem e hoje. Ele está precisando desse procedimento todos os meses. E fazia exatos 30 dias que ele havia feito uma e a hemoglobina dele baixou para 6,9, quando o normal deveria ser 12 ou 13, mas por causa do câncer da medula a dele chega, no máximo, a 10 e isso após a transfusão, para depois o maldito CA começar a comer tudo de novo e ele precisar de sangue novamente.

Vocês não imaginam o sofrimento dele. Domingo à noite, na hora do jantar, quando a gente já vislumbrava essa necessidade, pois no sábado teve uma tontura muito grande e quase caiu, ele chorou muito, dizendo que reza muito para Deus, mas Ele não o escuta. Que as pessoas tomam sangue e ficam boas, mas ele não. Nessas horas explico, de novo, a gravidade da situação e que o CA dele não tem cura, mas ele parece não entender bem.

Ontem, quando trouxe o enfermeiro para colher o sangue dele em casa, ele chorou novamente e à tarde, depois do péssimo resultado do hemograma, fomos para o Hemocentro. Ele vai para lá com muito pesar, pois é ruim passar 3 a 4 horas deitado e porque sabe que está pior.

O melhor de tudo, no entanto, é que, quando ele toma a primeira bolsa de sangue, já melhora. A cor do rosto e das mãos, que ficam esverdeadas, já volta para o quase normal do rosa. O ânimo também melhora.

Tudo isso é para dizer a importância que o sangue tem na nossa vida. Sem sangue, não há vida, mas é muito difícil conseguir um doador.

No mês passado fiz um pedido de sangue para papai (devia 7 doadores ao Hemocentro) nas listas de discussão das quais participo aqui em João Pessoa. Esse apelo foi replicado para outras listas e outras pessoas e creio que cerca de umas 300 leram o pedido. Vocês sabem quantas pessoas doaram sangue para o meu pai? UMA!!! Isso mesmo, uma pessoa, no meio de tanta gente. Um rapaz de BSB me escreveu dizendo que ele e outros amigos também doariam, mas ele não havia percebido que era aqui em JP que eu precisava do sangue e essa boa vontade não adiantou, infelizmente.

Ontem me deram um panfleto lindo lá no Hemocentro, de uma campanha para doação de sangue do ano passado, que eu escaneei e coloquei na postagem anterior para todos lerem, além do link para o vídeo dessa campanha http://www.youtube.com/watch?v=kSG7V8E6G5k&NR=1. O site que é citado no panfleto http://www.facaalguemnascerdenovo.com.br, não está ativo, pois não consegui encontrar. 

E sabem quando eu me conscientizei para ser uma doadora de sangue? Quando a minha mãe precisou, há vinte anos, quando estava toda entubada na UTI de um hospital. Eu fui ao Hemope no Recife buscar o sangue e as pessoas de lá me trataram tão bem, mas tão bem, vendo o meu desespero, que não tenho palavras para agradecer a todas elas. Desse dia em diante passei a ser doadora e o meu sangue é raro, A negativo. Minha mãe foi a óbito no dia seguinte e nem precisou do sangue. E conto a vocês como me tornei doadora para ilustrar que a gente só vê o valor e a necessidade das coisas, quando precisa. Hoje não posso mais doar, pois tirei a tireoide em 1999 e, como necessito tomar o hormônio da tireoide para o resto da vida, não posso doar.

Eu preciso de 4 doadores para repor o sangue que meu pai tomou: 2 do mês passado e 2 deste mês. Os outros que devia, eu consegui com parentes e amigos de parentes e essas pessoas só poderão doar novamente daqui a 3, 4 meses, mas não sei se e quando conseguirei mais doadores. E ele precisará de mais sangue no próximo mês e nos subsequentes e vai ser outra luta para arranjar doadores.

E fico me perguntando do que as pessoas saudáveis têm medo para não fazerem o gesto de grandeza que é doar sangue. Só posso imaginar que seja medo. Doar sangue não custa nada, não demora quase nada e a picada da agulha doi muito pouco, mas é difícil...

Fátima Vieira

2 comentários:

Anônimo disse...

Li o que escreveu, e sinto muito pelo seu pai, o meu é velhinho como o seu e sei o quanto ele vale para mim.
Não sei se vai servir a minha opinião para vc, mas aqui na minha cidade quando precisa-se de sangue e não tem parente ou amigo doador, vai-se aos quartéis e ao corpo de bombeiros que eles doam com a maior presteza.
Sinceramente espero melhoras para seu pai

Fatita Vieira disse...

Agradeço a visita, a solidariedade, a dica e o desejo de melhoras para o meu pai.