Bandeira do Brasil, criação fotográfica de Culiculicz |
O IPIRANGA E O 7 DE SETEMBRO
Bernardo Guimarães
A José Bonifácio
I
Salve, Ipiranga, glorioso ninho,
Donde expandindo os vôos altaneiros
No espaço por insólito caminho
O gênio tutelar dos brasileiros
De cativeiro atroz, rude e mesquinho
Quebrou sem custo os elos derradeiros.
Salve, Ipiranga!... hoje a posteridade
Já te sagrou - Altar da Liberdade!
Donde expandindo os vôos altaneiros
No espaço por insólito caminho
O gênio tutelar dos brasileiros
De cativeiro atroz, rude e mesquinho
Quebrou sem custo os elos derradeiros.
Salve, Ipiranga!... hoje a posteridade
Já te sagrou - Altar da Liberdade!
II
Salve, imortal colina sacrossanta!
Três vezes salve, encosta vicejante,
Tu, que ouviste da válida garganta
Irromper o bramido do gigante,
Que contra seus tiranos se levanta!...
Em ti ergueu-se eterna e rutilante
Da Independência a aurora prazenteira
A se expandir na terra brasileira.
Três vezes salve, encosta vicejante,
Tu, que ouviste da válida garganta
Irromper o bramido do gigante,
Que contra seus tiranos se levanta!...
Em ti ergueu-se eterna e rutilante
Da Independência a aurora prazenteira
A se expandir na terra brasileira.
III
Erga-se em ti soberbo monumento,
Em que se exalce - nacional Paládio -
Da liberdade o vulto em bronzeo assento,
Não empunhando sanguinoso gládio,
Mas sim co'a palma, o símbolo incruento,
Nos apontando o glorioso estádio,
Onde ela veio ao tropical gigante
Abrir as sendas de porvir brilhante.
Em que se exalce - nacional Paládio -
Da liberdade o vulto em bronzeo assento,
Não empunhando sanguinoso gládio,
Mas sim co'a palma, o símbolo incruento,
Nos apontando o glorioso estádio,
Onde ela veio ao tropical gigante
Abrir as sendas de porvir brilhante.
IV
Desse tranqüilo berço a liberdade
Surgiu sorrindo à pátria brasileira;
Do vasto solo em toda a imensidade
Se propagou a nova lisonjeira,
Com luz de celeste claridade,
Que num momento invade a terra inteira,
E quase por encanto um novo império
Se ergue de Colombo no hemisfério.
Surgiu sorrindo à pátria brasileira;
Do vasto solo em toda a imensidade
Se propagou a nova lisonjeira,
Com luz de celeste claridade,
Que num momento invade a terra inteira,
E quase por encanto um novo império
Se ergue de Colombo no hemisfério.
V
Sim, foi ali, nos visos de um outeiro,
A cuja falda plácido desliza
Lambendo a areia plácido ribeiro,
Por onde brinca sussurrando a brisa
A farfalhar nos leques do coqueiro,
Em campo, que de flores se matiza
À luz de um sol, que purpureia os montes
Inundando serenos horizontes;
A cuja falda plácido desliza
Lambendo a areia plácido ribeiro,
Por onde brinca sussurrando a brisa
A farfalhar nos leques do coqueiro,
Em campo, que de flores se matiza
À luz de um sol, que purpureia os montes
Inundando serenos horizontes;
VI
Foi lá no seio de um recesso ameno,
Em face da festiva natureza,
E não da guerra ao carrancudo aceno,
Ao troar dos canhões em luta acesa,
Que um herói com altivo olhar sereno
Afrontando dos fados a incerteza,
Aos ecos do Brasil de sul a norte
Soltou o brado - Independência ou morte!
Em face da festiva natureza,
E não da guerra ao carrancudo aceno,
Ao troar dos canhões em luta acesa,
Que um herói com altivo olhar sereno
Afrontando dos fados a incerteza,
Aos ecos do Brasil de sul a norte
Soltou o brado - Independência ou morte!
VII
E o eco entre clamores de alegria
Vai retumbando do Oiapoque ao Prata,
Des dos topes da erguida serrania
Té às profundas solidões da mata;
E como por si mesma, em um só dia
Da escravidão a algema se desata,
E sem luta, sem dor, sem comoção
Quebra-se um jugo, e surge uma nação.
Vai retumbando do Oiapoque ao Prata,
Des dos topes da erguida serrania
Té às profundas solidões da mata;
E como por si mesma, em um só dia
Da escravidão a algema se desata,
E sem luta, sem dor, sem comoção
Quebra-se um jugo, e surge uma nação.
Ouro Preto, setembro de 1882.
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