terça-feira, 28 de dezembro de 2010

AH! OS RELÓGIOS













Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira –
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida –
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível

Um comentário:

Jonas de Carvalho disse...

Quintana algumas vezes falou sobre as limitações da palavras como forma de expressão de pensamentos. Mas mesmo assim como sabia usa-las!!

Grande abraço Fatita e seja bem vinda ao Deu Sauva no Jardim